Capítulo Seis
Os Arautos da Noite
No Hemisfério Sul, à noite já tinha estendido o seu manto gelado sobre a terra quando um avião de carga do governo americano a serviço das Nações Unidas começou a fazer um vôo de reconhecimento em um ponto específico do Deserto Oeste, na Austrália.
O avião fazia um vôo baixo e silencioso sobre as dunas, guiado apenas por instrumentos, pois inexplicavelmente naquele ponto do deserto, à noite parecia estar mais escura que de costume. Quando o piloto se certificou que em solo estava tudo sob controle e recebeu as coordenadas de pouso, iniciou a descida em uma pista previamente improvisada.
O piloto, assim como todos os membros da tripulação, estava sob forte pressão emocional.
Longe de suas famílias, desconectados a um mês de seus amigos, mas esperavam terminarem sua missão e receberem permissão de voltarem para suas casas.
Vários outros pousos semelhantes começaram a chegar a intervalos cada vez menores entre eles. Após o sucesso dos primeiros e contando com um forte esquema de proteção, aeronaves de todos os cantos do planeta começaram a chegar; intensificando o tráfego aéreo no local.
Nas laterais da pista, vários caminhões de carga receberam autorização para estacionar. Soldados armados isolaram o perímetro e instalaram grandes projetores que iluminaram a noite fria do Deserto Oeste.
A luz que o exército projetava diretamente nas areias podia ser vista a mais de 30 quilômetros de distância de tão fortes que eram. Essa medida teve um efeito positivo na moral dos soldados, pois cada membro da equipe de segurança tinha ordens expressas para atirar em qualquer um ou qualquer coisa que se aproximasse da preciosa carga ou se movesse nos arredores.
Toda aquela operação noturna teve sua eficácia questionada dias antes, nas principais agências internacionais de segurança, pois além do fator noite, o frio do deserto era um desafio para os componentes eletrônicos que conservavam o conteúdo dos contêineres e dos instrumentos das aeronaves.
Dois aviões menores desembarcaram cientistas de várias nacionalidades e técnicos operacionais que rapidamente entraram em veículos especiais e desaparecem na escuridão das dunas; entre eles desceu um que se destacou por sua postura diante dos outros comandantes e até mesmo diante do secretário de defesa australiano que acompanhava tudo de seu gabinete improvisado, com seu charuto e seu copo de wisk na mão.
A curiosa figura do secretário de defesa australiano assumira para si a voz de comando, embora fosse um tipo de homem frágil de caráter, talvez por reconhecer suas limitações. Para conseguir executar as tarefas mais complexas, o Doutor delegava aos mais próximos a responsabilidade sobre cada detalhe da operação.
Ele raramente sorria ao cumprimentar os recém-chegados, sua rigidez tinha um propósito e deixava isso muito claro. O secretário era acompanhado de perto por outro tipo enigmático e não tão afeito a excessos quanto ele, o Doutor.
O Doutor sempre foi um sujeito que demonstrava uma fixação pelo terno preto que usava e trazia consigo um lenço cinza que passava na superfície do tecido sempre que algum tipo de impureza repousava sobre suas fibras. Agora, a carga sob os seus cuidados e de seus homens tornava-se pouco a pouco sua prioridade.
A despeito das histórias sobre o Doutor serem ou não verdadeiras o fato é que os soldados o respeitavam; confiavam suas vidas a ele e a mais ninguém.
O Doutor esforçava-se em mostrar aos soldados e aos técnicos presentes que ele realmente estava no controle de tudo e apenas com um olhar conseguia dobrar até o mais insubordinado dos militares. Uns o respeitavam outros tinham medo dele.
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OMNIA - Saga dos Três Mundos Livro I
RomanceKimberly não nasceu para ter uma vida extraordinária e como qualquer garota da sua idade deveria se preocupar com roupas, cabelos e meninos. Pelo menos, foi o que ela ouviu ao longo da sua vida. Só que existem forças sobrenaturais moldando o destino...