Acordei com a Marlene a bater na minha porta para avisar que ela estava a ir levar o Rocco na escola e depois ela o levaria para o hospital para visitar o Pietro. Concordei e perguntei onde o Luigi estava.
Quando a Marlene saiu decidi ir até o quarto do Luigi. Bati na porta, mas ninguém respondeu,logo pensei que ele ainda estivesse a dormir então abri a porta e dei de cara com uma cena assustadora, o Luigi e a Georgia estavam aos beijos, há algo mais assustador que isso? Sim, a parte em que eles dizem que não namoram.
— Mahália, tu não sabes bater? - O Luigi pergunta assim que me percebe.
— A questão não sou eu, são vocês. Vocês não sabem trancar a porta? - Pergunto. — Depois ainda dizem que não namoram... - Comento baixo.
— Disseste o quê? - O Luigi pergunta.
— Nada, meu querido e amado irmão. - Digo a sorrir. — Eu vou aí em baixo comer qualquer coisa, se vocês quiserem, vistam qualquer coisa e me encontrem lá em baixo. - Aviso.
— Ainda não vai Mahália, eu preciso te contar como foi. Foi maravilhoso, não foi Lu? - A Georgia provoca.
— Foi óptimo. Você precisa experimentar Mahália. - O Luigi diz.
— Okay já chega! - Digo para os dois que começam a rir da minha cara.
— Mas é sério, o Caleb quer muito experimentar contigo, capta o sinal. - O Luigi diz e pisca-me um dos olhos.
— Vai a merda Luigi. - Atiro-lhe com um dos sapatos dele que estava no chão.
— Uh, olha só para quem já diz uma ofensas leves... - A Georgia provoca.
— Vocês dois se merecem mesmo! - Digo e saio do quarto.Vou para o meu quarto e não demora muito até alguém bater na porta.
— Entra! - Digo. — Se vieram chatear-me é melhor voltarem. - Aviso.
— Só apenas eu Lia. - A Georgia diz.
— Lia? - Questiono-lhe.
— Sim, Lia. É mais fácil de lembrar. - Ela diz e se atira na minha cama.
— Mas o meu nome é Mahália e não Lia. - Digo.
— Lia e ponto final, eu gosto de Lia, deixa de ser chata amor. - Ela diz. — Eu vim aqui para saber sobre... você sabe. - Eu não queria falar sobre isso.Olhei para a porta com os olhos arregalados.
— O Luigi não vai ouvir, ele acabou de descer. - Sinto um alívio depois de ela ter falado aquilo. — Conta, aconteceu? - Ela pergunta apreensiva.
— Não...
— E como é que você conseguiste o dinheiro?
— Eu não quero falar sobre isso Georgia, não agora por favor.
— Okay, eu vou respeitar. Só me diz que ele não te fez mal... - Ela diz.
— Não... Ele não fez. - Digo e ela assente com um sorriso. — Vejo que já não está de castigo. - Tento disfarçar e mudar de assunto.
— Por acaso até estou. - Ela diz normalmente enquanto se exibe com a camisola do Luigi vestida.
— E o quê que fazes aqui? Quando o teu castigo termina? - Pergunto confusa.
— Eu fugi, nesse momento os meus pais devem estar a pensar que estou na universidade. O meu castigo nunca termina, eu sempre apronto ou quebro as regras, então ele só aumenta. - Ela diz com um sorriso no rosto o que me deixa um pouco assustada.
— Você não pensa em não quebrar as regras? - Pergunto-lhe.
— Não, porque por mais que faça tudo certo para os meus pais e irmãos vai estar sempre errado. 99 acertos e 1 único erro, adivinha para onde eles irão olhar?Quando ela me disse aquilo eu lembrei do meu pai. Que não importava o quanto me sacrificasse para estar tudo bem, o mais pequeno deslize e era tudo jogado para cima de mim. Talvez eu seja mais parecida com a Georgia do que imagino.
— Os teus irmãos não te ajudam? - Pergunto na esperança de que ela tenha um irmão como o Luigi para lhe defender tal como o Luigi faz comigo.
Ela se ri antes de responder: — Não! As cobras que tenho dentro de casa estão sempre preocupadas com elas mesmas, ou em me prender, como eu já havia dito, eu sou a rebelde. Há sempre alguém para honrar o nome da família. - Ela abana a cabeça. — Só para você ver como eu os honro, eu faço medicina tal como os meus pais, a minha irmã mais velha fez moda, o meu irmão, enfim desse não há o que dizer... e a outra fez advocacia, vês como eu sou a desobediente. - Ela diz com um sorriso meio triste, nota-se que ela também tem problemas em casa.
— Tu não falas com o teu irmão? - Pergunto.
— Falamos, oh como falamos. Você acredita que ele mandou dar uma surra na pessoa que supostamente "namora comigo"?! - Ela diz incrédula e eu me assusto, afinal o Luigi nunca falou sobre isso.
— Sério? - Pergunto incrédula.
— Yeah, ele diz que não foi ele, mas eu sei que foi. Ele faz sempre isso quando descobre que estou a me envolver com alguém. Quer ser o irmão bom da fita e eu com isso?! Eu gosto de ser a filha má da fita, me sinto a estrela quando chego nas reuniões de família. Tem sempre algo que eu não fiz, mas que dizem que fiz, antes me defendia, agora já nem perco tempo a fazê-lo.
— Tu não te importas de ser acusada?
— Antes sim, agora não. É que agora eu cresci e vi que não adianta discutir porque a verdade vem sempre à tona. - Ela diz. — Baby, nos vemos depois agora preciso ir ter com o Lu. - Ela diz.
— Quem é o Lu? Ahnm lembrei, deixa estar. - Ela ri-se e sai do quarto.— Georgia? - Chamei por ela assim que ela saiu.
— Sim boneca? - Ela tem um sorriso amigável no rosto.
— É normal gostar de alguém que só te faz mal, quer dizer, ele não é mau de todo, ele faz algumas coisas boas, mas você sabe que vão sempre se voltar para as coisas más, é algo mais ou menos assim... é confuso... É normal? - Pergunto e ela olha para mim com uma cara estranha.
— Não vou perguntar nada, só vou dizer-te uma coisa, isso é doença. - Ela diz e dá-me um beijo na testa e volta a sair.Eu já sabia a resposta, mas eu acho que precisava mesmo que alguém me dissesse, mas e agora? Mudou alguma coisa?
Tomei banho e vesti. Fazia muito tempo que não ia a igreja, então decidi ir sozinha, até porque se eu falasse para o Luigi ele não me deixaria sair com medo do que me poderia acontecer e eu precisa pensar.
— Mahália, quanto tempo. - A senhora Avelina diz assim que me vê na igreja. Eu ainda me sentia pouco à vontade depois da situação lá em casa.
— É... - Digo sem jeito e deixo escapar um sorriso. — Como vai a senhora? - Pergunto.
— Eu vou bem, graças a Deus. Ontem estivemos no hospital com a sua família. E você como tem estado? Oh, meu Deus e esses hematomas? - Ela pergunta assustada.
Eu esqueci-me absolutamente dos hematomas notáveis no rosto.
— Eu estou bem, aconteceu um acidente apenas. - Digo sem entrar em detalhes.Ela abana a cabeça em concordância e não faz muitas perguntas ao notar que não queria falar.
Fiquei na igreja por umas boas horas. Ainda bem que não tenho telemóvel, porque se tivesse a essa hora acho que já estaria cheio de mensagens e telefonemas do Luigi.
Saí da igreja a caminhar quando me deparei com o Henrico no caminho. Ele se ofereceu para acompanhar-me até casa. Aceitei e fomos para a casa a caminhar. Aproveitamos para colocar a conversa em dia e eu aproveitei para me desculpar outra vez.
Assim que chegamos na rua ouvia-se uma música bem alta e o som parecia mais alto a cada vez que nos aproximávamos, era algo que não era característico daquela rua. As pessoas não davam festas e quando as faziam era algo bem respeitoso, então o que poderia estar a acontecer agora? Quem era o responsável por causar mal estar e desconforto à vizinhança?
Não precisei me questionar mais até ver a entrada da minha casa cheia de gente. Pessoas a fumarem e a beberem na porta de fora.
Apresso os passos e deixo o Henrico para trás. Logo sinto alguém me puxar para trás.
— Aonde é que você vai Mahália? - O Henrico pergunta.
— Eu vou parar a loucura e a irresponsabilidade do Luigi. - Digo furiosa.
— Eu vou contigo. - Ele diz e juntos apressamos os passos.Logo que entrei em casa não vi o Luigi. Só um monte de gente a se agarrar nos sofás da sala. Segui para a cozinha e nada. Nem ele, nem a Georgia e os mais importante o Rocco e a Marlene. Fui até a parte de cima e nada. Voltei a descer com o Henrico até que ouvi a voz do Luigi lá fora. Saí a correr atrás dele.
— O quê que tu pensas que estás a fazer com a nossa casa? - Pergunto chateada o encarando.
— Relaxa Mahália. - Ele diz com um sorriso enorme no rosto.
— Relaxa? - Me exalto e sinto o Henrico segurar-me. — Relaxa uma ova, estás a passar dos limites Luigi. - Grito no rosto dele.
— A Mahália tem razão! - O Henrico concorda comigo.
— Cala a boca que a conversa ainda não chegou aí. - O Luigi diz para o Henrico.
— Tu não podes mandar-lhe calar, tu estás errado e precisas acabar com isso já! - Digo.
— Mahália, quer saber, cala você também. - O Luigi diz já exaltado.Eu e o Luigi estávamos tão empenhados em discutir que nem nos apercebemos do que se estava a passar.
— Luigi, Mahália! - Paramos de discutir quando ouvimos a voz da Georgia. — O vosso pai está lá dentro e quer falar com vocês agora! - A Georgia avisa e o pânico em nós se instala.

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Mahália
RandomEles eram três e eu apenas uma. Poderia eu repartir o meu coração e dividi-lo em três partes iguais? Ou poderia eu tirar um pedaço enorme e escolher a quem deveria dar? Era um triângulo, um triângulo equilátero, enquanto eu não sabia o que fazer...