Capitulo 5º

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Minha cabeça dói...

Ao acordar sinto cheiro de terra molhada e meu rosto dormente, essa deve ser a sensação de ser atropelada. Tento me mexer mas percebo que minhas mãos estão atadas. Apenas me viro e tento observar algo dentro daquela van imunda.
Dois dos quatro homens dormiam e os outros dois estavam distraídos, me mexi um pouco mais por estar desconfortável, o que chamou atenção de um deles.

Ele sorriu de novo. De forma sinistra. De novo.

Eu apenas desviei o olhar tentando mexer meus braços que já estavam dormentes.
As cordas estavam soltas. Apenas me mantive calma, o que se tornou mais difícil ao me lembrar de Zoe.

- Se tá procurando sua irmãzinha, ela não tá aqui. - Disse o homem que antes me encarava. - Ela escapou, já você não teve tanta sorte. - O outro homem que estava distraído ergueu o olhar em direção ao seu companheiro.

- Não tortura psicologicamente Lou, ela ja vai sofrer bastante fisicamente.- Os dois riram e logo a van começou a diminuindo a velocidade, quando a van parou por completo, ninguém se mexeu, todo ficaram sentados.

- O que vocês querem comigo? Se vocês querem resgate, minha família não tem dinheiro. - Falei rápido sem dar espaço para o ar entrar.

- Não queremos o seu dinheiro. - As portas das van se abriram.

Não pensei, só pulei para fora daquele cubículo empurrando o homem que estava a minha frente, a claridade fez meus olhos lacrimejarem e me senti desnorteada por uns segundos mas mesmo assim corri, corri como se minha vida dependesse disso e dependia.

Ao longe ouvi um dos homens gritando mas ignorei sem olhar pra trás, quando consegui avistar um matagal mais a frente, gastei minhas últimas energias correndo para me esconder.

Ouço um disparo.

Sinto um baque na perna e caio subitamente na vegetação a frente sentindo minha perna queimar, não conseguia evitar o contorcionismo do meu corpo tentando dissipar a dor insuportável que se espalhada cada vez mais. Sinto apenas meu corpo ser levitado e uma forte dor na cabeça, me fazendo ficar a sentimentos do chão.
Era alguém me puxando pelo cabelo de forma bruta, gerando mais raiva em mim, me catando como se eu fosse um animal abatido. Apesar de tentar me debater para que me soltasse a única coisa que me fez parar foi algo muito quente tocando minha nuca, com um movimento súbito, sou jogada no chão de joelhos e agora podendo entender o que está acontecendo, uma arma apontada pra minha testa.

- Você não deveria ter feito isso.

E novamente tudo virou nada.
...

Ouço vozes altas vindo em minha direção e pressiono os olhos, tentando manter eles fechados o mais firme possível, então ouço a porta sendo aberta

- Ela acordou. - Diz se aproximando de mim e apertando minha bochecha me fazendo abrir os olhos. - Bom dia!

Ele dá a volta na cadeira que agora estou amarrada e começa a massagear meu ombros, sinto nojo instantâneo e tento me afastar do seu toque.

- Você já deve ter uma ideia do por que esta aqui, não é?- Permaneço quieta e ele se direciona a minha frente puxando uma cadeira e se sentando. - Eu te conto então... - Ele pega a perna na qual levei o tiro e aperta onde a bala atingiu, uma dor insuportável sobe pelo joelho me fazendo gritar de dor.

- Isso que foi só um raspão, imagina se tivesse perfurado. - Ele encara a ferida mordendo a boca, sentindo prazer naquilo.

- O que vocês querem comigo? - Eu esbravejo sentindo minha perna arder

- Não precisa se alterar, apenas queremos fazer negócios com você. - Ele se aproxima e aperta minha coxas subindo suas mãos, mas antes que eu possa ter qualquer reação, a porta se abre e ele solta um suspiro. - Eu estou ocupado. - Ele apenas se afasta calmamente de mim.

- Você não pode castigar ela. - Um homem alto de aparência bem jovem entra no sala se mostrando na luz. - Não vai querer estragar a mercadoria, não é? - Eu gelo, como se meu sangue parasse de correr pelo corpo. - Vai, desamarra ela. Se quiser, deixa ela na Caixa Preta.

O homem nitidamente irritado me desamarra e me puxa firme pelo braço até a porta, mas antes de sairmos, o moreno se mete em nossa frente.

- Não tenta mais nada, se não na próxima vez, eu deixo com o Lou pra resolver. - O tal Lou solta um sorriso e eu apenas desvio o olhar do dele sentindo minha garganta secar.

O carrasco que me segurava pelo braço me guiou entre vários corredores vermelhos até chegarmos a uma grande porta de correr. O segurança que estava a frente dela nos deu passagem e fui empurrada escada a baixo por uma passagem estreita. Ao final da descida, o ar já estava úmido e poluído por poeira, e bem ali no último degrau, havia um sala minúscula e escura. No fundo da sala, havia uma espécie de guarda roupa muito grande.

- Talvez você pense melhor antes de fazer qualquer merda. - ele diz abrindo a porta e me empurrando pra dentro.

Ele então fecha a porta, me trancando.
...

Para Sempre, Alice.Onde histórias criam vida. Descubra agora