Presente de Aniversário

18 6 3
                                    

   Helena estava acostumada a acordar sempre no mesmo horário pois segue a rotina de sua mãe, mas por alguma razão ela acordou mais tarde que de costume e incrivelmente descansada. Sempre acordara cansada e sem vontade de realmente fazer algo, mas neste dia para ela tudo seria diferente. Com bastante empolgação levantou e olhou ao redor para ver se sua mãe já partira, o desjejum estava posto e sua roupa arrumada. Resumindo sua mãe já havia partido, se Helena tivesse acordado mais cedo provavelmente teria conversado com sua mãe enquanto ela a servia do desjejum, mas elas ainda nem sequer tinham se encontrado.


   Após finalizar sua pequena refeição, que era mais reforçada porque esta não almoçava, Helena trançou seus cabelos de lado antes de colocar um vestido verde-musgo com uma capa preta que seu pai tinha lhe dado no inverno passado. Colocou também uma pequena bolsinha de couro que utilizava para guardar seu material de pintura, guardou seu material atrás de sua tela virada de costas e foi a busca de seu único par de sapatos. Da primeira vez saiu tão desesperada pela luz do Sol que se esqueceu de colocar algum sapato, digo algum mas helena possuía apenas um par. Era simples, genuinamente de couro no formato de uma sapatilha, confortável e mais grosso na sola para que se locomovesse sem sentir o chão sob seus pés. Sabia que sua mãe voltaria apenas ao entardecer então calculou que teria tempo suficiente de encontrar Brisa e "desvendar" a floresta. Sair para explorar, a sensação de liberdade, o sol em seu rosto, o vento em seus cabelos e o verde me seus olhos, tudo para Helena era o seu maior e mais belo presente de aniversário.


   Arrumou sua cama como de costume e retirou a chave antes depositada debaixo de seu travesseiro, Andou até a porta e a destrancou sentindo o ar de liberdade mais uma vez. Trancou a porta e segui rumo à gruta, estava tão animada que corria o mais rápido que conseguia.  Estou chegando, eu posso ouvir a cachoeira. Não enxergo, cheguei. A cachoeira continuava linda e o rio continuava veloz. Pelo mesmo caminho que foi no dia anterior Helena andava ainda olhando tudo com muita curiosidade. Quando finalizou o caminho sob as pedras procurou um pouco por sua trilha, assim que a achou seguiu por ela na esperança de reencontrar sua amiga, se é que podia chamá-la assim. 


   Por mais que estivesse empolgada e preocupada em ver Brisa Helena não pôde afastar o receio que sentia de Brisa não a reconhecer ou simplesmente ter fingido ser amável anteriormente. Mas resolveu arriscar, era sua companhia sem ser a familiar, quando sua trilha de pedras acabou ela se deu conta de que já havia chegado, olhou ao redor e não viu nem ouviu nada. Resolveu procurar por Brisa seguindo o mesmo caminho por onde o urso havia desaparecido, lembrou-se então de que havia esquecido de pegar mais pedras. Retornou sem tanta necessidade de olhar sua trilha e apanhou o máximo de pedras que conseguia carregar.


   Quando chegou de novo ao fim da trilha Helena iniciou outra seguindo na direção que supostamente o urso estaria, olhava para todos os lados e por mais que entrasse bastante luz solar aquela parte da floresta parecia ir ficando mais sombria a cada passo que dava. Pequenos grunhidos chegaram a seus ouvidos, Helena parou quase instantaneamente e continuou ouvindo tentando localizar a origem do som. Aos seus ouvidos as folhas pareciam estar sendo pisoteados por mais de um animal, resolveu ir seguindo os ruídos ainda marcando a trilha, mas com extrema cautela. Os sons estavam cada vez mais nítidos, mais e mais se podia ouvir dos grunhidos e passos. A medida que avançava mais a floresta ficava clara e com menos árvores. O que está acontecendo com a vegetação? A quantidade de árvores está diminuindo, acho que estou perto de uma clareira. Seus pensamentos estavam certos, Helena chegou em uma pequena clareira. 


   Helena descobriu de onde vinham os barulhos, naquela clareira sua resposta veio da forma mais clara possível. Helena desejava que não tivesse visto isso, mais era tarde de mais, o que ocorreu não pode ser consertado.

A Fantasma RuivaOnde histórias criam vida. Descubra agora