Estágio II

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Às regras foram postas e eu não sei o que fazer. Posso morrer a qualquer momento, não que a minha vida esteja valendo muito, mas eu não esperava morrer dessa maneira. Então é isso, aceito que a morte pode vir a mim a qualquer momento, eu nunca seria capaz de conseguir fazer o que estão me pedindo. E mesmo não acreditando em nenhum Deus, rezo para que isso seja apenas uma brincadeira ou um sonho, e que logo tudo esteja como antes.

Minha mente não relaxa e penso, duas pessoas já morreram, então já estou no segundo estágio.

"Vou ver tudo aquilo que temo."

O relógio apita, e pronuncia:

- Um pré-selecionado foi eliminado.

Não pode ser – Falo baixo, sentindo o meu sangue subir para minha cabeça e percebo meu corpo ficar gelado, como em todas as vezes que já passei por situações de pânico, e acredite não são poucas, quando se é apenas uma criança e não se têm uma mãe ou irmãos que lhe ajudem a cuidar do seu pai que é um alcoólatra que deve dinheiro a agiotas.

Instantaneamente o professor se vira em minha direção me olha e começa a se contorcer, e a rasgar as próprias roupas, levanto da carteira, apavorada. Observo a expressão da turma, todos me olhando como se eu estivesse louca, os ignoro pego a caixa e saio correndo da sala. O professor transformado em monstro vem logo atrás de mim, ele é como um lobisomem, o corpo musculoso e coberto por pelos, com garras e dentes afiados.

Correndo em quatro patas logo ele me alcança, me dá um empurrão que me joga contra a parede, estou caída no chão do refeitório e ele se aproxima, deixa sua baba cair sobre meu rosto, rosna para mim, e abre a boca, cubro minha face com as mãos na iminência do ataque. Até que o relógio apita e diz mais uma vez:

- Um pré-selecionado foi eliminado.

Quando tiro minhas mãos do rosto não vejo nenhum monstro, apenas um grupo de professores assustados me olhando de longe, eles examinam o meu surto e certamente já devem estar ligando para o hospital psiquiátrico. Rapidamente recolho minhas coisas no chão, finjo não ouvir os chamados deles e vou para os fundos do colégio, planejo pular o muro, sei que eles não me deixariam sair sem o seu consentimento.

Depois de estar fora do colégio não sei bem para onde ir, mas sei que estou bem perto do Parque Ecológico da cidade, e sem outra opção decido que esse pode ser um bom lugar para descansar um pouco e pensar no que tenho que fazer para sair viva disso tudo, enquanto aminho por algumas ruas, esperando a qualquer momento o meu tutor aparecer para conversarmos e possivelmente depois disso ele tentar me matar.

Sentada debaixo de uma das primeiras árvores que avistei ao chegar ao Parque, penso por que isso está acontecendo comigo, e quem está promovendo isso. Essa manhã tinha tudo para ser mais uma como todas as outras, mas rezei tanto pedindo que algo de diferente acontecesse, e acho que finalmente fui ouvida.

Seleção Para Caçadores de Bruxas (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora