Prólogo

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Bem-vindos a Ur, de novo! Já estava ansioso para mostrar o que tem acontecido. Aconteceram mais coisas, com certeza, mas não vou estragar a surpresa. Podem ler.
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Dentre todos, o escolhido fora George. Se orgulhava de ter construído várias coisas em Ur, mas nunca esperava ser o construtor responsável pelo Triângulo, a proteção de Ur contra o que viesse. O Rei Richard tinha feito um grande anuncio para todos os cidadãos, explicando quais eram suas intenções.

- A todos os meus fieis cidadãos de Ur. – O Rei entornava um copo de vinho – Agradeço a presença de todos e a preocupação geral por nossa segurança. Ur é um local maravilhoso, bem protegido, e tudo que eu desejo é que permaneça dessa maneira. Não venho aqui com nenhuma ideia mirabolante que sabemos que não vai dar certo. Ofereço algo simples e claro: O Triângulo Observador.
O rei estava no centro da cidade, no comércio local, onde sabia que todos os seus súditos estariam. Subiu ao palco onde geralmente aconteciam as peças infantis e tinha a rainha Helena ao seu lado. Ela olhava para todos com um sorriso no rosto que passava toda a segurança que Ur precisava. Qualquer coisa que saísse da boca de Richard, por mais ásperas que fossem as palavras, seriam suavizadas pelo sorriso real de Helena.
George estava presente no dia do discurso sobre o Triângulo, junto com todos os outros seus amigos que trabalhavam no centro, e nunca imaginou que no dia seguinte estaria recebendo o casal real em sua casa.
Sua mulher quase desmaiara quando vira os cavalos parando na frente da humilde casa e Tobias, um grandalhão chefe da guarda real, abrindo caminho e encarando a pobre mulher, paralisada na porta.
- O senhor George se encontra? – tinha uma voz grossa e áspera que assustava a pequena mulher.
- Ge..o..George. Sim, sim. Espere um pouco. – e entrou ás pressas.
Abordou George tremendo e o informou que o rei e rainha estavam na porta, o que George teve dificuldade de acreditar.
Quando chegou na pequena sala que tinha na casa, encontrou o grandalhão Tobias plantado na porta, tapando quase toda luz dentro da casa e Richard e Helena sentados ao sofá.
- Olá, senhor George, obrigada por nos receber. – falou a sorridente Helena para o descrente George.
- Eu que agradeço, minha senhora. Meu senhor. – e fez reverência aos reais.
- Não a necessidade de formalidades, George. – Richard se levantou e apertou sua mão. – Preciso de um homem esperto, experiente e talentoso para a criação do mais novo legado para nosso reinado. O senhor é o homem para essa posição, George?
George não acreditara que o rei de Ur estava na sua sala o pedindo para criar o Triângulo. Parecia algo tão grande e fora do alcance de George.
- Não seja modesto na resposta, George. – falara Helena. – Sabemos das suas capacidades.
- Meus Deuses... – e se sentou na cadeira mais próxima, deixando o rei de pé na sua frente. – Uma proposta dessas... quem podia negar?

Pouco tempo depois, George já se encontrava dominando o terreno de obras. Todos o tinham como chefe maior e nada acontecia sem o consentimento dele. O rei poucas vezes fora de fato visitar a construção, depois de algumas reuniões no Castelo Real, a rainha que vinha supervisionar o Triângulo. Muitas vezes só, onde cumprimentava todos, via como estavam as coisas e ia embora. Outras vezes, vinha acompanhada do Espadachim e do Conselheiro, que sempre estavam por perto para segurança da construção.
Charles, o arqueiro, conversava com um garoto na entrada da obra enquanto Zachary e Helena andavam lado observando a construção.
- O rei tem certeza sobre isso? – Zachary parecia sério.
- Ele tem, eu, nem tanto. – Helena respondia no mesmo tom. – Eu acho que isso é um chamado de guerra. Avisar a todos que estamos começando uma batalha antes mesmo do primeiro sinal de que ela existe.
- A senhora não acredita que há razão para tudo isso?
- Acreditar eu acredito... eu sei. Mas não sabemos quando os ataques começarão. Pode ser hoje, pode ser daqui a anos. Mas o Triângulo...
- É um chamado.
- Sim. Ou pode ser interpretado como um. Como vamos saber?

O reino estava em polvoroso. A vinda misteriosa do rei de Mura, Edgar, para o Castelo Real despertava muitas perguntas e ao mesmo tempo muita animação dos cidadãos de Ur. Grande parte estava esperando para o grande evento de recepção do rei. Muitos estavam a admirar o Mura Exploratória, navio real de Mura, que tinha ancorado no porto de Ur a poucas horas.
A construção seguia no mesmo ritmo. Rei Richard a queria finalizada o quanto mais cedo possível e não pensava duas vezes para aumentar o pagamento dos pedreiros.
George supervisionava a finalização da primeira torre do Triângulo quando escutou um barulho estranho vindo dos matos ao redor.
- Que diabos...
Como um animal, um homem em estado de sem-teto sai dos matos e corre em direção aos construtores.
O homem tinha um cabelo enorme e barba como se não a fizesse a anos.
- O rei... eu preciso falar com o rei.
- Quem é você, em nome dos Deuses?
- Eu sou Jonas Stone, o espadachim de Ur, e eu tenho o paradeiro de Anna, minha conselheira. Me leve ao rei.

O Veleiro Negro - As Crônicas de Ur IIOnde histórias criam vida. Descubra agora