A visão

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Mal consegui dormir, estou tão empolgada que perdi o sono completamente, estou em dúvida... quero falar com o Carl, mas parece estar muito cedo, não quero parecer inconveniente.
Eu não tenho mais unhas, de tanta ansiedade... tenho tantas perguntas...

1 hora depois

 Hey, Carl, Carl, Carl, Carl Carl me responda vamos
você está aí? Carl, está dormindo? Carl, Carl, Carl vamos acorda! Carllll me responda!!

– O que foi Annie?!
Indagou como se tivesse irritado

 Dormiu bem?

 Não!

 Porque não?

– Porquê estou preso!

Olha eu sendo idiota de novo, com perguntas tão imbecis, tenho que aprender conversar mesmo sendo uma nômade anti-social literalmente falando.

 Carl, posso te fazer algumas perguntas?

 Não!

 Os balões voam ou não?

 Eu disse não e além disso eu não sei!

 Como não sabe, Carl, você viveu lá fora!

 Chega, não falarei sobre isso Annie.

não entendo porque ele foi tão arrogante... talvez seja porquê é tudo novo pra ele e eu tenho que compreender isso, não deve ser fácil pra ele, viveu tanto tempo la fora e agora está preso... pra sempre. acho melhor eu ficar na minha, até ele se sentir seguro pra falar comigo!

Por mais que eu tente, tudo que eu consigo pensar é nas respostas que o Carl pode me dar, eu vou me sentir viva pela primeira vez em muitos anos.

6 Horas depois

 Carl, me desculpe intrometer mas... porque está chorando?

 Como você sabe?
Falou com um tom de voz assustado
Eu não fiz barulhos e além de tudo você nem pode me ver, como sabia que eu estava chorando?

 Carl, eu sou como você esqueceu?

 Como eu?

 Sim, estou aqui pelos mesmos motivos que você, sou anormal quanto você, carl.

– Mas isso não responde o fato de você ter advinhado que eu estava chorando!

 Bobinho, eu posso sentir tudo que você sente, basta eu querer.

Carl ficou em silêncio por instantes;

– Annie?

– Sim?

– Seu poder é incrível!

– não vou agradecer.

 porquê?

 porque eu estou aqui por causa dele, se eu não o tivesse minha vida não estaria designada a morrer dentro de uma cela medíocre!

 Eu lamento... digo o mesmo!

 Qual seu poder Carl?

 Não sei!

 Como não sabe? você está aqui por isso, não é?

 Não entendo também, eu não tenho nenhum poder mas ainda estou aqui...

 Que estranho, provavelmente você não descobriu seu dom ainda!

 Deve ser!

 Carl, sou insistente, e a resposta dessa pergunta é importante pra mim, por favor me diz, o balão voa ou não? as árvores são que cor? existem carros voadores?

– Annie desculpe desaponta-la mas... eu não posso te responder!

– Responda, por favooor eu imploro, me faça sentir viva ao menos um instante.

 Já disse que não posso!

– Você é grosso, arrogante, Carl no começo você me trouxe felicidade por ser uma compania, mas estou começando a perceber que você não é como pensei! o que lhe custa responder algo tão simples? seu ignorante.

– Annie, se eu pudesse lhe responder... eu juro que faria isso!

 Porquê não pode?

 Sim, eu vivi la fora mas não vi nada, porque eu não posso ver.

 Como não pode ver? que idiotice!

– Eu sou cego Annie, isso basta pra você?

Eu senti pela primeira vez a sensação de estar subitamente sem pés, os meus olhos encheram de lágrimas e minhas pernas ficaram fracas, ao mesmo instante veio milhões de pensamentos, Carl não era diferente de mim, temos muito mais em comum do que eu mesma pensei, ambos nunca viram o mundo de fato, nossos caminhos são o mesmo, não tenho palavras, e de pensar em tudo que lhe disse, e não tinha coragem de voltar a falar com ele.

Estrela de PapelOnde histórias criam vida. Descubra agora