Capítulo 18
ROBIN:Olhe para mim,Regina. –ela não o atendeu –Eu sinto muito.
REGINA:Eu não quero seu arrependimento,Locksley,muito menos suas desculpas.
Então fechou a porta.
(...)
Anoiteceu e Robin continuava a pensar no que Regina tinha lhe dito.Entendia a raiva dela.Passos ecoaram pela casa.Regina desceu a escada e foi para a cozinha,Roland a seguiu.Presumi que estava com fome.
Regina...
Eu tinha a impressão que estava sendo muito dura Locksley,mas quando fiz menção de pegar uma panela no alto do armário e senti uma dor excruciante no braço,percebi que ele merecia minha fúria.
Foi neste momento que Locksley surgiu para segurar as panelas que iam cair.Peguei os sutensílios de sua mão,nitidamente irritada.Eu não gostava de depender dele.
Eu e Roland sentamos à mesa comendo o resto da sopa do dia anterior.
ROLAND:Sente conosco,papa.
Ele pareceu estar esperando por esse comentário,pois já tinha o prato pronto em sua mão.Em um piscar de olhos ele estava sentado em minha frente me observando enquanto dava uma colherada.Ele me fitava,analisando cada movimento.Dando atenção extra aos braços.Isso me deixou constrangida.Então apenas mantive a expressão vazia enquanto comia.
(...)
11 DE MAIO
A luz sufocada de uma manhã nublado acabou me acordando.Fiquei deitada.Eu rolei de lado,esperando que o sono voltasse.E neste ato vi Locksley recostado na parede.
Levantei assustada.
REGINA:O que estas fazendo aqui?
ROBIN:Eu quero ver o seu braço.
REGINA:O que?Não
ROBIN:Me mostre,Regina.
REGINA:Não,por que quer ver?
ROBIN:Ontem a noite eu vi como teve dificuldade em pegar aquela panela.Me mostre.
REGINA:Vá dormir,Locksley.
ROBIN:Já é bem tarde.
REGINA:Que horas são?
ROBIN:São 11:00 da manhã,Roland já foi até para a escola.
Bufei,não esperava que fosse tão tarde.
REGINA:Vá embora.
ROBIN:Não sairei daqui até ver o seu braço.
REGINA:Então é melhor esperar sentado.
Robin começou a bater o pé no assoalho num ritmo irritante.
REGINA:Pare com esse barulho.
ROBIN:Então me deixe ver.
REGINA:Tu é completamente irritante.
ROBIN:Tanto faz.Agora,deixe eu ver
O ignorei.
ROBIN:Eu trouxe um remédio.
Isso chamou minha atenção era tudo o que eu queria.Ele tirou do bolso um potinho.Sentei na cama e estendi a mão.
ROBIN:Não não.Eu quero ver antes.
Revirei os olhos.
REGINA:Ta bom,Locksley.
Ele veio em minha direção.
ROBIN:Posso me sentar?
Dei de ombros.
Afrouxei um pouco o cadarço da parte frontal do vestido.Deixando primeiramente minha clavícula e posteriormente meu ombro esquerdo descoberto.Ele puxou mais para baixo revelando os roxos na pele branca do meu braço.Ele pareceu surpreso.
ROBIN:Regina...
REGINA:Apenas passe a droga da pomada –interrompi .
Ele passou o remédio cuidadosamente sobre o machucado,fazendo movimentos circulares.Quando acabou,levantou a manga de volta ao seu lugar.Mudou de posição na cama e desceu a do braço direito.Tudo muito vagarosamente.
Regina fechou os olhos ao sentir o toque de seus dedos em seu braço novamente..Ela também sentia as bochechas queimarem.Do canto do olho,pode ver um sorrisinho no rosto dele.Com certeza percebeu que ela tinha corado ao ser tocada.
Se xingou por isso.
ROBIN:Eu que fiz essa pomada –disse tentando acabar com a tensão do momento.Mesmo que ele estivesse gostando de ver Regina corada.
REGINA:Tu tens muitos dons.Há coisas que são inesperadas de pessoas como tu.-disse em um tom acusatório –As vezes me surpreendo com o que faz.
ROBIN:Me desculpa por ter te machucado.
REGINA:Já acabou de passar esse negócio? –mudou de assunto.
ROBIN:Sim.
Voltei a amarrar o cadarço do vestido rapidamente e desci para fazer minha refeição.Robin permaneceu sentado em minha cama,com um semblante triste.
(...)
Eu estava sentada a mesa quando Locksley me avisou que iria sair.Dei de ombros.Não me importava com o que ele fazia ou para onde ia.Ou pelo menos tentava não me importar.
ROBIN:Não irei demorar –avisou.
Ele saiu da casa e bateu a porta ruidosamente,mas não a trancou.
Me perguntei como Robin ainda confiava em mim.Eu não queria ter sua confiança,nem sua atenção.Eu não queria mais saber de Robin.Eu queria odiá-lo.Odiá-lo por que seria mais fácil.
Se eu não me importasse com Robin eu fugiria agora mesmo.A porta estava destrancada,me convidando para a liberdade.Mas eu não odiava Robin.Eu me preocupava com ele.Não queria que André o machucasse.
Embora eu me importasse,ainda estava magoada e com raiva por ele ter me machucado.Eu sei que ele pediu desculpa,mas o que ele fez foi horrível.Se eu o desculpasse quanto tempo demoraria para ele me machucar de novo.
Não.Ele não faria isso.Expulsei esses pensamentos da minha mente.Ele não é desse jeito.
Olhei para a minha caneca ainda cheia de chá.Eu precisa de alguma coisa mais forte.
Levantei e fui até a cozinha.Abri todos os armários a procura de uma bebida.Sem sucesso.Segui para a dispensa,mas novamente não encontrei nada.Tinha que haver uma bebida naquela casa.Então fui em direção ao quarto de Robin.
Eu torcia para que ele demorasse.Mas ele avisou que não demoraria.Ignorei esse pensamento e abri a porta.Atravessei o quarto e abri as cortinas.O lugar se encheu da luz do sol,me possibilitando enxergar cada canto daquele cômodo.O lençol estava perfeitamente estendido e nenhum objeto parecia estar fora do lugar.
Olhei ao máximo o quarto tentando memorizar o lugar de cada coisa para que Robin não descobrisse que eu tinha estado ali.
Procurei nas cabeceiras.Havia apenas papéis.Me abaixei para olhar de baixo da cama.Nunca se sabe onde homens escondem suas coisas.Mas não havia nada além de sapatos e poeira.
O tempo estava passando.
Só restava o quarda-roupa.No exato momento em que o abri o cheiro de Robin se instalou o lugar.
Passei a mão delicadamente sobre as suas roupas e em seguida vasculhei os bolsos de cada peça.Não encontrei nada,novamente.
Abri a primeira gaveta.Só havia meias,mas nada de uma bebida.
Abri a segunda gaveta.Minhas bochechas ruborizaram.Eu não devia estar mexendo ali.
ROBIN:Então tu gostas de bisbilhotar minhas cuecas? –falou ao surgir repentinamente no quarto.
Minhas bochechas ficaram ainda mais vermelhas.O que eu faria agora?
Continua...
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Púrpura Régia
RandomNão há nada mais detestável no futuro que sua incerteza típica.São as coisas fruto de uma mera coincidência ou ao final, há sempre alguém por traz de tudo? Regina estava sendo perseguida,sua vida parecia estar desmoronando. Robin tinha um segredo,e...