Lembrete. (14)

228 31 0
                                    

  Jorge acabou saindo do hospital no mesmo dia, com seus pais e o irmão mais velho dando várias broncas no homem, todos foram para a casa dele, mas após alguns minutos de conversa, em um jantar animado, apenas Jorge e Davi ficaram na casa, o clima era agradável, apesar do silêncio perturbador, os dois não ousavam dizer nada, qualquer palavra poderia os levar a uma discussão, mas ninguém queria aquilo, cada um estava ciente do que acontecia.

- Davi... -Jorge se levantou do sofá e foi até o homem, que estava encostado no balcão, mesmo sem saber o que dizer, teve a ousadia de tentar. - Eu mato ele para você! -Davi acabou rindo.

- Vai matar quem?

- O Leonardo, você me defende no tribunal, para que eu tenha uma pena menor e fica me visitando enquanto estiver preso, quando eu sair vamos viver felizes em algum lugar.

- Como um adulto pode ter ideias tão idiotas? -Davi o encarou. - Você teria coragem de matar?

- Não... Mas se ele me irritar...

- Alguém que foi acusado de assassinato não deveria dizer essas coisas.

- Tudo bem, não mato ele, por enquanto... Mas então o que a gente faz? -Davi respirou fundo e abraçou Jorge, no fundo estava louco para chorar.

- Não sei... -afirmou com a voz trêmula, Jorge apertou ele, também sentia aquela dor.

- E se nós ficassemos juntos escondido?

- Leonardo iria descobrir, ele sempre vem atrás de mim feito cão de caça.

- O que diabos esse homem tem com você?! -perguntou revoltado. - Só existe uma explicação lógica para isso, ele é apaixonado por você!

- Impossível, Leonardo odeia os gays.

- Não dúvido, mas se você me disser que está disposto a lutar por nós, eu vou enfrentar qualquer um para dar certo! -Jorge beijou a cabeça de Davi.

- Eu... -um turbilhão de sentimentos atravessaram ele, mas havia apenas uma coisa a dizer. - Jorge, nós dois ainda vamos ter muitas memórias juntos e vou fazer com que nunca se esqueça de mim!

- Já sou incapaz de lhe esquecer!

  Eles foram para o quarto, onde passaram a noite abraçados até adormecerem, um pouco mais tranquilos por estarem perto um do outro. Na manhã seguinte, Davi acordou primeiro e preparou o café da manhã reforçado, Jorge acordou depois.

- Bom dia. -disse meio zonzo.

- Bom dia, vem comer e tomar seus remédios, tenho que ir buscar meus sobrinhos, quando estiver fora lembre-se de tomar os remédios.

- Tudo bem, o Kaio deixou um monte de lembretes no meu celular para isso, vocês cuidam demais de mim, ultimamente eu tenho até esquecido menos as coisas.

- Ok... Mas coma logo antes que a comida esfrie. -disse indo em direção a porta.

- Já vai? -perguntou o segurando pelo braço.

- Preciso ir.

- Me dá pelo menos um beijo, não tem ninguém aqui para nós denunciar.

  Davi deu um breve beijo em Jorge e saiu, direto para a casa de Leonardo, respirou fundo antes de bater na porta, não suportava mais sequer ver a cara daquele homem, além de ter tornado os últimos dias de vida da irmã um inferno, agora o estava impedindo de viver seu romance, só o aguentava por causa das crianças e de sua promessa. Ao bater na porta, Leonardo abriu com a mesma cara de repulsa de sempre.

- Está atrasado, onde estava?

- Não lhe interessa! -respondeu tentando esconder seu nervosismo.

- Ficou louco de falar assim comigo?!

- Leo, não sou tuas nega, me deixa em paz!

- Você está muito mal educado, hoje a noite vou passar no seu apartamento para conversar.

- Não temos nada para conversar! -Leonardo segurou o pescoço dele com força.

- Apenas me escute, pare de responder!

- Me solta! -pediu o empurrando.

- Pega as crianças e vai logo embora!

  Leonardo o soltou, Davi passou rápido por ele, foi pegar Du e Alana, os sobrinhos perceberam que o tio estava incomodado com algo, mas não perguntaram, afinal sugeriram que era por estar longe de Jorge, não imaginavam a que ponto o pai deles podia chegar. Após levar as crianças para escola, Davi foi para o trabalho, onde apesar do stresse, conseguia esquecer parte dos problemas, mas em alguns poucos segundos de pausa sempre se pegava lembrando do sorriso de Jorge, do jeito otimista e das pequenas ações que faziam toda diferença, aquilo o dava motivação para continuar lutando por aquele relacionamento inserto, sabia que não suportaria se afastar dele novamente.

Memórias e Fotografias.Onde histórias criam vida. Descubra agora