Helena não tinha reparado como, mas de alguma forma agora ela se encontrava na entrada da caverna, olhou para si mesma e se desesperou. O vestido estava imundo e com alguns rasgos, o cabelo desgrenhado, suas mãos, joelhos e pés estavam sujos de terra. Até tinha folhas em seu cabelo.
Sem perder tempo Helena prendeu o cabelo em um coque se despiu e entrou na água fria da cachoeira. A água batia em sua cintura, estava gelada e reconfortante. Limpou sua pele o mais que podia esfregando-a, quando se olhou e viu que estava minimamente limpa saiu da cachoeira com cuidado para não escorregar.
Vestiu-se novamente e soltou seus cabelos. O vestido estava um pouco molhado por não ter se secado, mas ignorou e seguiu caminho. Antes que adentrasse o túnel deu um último olhar ao céu e entrou, não sabendo quando o veria novamente. Foi caminhando apressadamente por entre o túnel com medo de ser pega, ficou aliviada assim que viu a porta surgir em sua visão. Antes de abrir a porta dirigiu-se para o canto direito retirando uma pequena pedra de cima de uma pequena chave prateada, Helena a pega utilizando-a para abrir a porta.
Assim que entra no quarto tranca a porta e esconde a chave novamente em sua cama, segue para o baú cheio de roupas na beira da cama. Olha o conteúdo e escolhe um vestido simples marrom claro, ainda com pressa se veste após colocar o outro vestido bem no fundo do baú. Assim que vestida segue para sua penteadeira agarrando um pente, depois que acomodada no banquinho finalmente ergue o olhar para o espelho. Estava vermelha pela correria e com um pequeno arranhão logo abaixo de seu olho direito, Helena se encarava com indiferença até que flashes do que havia ocorrido passassem por sua mente.
Os animais mortos por seu pai, Brisa morta por seu pai. Todas aquelas vidas que foram levadas por uma só pessoa. Antes que pudesse impedir já estava encarando-se miseravelmente com lágrimas rolando. Não fez questão de limpá-las, apenas observou-se chorando por um tempo ainda presa àquelas imagens. Lembrou-se também dos pequenos ursos que haviam perdido sua mãe, e quão inocentes olhavam para o corpo de sua mãe. Cansada de só chorar Helena limpou suas lágrimas que já escorriam pelo queixo e começou a pentear os cabelo, tarefa difícil pela movimentação de hoje. Mesmo assim aquilo lhe tirava das lembranças em que estava presa.
Estava tão perdida que nem se deu conta de que sua mãe descia as escadas com um prato fumegante em mãos, rapidamente levantou-se e retirou o prato de sua mão com um agradecimento.
"O que que houve querida?" Realmente sua mãe não perdia nada.
"Nada de importante, só pensand... " Antes que pudesse terminar a frase as mãos de Catarina encontraram caminho até as bochechas de Helena. Ah não.
"O que foi isso?" Os olhos de Catarina escureceram rapidamente e seu tom saiu seco, embora Helena conseguisse perceber a preocupação que carregava.
"Não foi nada, apenas me arranhei com a unha, por quê?" Parecendo visivelmente mais aliviada Catarina soltou o rosto de Helena e suspirou.
"Apenas preocupação querida, agora coma o seu jantar que eu já volto." Finalizou a frase com um carinho na bochecha machucada e sorriu, aquele sorriso parecia tão sincero vindo daquele rosto jovem e bem moldado, só que aos olhos de Helena ele carregava um grande tom de preocupação e angústia. Catarina se virou enquanto sua filha apoiava o prato na penteadeira, o som das escadas se mexendo fez Helena se virar como se fosse a primeira vez que o escutava. Antes que Catarina desaparecesse por completo Helena não se segurou e perguntou.
"Quando poderei sair?"
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A Fantasma Ruiva
Fiksi SejarahNa época do feudalismo um fruto de um amor proibido tentar desvendar o mundo desconhecido por seus olhos cheios de curiosidade. Obs: Fotos provenientes das internet.