Capítulo 2

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" Skies are crying, I am watching

Catching teardrops in my hands

Only silence as it's ending

Like we never had a chance

Do you have to make me feel like

There is nothing left of me? "

Domingo. Hoje faziam precisamente sete dias após a partida do meu pequeno grande tesouro. Levantei-me da cama e percorri todo o meu quarto até á janela... Abri a mesma, sentido o ar gélido da manhã na minha cara e olhei para as pessoas que andavam apressadamente. As crianças brincavam no parque, felizes e inocentemente, os mais velhinhos estavam sentados nos bancos do jardim e liam calmamente o jornal. Passei as mãos pela minha cara, passando depois as mesmas nos meus longos cabelos... Olhei mais uma vez para aquelas lindas crianças e depois fechei a janela dirigindo-me á casa de banho. Abri a torneira da água quente e dexei esta escorrer até ficar com uma boa quantidade... Tirei cuidadosamente a roupa do dia anterior e entrei no banheiro. Fechei os meus olhos e deixei a água quente absorver todos os meus maus pensamentos... Muito lentamente, tomei banho. Voltei para o quarto vestindo uma camisola de lã preta e umas jeans da mesma cor. Deixei os meus cabelos loiros cairem pelas minhas costas e calçei umas all stars igualmente pretas. O meu aspeto não era propriamente o melhor, tinha os olhos inchados devido ao choro e a minha pele estava pálida. Abri a porta do meu quarto e dirigi-me á divisão própria da minha mãe, o seu quarto, que em tempos também foi do meu pai. Pensar nisto dava-me arrepios... Ainda era tão recente. Porque é que Deus tira-nos aquilo que é mais importante para nós? Eu não sou forte o suficiente para suportar esta dor, este vazio, eu não sou. Cuidadosamente dei duas batidas na porta que me separava da minha mãe e esta num murmuro disse para entrar.

- Mãe, como estás? - Ela olhou para mim e baixou a cabeça. Decidi prosseguir... - Mãe, vou dar uma volta... por aí. Tu sabes, para espairecer. - Olhei para ela e esta ssentiu. 

Saí do seu quarto e suspirei. Estava a ser dificil, estar ali sabendo que ainda na semana passada o meu herói estava lá. Muito lentamente fui até ao meu quarto e peguei no meu casaco de ganga cizento e saí de casa poucos minutos depois. Não sabia para onde ir por isso deixei os meus pés encarregarem-se disso. Várias pessoas passavam por mim apressadas e isso irritava-me de certo modo. Eu queria que tudo estivesse calmo, suficientemente calmo para relaxar, para não relembrar o meu passado, para não abrir essa caixinha de mistérios que ele, o meu passado, é. Olhei para as minhas sapatilhas para afastar esses pensamentos e quando dei por mim estava em frente ao cemitério. Um arrepio passou por todo o meu corpo e eu entrei nele com bastante receio e medo. O meu cérebro dizia para sair dali e o meu coração dizia para continuar o meu caminho aqui. Estava a ser horrível porque sempre que dava um passo para a frente virava-me para a saída... Fechei os olhos com muita força e dirigi-me á campa do meu pai. Ajoelhei-me em frente dela enquanto que fazia festinhas na sua fotografia e as lágrimas caiam dos meus olhos...

- Pai... - As lágrimas pareciam sufocar-me. - Eu sinto tantas saudades e ainda só passou uma semana... Eu sinto falta dos teus braços a protegerem-me, dos teus beijinhos todas as manhãs e dos teus raspanetes que me faziam explodir de raiva. Mas porque é que te foste embora? Eu nunca vou conseguir ultrapassar isto, tu eras tudo para mim e tu sabias disso. Porque me deixaste desorientada? Eu só peço para continuares a fazer o teu trabalho de bom pai, agora aí no céu, onde tu mereces estar. Dá uma olhada pela mãe, ela está tão abalada e ela nunca demostrou fraqueza... Faz com que estejas aqui, sem estáres. Faz isso por mim, pela mãe, pelos teus amigos, por toda a família, pela vida que deixaste cá na terra. Eu amo-te pai! 

As lágrimas eram tantas, as pessoas que passavam ficavam a olhar, elas transmitiam pena e preocupação... Depois havia aquelas que transmitiam desprezo. As minhas pequenas mãos enxugaram as lágrimas e suspirei alto e longamente. Levantei-me e saí daquele sítio a correr, eu não gostava de estar em cemitérios desde pequena e agora ainda menos. Parei quando estava mais calma e entrei num café. Era um sítio tão calmo, as paredes eram azuis clarinhas e as mesas eram com linhas bem definidas e brancas, as empregadas tinham fardas vermelhas claras e os cabelos presos num rabo de cavalo bem feito. Dirigi-me até ao balcão e esperei que uma daquelas raparigas se aproximasse. Pedi uma garrafa de água, paguei e saí daquel edíficio prometendo a mim mesma que tinha de lá voltar. Ainda eram onze horas da manhã e não estava com disposição de ir para aquele ar mórbido que é neste momento a minha casa. Vaguei pelas ruas muito lentamente apreciando todos os promenores e as histórias que elas me contavam juntamente com os pequenos segredos que o vento decidia contar de vez em quando. Lembrei-me como por magia do parque perto da minha casa e decidi ir até lá... Após algumas voltas cheguei lá e avistei tudo como de manhã. Sorri ao ver as crianças felizes e depressa uma vontade de chorar apareceu... Lembrei-me de quando vinha para aqui com o meu pai e ele brincava ás escondidas ou ás corridas ou mesmo aos polícias e ladrões comigo. Eu era feliz e julgava que o ia ser eternamente. Estava parada bem no centro do parque e parecia que não me conseguia mexer... Obriguei o meu corpo a andar até á pequena parte do parque para as crianças. Sorri ao as ver todas felizes, meti as mãos nos bolsos e encolhi-me devido ao vento. Estava perdida a apreciar uma menina e outra a brincar quando senti umas pequenas mãos a tocar freneticamente nas minhas pernas. Baixei-me de maneira a estar frente a frente com a menina e sorri-lhe.

- Brincas comigo? - Ela perguntou-me e eu assenti sorrindo. - Como te chamas, menina?

- Chamo-me Chelsea... E tu pequenita? - Perguntei para fazermos conversa. Ela fazia-me lembrar quando eu era pequena.

- Sou a Lux. - Sorriu-me timidamente.

Ela era uma menina muito bonita, realmente. Tinha o cabelo curto e loiro, tal como o meu mas mais clarinho. Os seus olhos eram grandes e azuis e de resto era uma simples bébé.

- E a que é que a bébé Lux vai querer brincar? - Perguntei-lhe sempre com um sorriso na cara.

- Lux! Procurei-te por todo o lado, nunca mais sais da minha beira, okay? Lux, quem é esta menina? - Uma voz desconhecida perguntou.

"Red" - Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora