[Martin]
Atualmente...
Quando eu me descobri gostando de um garoto, minha vida inteira ganhou um significado diferente, foi como se eu começasse a viver depois disso e tudo de certa forma realmente começasse a fazer sentido. Não que eu não imaginasse que isso um dia pudesse acontecer, eu sabia que alguma coisa existia, as evidências estavam ali e eu só não as enxergava, mas mesmo assim eu não deixei de me espantar quando tudo aconteceu. Eu sempre fui um garoto muito tranquilo e dificilmente trazia preocupação aos meus pais, aceitava tudo numa boa e sempre me submetia às vontades deles, mas claro, esse fato novo sobre minha vida fez com que tudo fosse modificado. As inúmeras brigas eram constantes e tudo que eu fazia, mesmo que fosse o mínimo, era motivo de critica e momentos de estresse. Tudo isso porque eu estava disposto a não mais ser aquele velho e submisso Martin, o amor tinha me mudado e me feito ver que eu precisava agir caso quisesse vivê-lo.
Nicolas era de longe o cara mais perfeito que alguém poderia conhecer, às vezes eu me pegava observando-o, sem ele perceber, claro, e me orgulhava de ter tido essa sorte de poder estar perto de uma pessoa tão incrível quanto ele. No começo ele fora tão paciente comigo, me esperou quando tudo ainda era só uma confusão na minha cabeça que hoje eu já não conseguia mais me imaginar sem aquela dose diária de carinho, amor e afeto que só ele poderia me dar. Claro que nem sempre tudo era tão fácil, ás vezes as coisas se tornavam extremamente difíceis e nossa relação era colocada a teste, mas nunca deixamos nos enfraquecer por isso. Nos amávamos demais pra ficar longe um do outro.
Levei um tempo pra perceber que estava devaneando demais e sorrindo pro vazio pensando em meu namorado quando o professor pigarreou alto e voltou com a leitura de conteúdo, aquela era umas das aulas que eu considerava mais chatas daquele curso, o tédio sempre tomava conta de mim, fazendo com que eu viajasse no meio da explicação e eu sabia que teria que correr atrás da matéria perdida depois. Fazer o curso que meus pais queriam não estava sendo assim tão fácil quanto pensei que seria, as matérias eram desanimadoras e exaustivas e, com a motivação que me faltava, tudo se transformava em algo muito maior. Mandei uma mensagem pro Nico, avisando que eu estaria no lugar de sempre e saí da sala antes mesmo do professor liberar.
Uma das poucas coisas boas, se assim poderia dizer, é que com o esforço e dedicação aos estudos que eu tive que desempenhar, consegui entrar com louvor pra umas das melhores universidades da cidade, que coincidentemente, era também onde o Nicolas tinha conseguido uma bolsa. Caminhei por entre as mesas e cadeiras da cantina e sentei-me num lugar mais afastado, mas que ainda pudessem me ver e permanecia li, esperando até que as outras aulas acabassem.
-O que aconteceu? – Foi o Nicolas que perguntou, alguns minutos depois que eu estava ali, todo preocupado quando me viu de cabeça baixa e refletindo sobre vários assuntos.
-Nada. – Respondi sem querer trazer aquele assunto chato, e tantas vezes falado a tona.
-Martin, você sabe que eu não gosto de te ver assim, né? Parte o coração.
Nesse momento ele me fez olhar pra ele, pressionando meu rosto entre suas duas mãos e ficou meu olhando sem me dar chances para que eu desviasse.
-É evidente que isso aqui, esse curso, não te deixa feliz e isso acaba me deixando triste também... Eu não me imagino fazendo o que não gosto, quem sabe se você não der um tempo disso tudo, você é novo, não tem problema nenhum trancar a faculdade por algum tempo.
No mesmo instante eu lhe lancei um olhar reprovador, ele melhor que ninguém sabia que existiam sim todos os problemas do mundo se caso eu decidisse que queria parar por um tempo. Meus pais nunca aceitariam isso numa boa e eu ainda tinha medo de que piorasse minha situação com ele.
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Recomeçar
NouvellesNicolas se apaixonou por Martin no mesmo momento em que o viu pela primeira vez, porém, os pais do menino estão bem dispostos a fazer com que esse relacionamento seja interrompido, tentando mil maneiras de afastá-los. Mas, sem que ninguém mais preci...