Estrela de Papel

O Mundo de Carl

*18 dias depois*

Mesmo depois de tudo, as coisas continuam a mesma, não sei o que se passa por trás dessas paredes de metal, o Dr.Jack nunca mais veio, parece que tudo voltou a ser como antes.

A esse ponto eu já havia contado tudo, exatamente TUDO pro Carl, ele foi bem compreensivo mas disse que eu me arrisquei muito, mas ele não sabe o quanto isso significou pra mim, uma única vez me senti util pra alguém.

Por um momento eu achei que minha vida mudaria, achei que com todo o ocorrido algo seria diferente, mas não houve nenhuma mudança, continua tudo monótono, e aquela sensação de que um dia eu conseguiria olhar o mar com meus próprios olhos estava indo embora pouco a pouco. É como ganhar o mundo e perdê-lo em alguns instantes depois. agora, novamente voltei a ser apenas uma mera prisoneira.

Os dias demoram a se passar, eu converso com Carl, mas conforme o tempo passa vamos ficando sem assunto, afinal, nada acontece, nada muda. Então eu procuro ler, e destrair minha mente com as mais pequenas coisas, e nessas últimas horas tudo que eu tenho pensado é formas de sair daqui, afinal como disse Dr.Jack eu sou poderosa. mas é claro que a cada 10 pensamentos, 9 são sobre o que será daqui pra frente, como as coisas vão fluir, embora já se passará 18 dias e nada aconteceu... mas dentro de mim existe um anseio enorme de que as coisas vão mudar por aqui, mas enquanto isso ficarei com meus planos mirabolantes, mesmo que seja impossível de acontecer, sonhar é o que nos mantém vivos, certo?!

*Horas depois*

— Annie? o que está fazendo?

Carl me chama e eu logo respondo:

— Chega a ser engraçado, você fala como se eu realmente tivesse opção, como se realmente eu pudesse fazer algo.

Carl então riu sorrateiramente;

— Mas Annie, sabe de uma coisa? - Carl endagou com um suspiro profundo - As vezes eu me esqueço de que estou aqui, apesar de não poder enxergar, eu me vejo... me vejo em um mundo só meu, onde eu mesmo criei, isso me tira um pouco da realidade, me faz me sentir vivo por instantes.

Eu entendia tudo que o Carl estava dizendo, eu sei como é isso, mas mesmo assim fingi que não tinha noção do que estava acontecendo justamente pra Carl se abrir mais comigo e assim ter a minha confiança.

— Um mundo só seu? como assim Carl?

— Sim, eu deito fecho os meus olhos e viajo sem sair do lugar, então eu me sento na grama e a minha frente tem um mar gigante, atrás de mim existem pessoas felizes, mães com seus filhos no colo, tudo é perfeito. mas o que mais de encanta é o céu, eu olho pra ele e imagino as estrelas, assim como essa estrela de papel em minhas mãos, a esse ponto minha mente se liberta e meus olhos ganham vida, então eu digo a mim mesmo "Eu estou vivo" Annie... mesmo que seja passageiro, esses são os melhores momentos da minha vida.

Eu fico escutando Carl falar, é como se fossemos duas pessoas totalmente iguais, tudo que eu ouvi é como se fosse eu em um mundo paralelo.

— Carl, eu te entendo, acredite... mais que qualquer um nesse mundo. Nossa maior riqueza é o que está dentro de nós, nossa imaginação.

Carl e eu ficamos falando por horas e horas... parece que o assunto fluiu, afinal tocamos em um ponto delicado de que eu e ele sabiamos, e sentiamos igualmente o que se passava... o papo estava ótimo, mas de repente começaram estranhos barulhos, ficamos assustados como sempre... não sabiamos o que está acontecendo e não podiamos ver nada, apenas ouvir.

O barulho ficou mais intenso, parecia como se 2 ferros estivesem se colidindo e rangendo, é assustador mas é interessante, aquele barulho me deu algo pra fazer; tremer.