Já havia passado das 7 horas da manhã quando John despertou. O pensamento de estar atrasado para seu turno no St Bart's o fez arrumar-se rapidamente, tropeçando nos móveis que via pela frente.
Ao chegar até a sala de estar de Holmes, encontrou este atirando dardos em um mapa de Londres grudado na parede acima da lareira.
- Você não está atrasado, John. Liguei para o hospital avisando que não iria. – Sherlock disse sem ao menos mover os olhos do alvo. – Não sabemos do que o Sr Montgomery é capaz agora que sabe de nossa investigação sobre ele, melhor estarmos juntos.
John estranhou por alguns instantes, mas logo lembrou que aquele sempre foi o comportamento do detetive. Sentiu-se aliviado de ter um dia de folga, principalmente depois da noite anterior.
- Ok... Obrigado. – o loiro tentou ser o mais natural possível, mas via Sherlock de uma maneira diferente após a noite passada.
- Nós vamos sair mais tarde, notei alguns fatos interessantes nos métodos de Edwin.
Watson foi até a cozinha preparar um pouco de café, pois a agitação de pensar em estar atrasado para o hospital não o fez muito bem. Encontrou algumas torradas no armário e geleia de morango na geladeira, seria um bom café da manhã.
- Você já comeu algo, Sherlock?
- Não senti necessidade.
John suspirou alto, cansado da teimosia do colega. Assim que seus olhares se cruzaram, o loiro apontou para a mesa, chamando o outro para juntar-se a ele.
- Já temos muitas coisas para nos preocupar. Não precisamos que sua saúde seja outro item da lista. – o loiro oferecia uma torrada a Holmes, que relutantemente a pegou.
- Tanto faz. – deu de ombros mordendo o alimento – Ontem eu percebi uma conexão entre os locais em que as vítimas de Edwin foram capturadas e gostaria de confirma-la.
- Não vai me dizer, não é? – o médico sorriu, já sabendo a resposta.
- Você perceberá, John. É mais interessante que seja dessa forma.
Terminaram o rápido café da manhã. Enquanto Sherlock preparava-se para saírem, John foi até Sra Hudson para checar a filha.
- Como ela se comportou, Sra Hudson? – a menina sorria nos braços do pai, deixando-o ainda mais bobo.
- Muito bem, é uma menina sempre adorável! – a senhora alisava uma das bochechas da pequena – E quanto a você e Sherlock?
O loiro sentiu o rosto queimar instantaneamente. O "experimento" de Sherlock o fez se esquecer da presença da senhoria no andar de baixo, aliás, o fez se esquecer de tudo.
- Eu... bom... – por sorte foi interrompido pelo detetive.
- Vamos? – ao vê-lo, Rosie agitou-se nos braços do pai, como se ordenasse ser levada até o detetive.
Holmes pegou a menina, acalmando-a um pouco, sem deixar de analisar os rostos de John e Sra Hudson. Não precisava de uma palavra sequer para compreender o que acabara de acontecer e julgou ser melhor sair do ambiente logo. Depositou um beijo rápido na testa da pequena e a entregou a Sra Hudson.
- Ela perguntou sobre ontem, não é? – já estavam no táxi quando o moreno perguntou, enquanto mexia no celular.
- Sim. – Watson engoliu a seco – Por sorte você chegou e não estendemos o assunto.
- Isso o incomoda. – o moreno afirmou. - Não precisamos continuar, John.
- Não! – o médico disse automaticamente.
Percebendo o quanto pareceu precipitado, resolveu calar-se até chegarem ao seu destino, envergonhado. Sherlock notou o mesmo e não pôde conter um sorriso tímido. Afinal de contas, era nítido que John apreciara o experimento tanto quanto o moreno.
Chegaram ao pub onde a primeira vítima de Edwin foi vista com vida pela última vez. O local encontrava-se fechado, como o esperado. Os dois andaram pelas ruas ao redor, observando o movimento e qualquer detalhe que chamasse atenção. Eram ruas estreitas, mas com intenso fluxo de pessoas durante o dia, principalmente pela proximidade da Catedral de St. Paul, um dos pontos turísticos de Londres.
Seguiram para o próximo local, de acordo com a ordem cronológica dos crimes. Encontraram o mesmo que na parada anterior: estabelecimento fechado, ruas estreitas e lotadas de gente. Também era possível ouvir pessoas perguntando as direções para a Temple Church, igreja que ficou famosa pelo livro "O Código da Vinci" e localizada a menos de quatro quadras.
O terceiro pub estava igualmente fechado e abarrotado de pessoas, devido à proximidade do Big Ben.
A chegada da tarde fez com que Watson preocupa-se e enfim perguntar.
- Você percebeu que todos os pubs são próximos a pontos turísticos?
- Sim. Entretanto, não apenas isso, John. Todos, sem exceção, estão próximos de templos religiosos... – Sherlock fez sinal para um taxi. Entraram e rumaram para o 221B – Catedral de St. Paul, Temple Church, Abadia de Westminster.
