O fotógrafo e o Advogado. (1)

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  Era uma tarde fria, o céu estava cinzento, as pessoas passeavam perto do cais bem agasalhadas, o mar parecia mais calmo do que o normal, havia uma passarela de madeira, por onde poucas pessoas passavam, ela dava vista direto ao mar.

  Em cima dela, um homem não muito alto, usando um longo casaco marrom, botas pretas e luvas, olhava de forma melancólica para a água, enquanto o vento batia no rosto pálido e balançava o cabelo castanho claro, que já estava quase batendo no ombro pela falta de cortar, ao contrário da barba que estava bem feita, em cima da beleza de seu rosto estava um grande óculos quadrado.

  Alguém observava aquela cena completamente deslumbrado, o observador que era um fotógrafo, não pensou duas vezes antes de pegar sua câmera e fotografar aquela cena, uma só foto não foi suficiente, ele se aproximo um pouco e clicou, no mesmo momento o desconhecido encarou o fotógrafo, que muito ousado andou até ele.

- Desculpe o incomodo, mas essa paisagem é completamente deslumbrante.

  Afirmou o fotógrafo de olhos azul claro, cabelo negros e curtos, barba por fazer, alguns centímetros mais alto que o estranho que lhe despertará curiosidade, usando uma blusa de lã preta e calça jeans.

- Eu não diria deslumbrante, mas sim, melancólica. -disse o estranho.

- Depende do ponto de vista, sabe... se você olhar primeiro os espinhos de uma rosa, pode não gostar, mas ao ver suas pétalas, pode ficar encantado. -dizia o fotógrafo sorrindo e fazendo suas palavras parecerem poéticas.

- Esse é o tipo de coisa, que não vou esquecer com  facilidade. -o estranho começou a andar para esquerda.

- Eu espero não me esquecer disso também... adeus estanho.

  Aquele não poderia ser um adeus entre o fotógrafo e o mero desconhecido, que lhe encantará tanto.

Duas semanas depois...

  Em um escritório de advocacia que ficava no centro comercial de uma grande cidade, um advogado stressado por seus problemas pessoais e profissionais, tentava se concentrar nos papéis em cima de sua mesa, quando uma secretaria bateu na porta e o informou que um casal de clientes precisavam falar com ele.

  Alguns minutos depois, um senhor e uma senhora entraram na sala, eles se sentaram na frente do homem. O senhor de cabelos brancos usava um belo terno escuro e parecia calmo, já a senhora que tinha uma mexa de cabelo branco e usava um vestido preto, parecia nervosa.

- No que posso lhes ajudar? -perguntou o jovem advogado, colocando as mãos em cima da mesa.

- Nosso filho... -a senhora começou a falar. - Ele está sendo acusado de matar um homem, porém nós temos certeza de que ele não fez isso, nosso menino jamais mataria alguém!

  Ao ouvir as palavras da mulher o advogado pensou:"Aposto que é um jovem delinquente, mimado e que adora viver no limite, mas ficou encrencado e foi buscar desesperadamente a ajuda dos pais."

- O seu filho está preso? -perguntou pegando algumas folhas.

- Não haviam muitas provas contra ele, apesar dele ter sido encontrado no local do crime, por enquanto ele está solto. -respondeu o senhor se mantendo firme.

- Então posso saber por que ele não está aqui? -o advogado tirou o óculos quadrado do rosto e passou a mão no cabelo. - Afinal deveria ser o principal interessado em provar sua inocência.

- Ele deve ter se esquecido...

  Disse a senhora, o advogado logo voltou a seus pensamentos:"Que tipo de pessoa esquece uma coisa dessas?!" Foi quando alguém bateu na porta, um homem alto de olhos claros entrou, ele não era um completo estranho para o advogado.

- Desculpe o atraso, não conseguia encontra esse local... -o homem parou e encarou o advogado, logo ele começou a sorrir de forma maliciosa. - Não acredito, só pode ser o destino!

- Esse é nosso filho, Jorge Mello.

- Eu sou o Davi Eid. -O advogado estendeu a mão, Jorge dava um sorriso largo enquanto apertava a mão dele, como se a melhor coisa da terra tivesse lhe acontecido.

- É um imenso prazer finalmente descobrir seu nome.

  Davi se ajeitou na cadeira tentando não se mostrar constrangido, Jorge o encarava como se só estivessem os dois ali.

- Então, senhor Mello, pode me dizer o que aconteceu na noite do assassinato?

- Ah... eu não me lembro de muita coisa... -Jorge parecia confuso. - No dia sai com alguns amigos para uma praça, nós nos divertimos, fizemos um piquenique, mas em um momento eu decidi ir a um banheiro público, que não ficava muito longe, depois disso só me lembro de estar cheio de sangue ao lado do corpo de um homem que nunca vi na vida. -ele levantou as mangas da blusa e mostrou alguns ferimentos. - Não lembro como isso aconteceu... Na verdade, parte de minha vida é um grande branco...

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