Capítulo 2 - O Primeiro Beijo

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[Martin]

1 ANO ANTES...


Eu considerava o tédio a pior coisa existente na fase da terra, ainda mais quando se tem 17 anos e seus hormônios estão gritando por diversão. Mas todo final de semana era a mesma coisa, eu em casa, sem nada pra fazer e quase sempre em meu quarto pra tentar fugir da companhia opressora dos meus pais. Eu já estava cansado! Claro que boa parte da minha frustração vinha da semana decepcionante que tive no colégio, alias, todas elas eram bem decepcionantes não deixei de pensar. O motivo era que, por mais que eu tentasse, nunca conseguia me encaixar e pertencer de verdade a alguma turma como todos os outros. Ás vezes os observava rindo de alguém ou de algo e me sentia um verdadeiro peixe fora d'água por não ser como eles, óbvio que isso me fazia questionar qual era o meu problema.

Naquele dia as coisas não foram muito diferentes dos outros dias, o motorista dos meus pais me deixou pontualmente no portão do colégio no sábado de manhã e eu entrei sob o olhar atento dele, fiquei imaginando se essa seria mais uma das funções estabelecidas pelos meus pais ou se tratava somente de cuidado. Aquele era um dos colégios mais ortodoxos da cidade, o que significava que as disciplinas eram mais puxadas e as aulas de sábado cedo quase sempre aconteciam, o que não era muito animador pra ninguém que eu conhecia. Corri pelo pátio em direção a minha sala, a fim de não perder nenhuma explicação do professor e consegui chegar a tempo.

-Ei Martin. – Cochichou meu amigo no meio da explicação do professor.

-Estou prestando atenção na aula, Murilo.

-É rapidinho... bora numa festa hoje a noite?

-Festa? – Aquilo me fez dar mais atenção.

-É pô, festa, meu amigo acabou de confirmar aqui e disse que vai ser top. É uma festa do pessoal mais velho, que já entrou na faculdade, imagina as gatinhas mais velhas que vão estar lá. Você não pode perder.

Essa seria a grande chance que eu queria pra não ter que ficar em casa outro final de semana e sair um pouco da minha triste rotina, então, deixei passar que pouco me interessava as meninas mais velhas presentes. Pensei antes de responder, eu teria que dar uma boa desculpa para os meus pais pra sair assim à noite, ainda assim, era capaz deles não permitirem. A menos que não soubessem...

-Eu vou! – Respondi animado.

O resto da aula eu permaneci empolgado e bolando mil planos de como iria naquela tal festa, eu teria que ser muito silencioso ao entrar e sair de casa para que eles não acordassem e, talvez, até a janela precisasse ser usada naquela ocasião. Nunca havia feito uma coisa dessas antes e confesso que estava começando a ficar apavorado com a idéia, mas eu não iria desistir assim tão fácil, pelo menos uma vez queria curtir essa sensação de fazer algo errado.

Quando cheguei do colégio, tentei agir o mais natural possível, eu sempre tive a suspeita de que meus pais podiam ler minhas reações e adivinharem o que eu estava aprontando antes mesmo de acontecer. Fui pro meu quarto e repassei o plano repetidas vezes na minha cabeça, nada podia dar errado. Fiz todo o ritual de sempre depois que chegava da escola e desci de novo pra disfarçar e fingir que nada estava acontecendo.

-Que cara é essa Martin? – Minha mãe perguntou, depois de um tempo, ao ver-me parado no balcão e comendo distraidamente. Será que eu era tão transparente assim?

-Nada, mãe.

Me atrapalhei todo quando meu celular vibrou no bolso e eu vi que era meu amigo confirmando hora e local da festa, meu coração disparou e eu tive que lembrar a mim mesmo que minha mãe estava presente, porem não conseguia ler o que estava escrito através do aparelho.

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