- A Abadia é realmente perto do Big Ben. E esse padrão é compatível com a quantidade de artigos religiosos no apartamento dele. – havia um pouco de decepção por não ter percebido o padrão, mas a curiosidade foi maior. – O que acha que isso pode nos indicar?
- Temos mais um detalhe sobre o senhor Montgomery. Será mais fácil reduzir o número de possibilidades dos locais para o ataque de hoje à noite.
- Hoje à noite? Como sabe que ele atacará hoje? Não podemos perder tempo! – o loiro estava atônito, olhava o outro com os olhos bem abertos.
- Acalme-se, por favor. Vou passar a tarde terminando uma lista, já iniciada, com os locais prováveis. – o detetive devolvia o olhar para o médico. – Eu conversei com Lestrade, ele está sobre avisado. Tudo ficará bem.John andava pela sala do apartamento, ansioso para conseguirem capturar Edwin Montgomery antes que outra pessoa fosse sua vítima. Holmes encontrava-se sentado em sua poltrona, acessando o palácio mental em busca de informações mais precisas. O relógio marcava 18h45 e ambos sabiam que em poucas horas o assassino entraria em ação.
- Claro! Não sei como não pensei isso antes. – Sherlock pulou da poltrona, indo até o mapa da cidade cheio de dardos, sobre a lareira. – Catedral Southwark. É próxima a London Bridge, sempre ocupada por turistas. Ele ainda não atacou na região e como quer atrair nossa atenção, utilizará um local bem movimentado.
- Vou avisar Lestrade. – John rapidamente alcançou seu celular para contatar o inspetor.
- Agora nossa tarefa é menos árdua. Precisamos identificar pubs onde ocorrerão shows, pois claramente nosso colega utiliza-se das multidões em seu favor.
Precisavam correr contra o tempo. Depois de descobrir a investigação de Holmes, as ações de Montgomery eram imprevisíveis. Ele poderia manter-se ao método de sempre, seguindo sua disciplina militar, ou aventurar-se em crimes de maior repercussão, movido por um desejo de destaque típico de assassinos em série.Em poucos minutos Watsone Holmes chegaram em frente à Catedral Southwark, encontrando Lestrade fumandoum cigarro. Curiosamente, Greg não se vestia como o habitual.
O inspetor havia saído mais cedo do escritório para poder preparar-se para ojantar com Mycroft, às 20h30. Estava impaciente, esperava que aquele casoterminasse o mais rápido possível.
- Olá, Greg! – John foi simpático, apertando a mão do grisalho.
- Diga à pessoa com quem vai se encontrar que chegará tarde. – Sherlock dissesem olhar para o inspetor, apenas analisando os turistas que passavam, buscandoencontrar algo suspeito.
- O quê? – Greg assustou-se, teve receio de que o detetive já soubesse que iriaencontrar Mycroft.
- É sexta-feira à noite, você vestiu suas melhores roupas, tendo-as escolhidasna noite anterior. Além de ter utilizado um perfume que usa apenas em ocasiõesespeciais, pois foram necessárias mais de três borrifadas para que o produtofosse liberado da maneira correta. – o moreno suspirou, finalmente o observando– Estou apenas dizendo para ser educado e avisar que demorará, não sei quantotempo levaremos aqui.
John revirou os olhos, Sherlock ainda tinha dificuldades em saber a hora deparar. Lestrade não disse mais nada, apenas se afastou dos dois para contatarMycroft.
- Olá, Mycroft! Bom, eu sei que ainda é cedo, mas gostaria de te avisar queposso me atrasar para o jantar.
- Oh, tudo bem, eu de certa forma já imaginava. É devido ao caso de EdwinMontgomery?
- Isso mesmo. Sherlock acredita que ele entrará em ação dentro de algumashoras, então estamos de olho para evitar. – o grisalho estava visivelmentedecepcionado, para terminar a ligação, concluiu – E não se preocupe, olhareipelo seu irmão também.
- Agradeço, Greg. – antes de desligar,Holmes mais velho disse um pouco sem jeito – Cuide-se você também. E me dê notícias.
As últimas frases deixaram o funcionário do governo com uma expressãopreocupada e, para o inspetor, tiveram o efeito contrário. Este sorriuabertamente, entendendo que aquele se tratava de um sinal de que o outro tambémestava se apegando aquele contato que construíam. Já Mycroft, incomodou-se ao externalizaraquela recomendação... Sentia que estava se conectando ao inspetor mais que odevido e receava que a manifestação disso afastasse o outro. Aquela amizadevinha lhe fazendo tão bem que não poderia perdê-la por precipitações de suaparte.
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Everybody's Changing.
FanficAlguns meses após os acontecimentos da quarta temporada de Sherlock, todos os personagens sentem as mudanças causadas por tantos traumas e descobrem aos poucos modos de seguir em frente. Focando prioritariamente no desenvolvimento de Sherlock Hol...