Sorrindo feito boba e ainda desacreditada, Helena andou calmamente sobre o musgo. Ela estava atrás de uma cachoeira. A água caia ferozmente fazendo com que várias gotas respingassem em Helena, ela não sabia por quanto tempo ficou apenas observando a água cair. Calmamente Helena andou até a cachoeira e estendeu os braços deixando assim que suas delicadas mãos cedessem à força da água.
Olhou a sua volta e percebeu que estava em uma espécie de gruta. As pedras úmidas estavam cobertas de musgo, no canto direito da gruta um caminho de pedras contornava a cachoeira. Andando devagar para não escorregar ela seguiu por este caminho, podia ver ao longe a grama.
Ao seu lado a cachoeira despejava -se violentamente, cada vez que ia avançando mais a água ficava calma, até iniciar o percurso do rio. Olhando para baixo via as pedras e a areia com a imagem distorcida. Olhou ao redor percebendo o quão lindo era o céu, as nuvens, o sol, o azul, tudo era perfeito.
Ela parou e encarou a grama, era esquisito mas de alguma forma legal. Ela se perguntou se por estar descalça a grama lhe faria mal, mas depois lembrou dos livros que leu e pisou na grama sem medo. Com os olhos fechados esperando que algo acontecesse, ela sentiu um frescor e seus longos cabelos balançaram com a primeira brisa de verão que ela lembrava de sentir.
Estava tudo tão perfeito, rodeada de verde, com os pés sob a grama, os cabelos e o vestido ao vento. Um sorriso e olhos curiosos, olhando cada mínimo detalhe, iluminavam seu pálido rosto. Não hesitou e resolveu dar uma volta, rapidamente juntou algumas pedras do rio para que não se perdesse.
Os pássaros cantavam para ela, o som era tão belo e suave, a lembrou de quando sua mãe cantava para ela. Enquanto olhava para o alto em busca dos pássaros um barulho a fez parar de encarar a copa das árvores e apurar os ouvidos, o tempo em que passou trancafiada apurou seus sentidos. E novamente ela escutou folhas serem pisoteadas, lentamente Helena esgueirou-se para trás de uma árvore e arriscou espiar.
Um enorme urso estava a encarar o local em que Helena se encontrava, seu corpo estremeceu e um medo que ela nunca havia sentido tomou conta de seu corpo e da sua mente. De costas para a árvore e olhando para a frente enquanto arfava em silêncio uma ideia prevaleceu.
Ursos podem subir em árvores, podem correr mais rápido do que humanos, possuem uma força amedrontadora e são espertos, e por essa última razão eles não gostam de fogo. Ela precisava de fogo, mas como consegui-lo? Meus cabelos podem até ser uma ideia mas ele não lembra fogo, apenas se ele não enxergasse direito daria certo. Helena olhou para baixo e encontrou a solução, se ele enxergava bem a solução seria fazê-lo enxergar mal. Tudo o que necessitava era de uma pedra, coragem, pontaria e sorte.
Tremendo ela silenciosamente se abaixou em direção à pedra hesitando a cada ruído que produzia ou escutava, a pedra que não passava do tamanho de uma maçã pareceu esquisito ao seu toque. Helena nunca teve que fazer uso de pontaria em sua vida, estava nervosa e continuava tremendo quando voltou a sua posição original.
Seu coração estava a mil, os rosnados do mamífero podiam ser claramente escutados por Helena. Eu não posso morrer assim, tenho muito o que descobrir. Por favor alguém me ajude. Não. Não. Como assim? Não posso pedir para alguém me ajudar, se quero viver terei de fazer isso sozinha. Eu tenho que ser forte, tenho de ter coragem. Essas lágrimas não significam nada, respire e se concentre Helena.
Ainda encostada na pedra Helena fechou os olhos e respirou várias vezes até seu coração se acalmar. Pelo som o urso não havia se mexido, ela então arriscou olhá-lo. De sua bocarra escancarada baba escorria, seus dentes afiados estavam a mostra declarando que qualquer coisa que ele mordesse seria estraçalhada sem hesitação, seu corpo enorme e peludo mostrava que ele era bem alimentado, suas garras eram enormes e afiadas e pela coloração de seu pelo percebia-se que se tratava de um urso pardo.
Helena encarou o urso enquanto tentava não demonstrar medo diante daquele par de olhos negros. O urso foi se aproximando, a cada passo que o urso dava mais Helena se apavorava. Era agora. Com uma coragem que ela não sabia de onde tinha tirado, Helena saiu de trás da árvore, e com toda a força que possuía, atirou a pedra.
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A Fantasma Ruiva
Ficção HistóricaNa época do feudalismo um fruto de um amor proibido tentar desvendar o mundo desconhecido por seus olhos cheios de curiosidade. Obs: Fotos provenientes das internet.