Estágio III

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- Todas as suas perguntas podem ser respondidas com uma boa conversa. – Uma voz masculina bastante grossa fala comigo, olho para os lados não vejo ninguém.

- Siga-me. – A voz continua, percebo que ela vem de trás de mim, dessa vez levanto e vejo um homem alto, de pele negra, ele é careca, está vestindo um terno escuro e sapatos sociais.

- Eu não vou seguir você. – Digo, parada atrás do homem.

Ele se vira e vêm até mim, seus olhos são castanhos e brilham intensamente, ele me olha sem dizer uma palavra, nos encarramos por alguns segundos até o relógio anunciar que mais um pré-selecionado foi eliminado.

- Agora são apenas cinco. – Diz ele me sorrindo.

- E logo serão apenas quatro. – Respondo cruzando os braços.

- Exatamente. – Disse ele e sorriu novamente.

- Quem são vocês e por que estão fazendo isso conosco? – Perguntei me aproximando dele, mantendo a postura de séria e brava.

- Nós do Reino de Caste, somos superiores aos que vivem na Terra, temos o direito de fazermos o que quisermos com vocês – Argumentou.

- Lah, esse é seu nome não é?

- Para você é Mestre Lah, diminuta criatura.

- Você não é meu mestre.

- Se não estiver morta no fim dos cinco estágios, eu serei.

- Exatamente, mas até lá não é. – Retomo minha postura de enfrentamento.

- Estou conversando com vocês cinco agora, ao mesmo tempo e dentre todos você é a mais petulante, nem parece que está prestes a morrer – Ele gira ao meu redor e toca meus cabelos enquanto fala pausadamente.

- Talvez eu não me importe com a morte – Acrescento. - Mas me importo em saber por que estão promovendo esse massacre, as cinco pessoas que você já matou podiam ter sonhos, ou algo com o que se importar, você não acha? Ou isso não importa para você? Talvez não conheçam escrúpulos em Caste.

- Não, eles não tinham, nós sempre escolhemos aqueles que não tem nada a perder, estamos dando ao escolhido a chance de uma nova vida, os eliminados estavam apenas sofrendo neste mundo. – Continua. – Nossa moralidade no Reino de Caste é bem superior a que vocês tem aqui, na verdade, vocês mais fingem do que praticam todas as regras de boa convivência e de direitos humanos.

- Mas...

- Você sabe muito bem que não tem ao que se apegar – Ele me interrompi e me estende a mão. - Todos aqui te renegam, você está sozinha, sua mãe foi a única que se importou com você, mas agora ela já não pode mais te ajudar, e não há ninguém mais que se importe, assim como não havia e não há para os que ainda restam.

Lembro-me de minha mãe, e algumas lágrimas insistem em escorrer pelo meu rosto, estou prestes a tocar a mão de Lah, até pensar que se eu tocá-lo serei dilacerada instantaneamente. Isso deve ser apenas um jogo de convencimento, e devo estar fracassando como os organizadores dos Estágios previram. Decido não toca-lo e saio correndo. Foi inevitável, pois sinto um toque em meu ombro, me viro e ele me diz sorrindo:

- Você não pode fugir de mim.

O relógio apita e avisa que um pré-selecionado foi eliminado, caio no chão e fecho meus olhos.

Seleção Para Caçadores de Bruxas (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora