3. lembranças

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Quando uma pessoa morre, ela deixa uma parte dela viva em nós.
Você foi a parte que ela deixou pra mim..

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Flash back

Bailey.

Setembro 2014.

tem certeza de que esta bem filha?- mamãe pergunta do lado de fora do banheiro.

Apoiei as mãos na pia e respirei fundo sentindo outra onda de enjôo.

— estou.- menti.

Olhei no espelho e tive vontade de vomitar só de ver minha aparência.
Eu estava verde, e suava horrores.
Minha testa estava oleosa, e minha boca com um gosto estranho.
Decidi lavar o rosto, e sair.
Abri a porta e dei de cara com ela me esperando, sua cara era uma mistura de preocupação e espanto.

Provavelmente porque nunca me viu correr assim para o banheiro no meio do jantar.
Ela tinha feito lasanha.

— eu estou bem..- reafirmei.

Ela me olhou estranho, e então acreditou.
Nós voltamos para a mesa, e só de sentir o cheiro do molho eu quis sair correndo de novo.
Entortei o nariz, e me obriguei a comer.
Enquanto servia meu prato, ela me olhava ainda desconfiada e então acabou perguntando.

— filha..tem algo que você queira me dizer?

Parei com o garfo a centímetros da boca e olhei pra ela.

— an?

— você tem agido de forma estranha ultimamente.. Com surtos alimentares, ansiedade... E também esta mais sensível que o de costume.- ela comenta.

— devo estar perto de menstruar..- dei de ombros e lancei o garfo a dentro.

Cinco segundos depois, ela ainda me encarava e eu estava com a mandíbula travada tentando engolir aquela comida intragável.
Ate que não aguentei mais e levantei apressada e corri para o banheiro.
Ela me seguiu e assistiu a cena de horror na porta aberta.

Eu praticamente enfiava a cabeça toda dentro da privada tentando eliminar a comida horrorosa da minha boca.
Quando acabei, caí sentada exausta e olhei pra ela ainda me sentindo mole.
Ela cruzou os braços e me encarou séria, desviei o olhar dela e suspirei alto.
Não havia oque negar mais, eu ja desconfiava a alguns dias mas ainda não tinha certeza.
Pelo menos não ate agora.
Olhei pra ela finalmente e confessei.

— mãe eu acho que to grávida.

..........

9 meses depois.

15 de maio de 2015

— força! - a enfermeira berra pra mim.

— vamos querida...você precisa fazer mais um esforço... senão a bebê não vai sair..- mamãe segura minha mão firme.

Eu me sentia fraca, não conseguia manter meus olhos abertos e parecia que ia desmaiar a qualquer momento.
Mas me lembrei do primeiro ultrassom, de quando soube que era uma menininha e principalmente quando ganhei meu primeiro vestidinho, e foi justamente isso que me deu forças para continuar.
Travei a mandíbula e forcei o quadril ate não sentir mais minhas pernas, e quando caí para trás exausta ouvi finalmente o chorinho dela.

Um pai para CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora