Os gémeos Pines não tiveram coragem para ir ao primeiro dia de aulas.
E eles amavam esse dia. A menina adorava fazer novas amizades e agora, que era do ano seguinte, sentia que tinha mais expetativas para criar um bom clima com os novos alunos. Já o rapaz, mesmo sendo bem mais reservado e tímido, gostava de analisar as novas pessoas do local e ler-lhes as expressões faciais, como sempre fazia.
Mas nem isso os animava e nem animou, durante um bom tempo.
Eles lembravam-se perfeitamente dos pais a irem busca-los ao aeroporto, de rastos. A chorar muito. O pai limitou-se a conduzir em silêncio, enquanto a mãe ficou excepcionalmente atrás, entre os dois irmãos e com as suas cabeças de cabelos desarrumados deitadas nas pernas da mulher, a aconchega-los até adormecerem, pelo caminho todo e de rostos molhados entre soluços altos.
A mais velha estava arrasada. Sem Bill, nem Will e nem Pacífica. Era um autêntico inferno perder assim, de uma vez, o contacto diário que tinha com os três irmãos a andarem por aí, na escola, como um quinteto fantástico e a criarem dramas, boatos ou até mesmo fazerem as suas partidas diárias de brincadeiras.
Embora que a menina sempre teve a sorte de conseguir manter contacto com a mais nova e o mais velho, pelo menos. Pouco falava com o loiro, já que o pai lhe ocupava quase o tempo todo livre a obriga-lo a estudar ou a passar fora de casa.
Só para o impedir de falar com o moreno, como é óbvio.
Mas o Cipher era matreiro. Inteligente. Ma só quando queria.
E era um expert, quando se tratava de enganar os mais velhos.
Fingiu interessar-se pela escola de Inglaterra e passar lá todas as suas tardes, na biblioteca, em cafés de free Wi-Fi e muitas outras desculpas esfarrapadas, sempre com o portátil ou telemóvel às costas, por apenas um motivo.
Dipper.
Começaram todos, então, a criar chamadas de grupo. A conviver, diariamente, onde quer que estivessem – Em escrito, em áudios, em webcams e tudo o possível e imaginário para não se sentirem tão afastados –.
Normalmente, quando era via Skype, os irmãos Cipher – Excluindo o bronzeado –, partilhavam um computador no quarto do mais velho, o introvertido e extrovertida ou dividiam o portátil do moreno ou ficavam cada um no seu telemóvel e, por fim, o mais alto de todos ou na biblioteca ou num café.
E assim foi, durante um bom tempo. Apenas os cinco, como sempre, a rir e falar de coisas do cotidiano, fosse nas aulas em texto ou em casa, a falar.
Obviamente, que o Cipher mais resmungão e otário pontiagudo, que nem vale a pena identificar, odiava aquilo tudo.
Queria que a Inglaterra, para começar, fosse para o raio que a parta. Depois, que aquela escola de atrasados mentais fosse para a puta que o pariu. As disciplinas, super exigentes e completamente entediantes, para a alholância já que o cara da palavra a escritora ele não gosta de dizer.
Mas tudo começou a piorar quando ele fez um amigo, chamado Lawrance.
Era um rapaz engraçado, bem divertido e completamente extrovertido, tal e qual como uma cópia do loiro. A única coisa que os distinguia, para além da diferença leve entre tons de loiro, a pele de Lawrance ser um pouco menos bronzeada que a do nosso querido protagonista, não ter sardas e ser um pouqinho de nada mais baixo, era as diferenças do sotaque inglês para o americano.
Ao início, o mais novo ficou muito entusiasmado com a ideia da sua querida quedinha ter um novo amigo e, finalmente, começar a se integrar naquele país que tanto odiava. Afinal, se o Cipher estava feliz, o Dipper também estava feliz.
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COLOURS △ BillDip [Wattys2017]
Romantizm[Livro 1 de 2] Cipher foi traído pela sétima vez. Cansado de uma vida desanimada, com meninas fúteis e egocêntricas atrás dele pelo dinheiro, o seu mundo é a preto e branco, sem qualquer cor. Literalmente. Mas foi aí que, Dipper Pines, um jovem...