O despertar.

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  O sol despontava na fria manhã deixando-o em um tom salmão azulado. A cena que se seguia por várias léguas era deprimente, o único ser que se mexia entre os milhares de mortos ensanguentados era uma linda jovem. Vestia os retalhos de tecido que os nobres jogavam fora delicadamente costurados formando um vestido.
  

  Seus reluzentes cabelos negros tremulando a medida que ia  ziguezagueando por entre os mortos. Esta levava mantimentos para os que restaram. Em meio ao seu caminho um belo jovem vestindo nobres vestes costuradas a ouro chegou ao seu encontro.

   "Aonde vais?" Sua clara e suave voz demonstrava gentileza e cansaço.  
   Fazendo uma reverência disse:
   "Levo mantimentos aos nobres guerreiros meu senhor." Sua linda voz calmamente o respondeu.

   "Sinto-lhe informar que estás a ir pelo caminho errado." A jovem parece surpresa pelo comentário do nobre.

   "Siga-me." Diante de uma ordem tão direta e em sua condição ela não tinha como contrariar, ela seguiu o jovem nobre acompanhando seu rápido passo.

   O jovem nobre percebeu que ela estava quase correndo e começou a andar mais devagar. A moça percebeu o ato do nobre e lançou-lhe um sorriso tão suave que surpreendeu o nobre.

   O feudo estava em guerra com habitantes de outro feudo, e para que a paz fosse selada eles exigiram a moça mais bonita do feudo, e foi assim que Catarina foi designada a levar os mantimentos aos guerreiros pelo caminho errado. Ricardo, como príncipe soube do plano mas não pôde contrariar a voz do rei e a da Igreja, sendo assim ele sozinho foi resolver o problema. Permitindo dessa forma que Catarina vivesse.

   Ricardo nunca tinha visto a "condição" em pessoa. E agora que a tinha visto a achou realmente bonita. O céu estava clareando e Catarina admirava a beleza do céu com seus lindos e vivos olhos, seu rosto expressava suavidade, seus cabelos balançavam à brisa fresca e seus lábios mostravam o melhor sorriso já visto por Ricardo. Por mais que ela emanasse tristeza.

   Os pássaros cantavam alegremente fazendo assim o som ecoar pelo cenário de guerra. Após esse encontro Ricardo designou Catarina sua empregada pessoal, para que assim pudesse tê-la por perto.

   Mas Catarina apenas lhe dava um falso sorriso, com uma falsa gentileza. Ricardo perguntava-se o por quê dela ser infeliz. Criado na realeza não sabia como era o mundo fora do castelo, os servos no castelo para trabalharem tinham de estar sempre bem vestidos e limpos, a razão de Catarina estar limpa e vestindo um simples mas belo vestido.

   Por mais que ela demonstrasse estar contente seus lindos olhos azuis não sorriam. Ela cumpria todas as tarefas arduamente e sem descanso. Para Ricardo, que não passava pelo que Catarina passava, a vida de Catarina era fácil e feliz. Para ver se descobria a razão da tristeza de sua amada ele a seguiu.
 
   Saindo do castelo e chegando no local da moradia dos plebeus. Ricardo não pode esconder a surpresa, as casas pareciam que iam cair a qualquer movimento. Estas eram pobres, e as pessoas também, ele olhou ao seu redor e notou os pobres trabalhadores sujos e com fome passarem por ele com um olhar triste, mas com uma profunda reverência.
 
    Catarina dirigiu-se a uma pobre casa, adentrou-a, como a casa tinha muitos furos e fendas Ricardo pode ver atentamente o que ocorria no interior da casa. Catarina suspirou e disse: "Acho que seu trabalho de espionagem termina por aqui minha majestade." Catarina virou para o príncipe com uma reverência.   
 
   Quando levantou os olhos estes pareciam estar em chamas, era um impressionante encontro de olhares, olhos surpresos contra olhos destemidos e corajosos. O príncipe ficou pasmo, que olhar era aquele? Seus pensamentos estavam nublados, tudo a sua volta estava escuro, ele podia apenas ver aqueles brilhantes olhos azuis fitando-o.

A Fantasma RuivaOnde histórias criam vida. Descubra agora