Estágio V

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Mesmo que tudo isso me soasse como um jogo altamente cruel e perverso, eu faço parte dele e seguindo meu egoísmo em me manter viva, seja aqui ou em Caste, tenho que continuar lutando, passando por cima de qualquer preceito que eu possa ter. As regras são bem claras, ou luto ou morro.

Ao meu lado estava apenas o punhal, no relógio ainda preso ao meu pulso o número dois piscava sem parar, certamente um alerta de que o jogo está prestes a se encerrar e logo teríamos um vencedor entre os dois participantes restantes.

Nesse momento nuvens escuras começam a decorar o céu, o sol se esconde e uma chuva torrencial começa a cair, muitos raios atingem as casas na cidade, e de repente o Parque parece estar se elevando do chão, subindo devagar, tento correr para as extremidades que se formam e vejo as raízes das árvores se soltando do chão.

Estou em um pedaço do Parque flutuando no ar, que tem o formato de um prisma, aparentemente do tamanho da quadra de futebol da minha escola. Dezenas de mulheres surgem de costas para mim entre as árvores, aos poucos elas se viram e vejo seus rostos deformados, com poucos dentes, narizes pontudos e curvados, poucos fios de cabelo, mãos enrugadas como o rosto e com unhas enormes e sujas, com seus vestidos rasgados, sinto extremo fedor dominar o ar.

Todas apontam seus dedos para mim e soltam uma risada estridente, percebo o chão atrás de mim se desfazendo, me obrigando a ir na direção delas. Sem saída corro com o punhal empunhado, até bater de frente com uma das criaturas, ele perfura o seu estômago, e a figura raquítica se transforma por alguns segundos em uma mulher de extrema beleza, de cabelos longos e formas voluptuosas, com a pele brilhosa, até que ela se desfaça em um pó negro que escorre entre minhas mãos e que é levado pelo ar.

- Ótimo, agora só devem faltar umas cinquenta – Digo, observando a minha própria desgraça.

Seleção Para Caçadores de Bruxas (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora