Capítulo XXXIII

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Capítulo 33

DIA 1° DE JULHO

ROBIN: Regina! Já falamos sobre esse
assunto.—Os olhos azuis encontravam-se tempestuosos,Regina viu um fio de irritação neles.—Tu não irás.

REGINA:Mas,Robin,isso não é justo.Eu...

ROBIN:É perigoso.—Sentou-se na cama e olhou para fora da barraca, perguntando-se se ela desistiria daquela ideia.

REGINA:Não uses essa desculpa.Não há outro motivo para eu não ir.

Ele soltou um riso sarcástico.

ROBIN:Caso não tenha percebido, há cartazes estampados com o seu rosto.Todo o reino está a procura de ti.Aqui não é Sherwood,Regina,estamos na Floresta Encantada.Quer algo mais convincente do que isso?Tu não irás!

Ela olhou além da entrada da barraca,como ele,e mirou as extensas árvores.Lembrou-se do dia,na semana passada,em que vira aquelas árvores.Sabia no mesmo instante que estava perto da Floresta Encantada,aquilo lhe provocou arrepios.Voltar àquele local fazia brotar lembranças,as quais pretendia esquecer.

Já haviam percorrido toda a trajetória que ia em direção ao sul,agora estavam na fronteira entre o Reino de Leão e o da F. Encantada;seguindo para o Oeste.

Robin iria assaltar uma caravana e toda esta discussão girava em torno da ida dela.Embora todo este perigo iminente,ela queria atrever-se.

REGINA:Eu sei manusear o arco bem o suficiente para me proteger.Dê-me essa chance de ir convosco esta noite.

Ele se pôs de pé e pegou seu arco.

ROBIN:Já está na hora de ir.Todos devem estar me esperando,esta discussão já durou tempo demais.—Ele pousou sua mão no rosto dela.—Logo estarei de volta.

Ele saiu do recinto.Regina escutou um farfalhar de vozes,seguidos por galopes.Ele se fora.

Ela vasculhou a cabana a procura de uma capa.Ela não ficaria ali.Sua mente trabalhou rapidamente em um plano.Havia um único problema;não sabia o que iria assaltar.Deu de ombros.Pensaria nisto no caminho.Puxou uma capa preta,largada no fundo do baú, e a prendeu em torno do pescoço.

Preencheu sua aljava de flechas e seu coração de coragem.

(...)

Seu peito descia e subia em um ritmo desarmônico.Estava fitando por muito tempo o interior daquela taberna.Não sabia ao certo se a respiração descompassada era em virtude do medo ou do trajeto até o centro do reino.O caminho fora mais fatigante do que esperava.Embora estivesse a cavalo,precisava,com demasiada rapidez, desviar de árvores,pedras e galhos que projetavam-se em sua direção.A base de suas costas estavam doloridas pelas horas que cavalgara.No entanto, não ligava para isso.Todo o seu foco estava naquele seu primeiro assalto.

Por um segundo,se viu dando meia volta e indo embora.E se ela se machucasse? Balançou a cabeça e praguejou.A taberna estava praticamente vazia, ninguém iria lhe fazer mal.Ergueu-se.Atravessou o portal e adentrou na taberna pouco iluminada.Observou a mesa no canto direito do local,era a única ocupada.Havia nela seis homens.

O lugar era pequeno e com poucas janelas.O cheiro de suor e de comida estragada empregnavam o ar.Seu estômago embrulhou e ela sentiu o gosto da bile.Expirou fundo,e concentrou-se.Regina levantou o arco e mirou o balconista.O rosto dele adquiriu uma cor pálida,como o pano que segurava.

X:O que queres?—Sua voz era trêmula.

Ela ficou em silêncio,fitando o semblante assustado de todos os homens.

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