Ouvir aquilo dele me deixou surpresa, tenho de confessar.
— Eu acho que não sou eu que tenho que prometer, mesmo quando eu não faço nada você me maltrata... Não tenho opção. - Digo sem tirar os olhos do pôr do sol.
Ele ficou calado por um tempo sem dizer absolutamente nada. Apenas fazia carinho na minha cabeça, mas não dizia nada.
— Vamos tomar banho. - Ele diz depois de muito tempo calado.
Ele levantou primeiro e depois ajudou-me a levantar.
Caminhamos de mãos dadas até à casa em silêncio. O silêncio podia parecer desconfortável e constrangedor, mas desde que ele estivesse aí a segurar a minha mão isso não me importava.
Subimos as escadas até o quarto dele sob o olhar dos empregados curiosos. Assim que entramos no quarto ele mandou prepararem o seu banho. Não demorou muito para que tudo estivesse pronto.
— Eu... vou... tomar banho noutro quarto. - Eu estava meio nervosa.
— Não. - Ele segura a minha mão antes que me mova daí. — Por favor...
"Sério que ele disse por favor? Claro que não, deve ser coisa da minha cabeça."
— Você disse por favor? - Pergunto meio surpresa.
— Porra Mahália...
— Eu só quero me certificar de que ouvi o certo.
Ele não disse mais nada, apenas tirou a roupa sem se incomodar com a minha presença e foi até a casa de banho.
— Vens ou não? - Ele grita.
— Daqui a nada. - Grito de volta.
Eu não sei se devo, nada disso me parece muito real. Estou com medo de mergulhar e me afogar.
Começo a tirar a roupa e vou para a casa de banho só de roupa íntima. Ele se assusta com a minha presença, afinal ele estava na banheira de olhos fechados a ouvir música.
— Quer que lhe ajude a tirar? - Ele refere-se ao sutiã ao notar a minha dificuldade em abri-lo.
— Não é necessário. - Digo sem graça.
Mesmo a dizer que não ele vem até mim e ajuda-me a tirá-lo.
— Obrigada. - Agradeço-lhe.
— Também quer que lhe ajude a tirar a parte de baixo? - Ele pergunta e eu nego retirando-as eu mesma.
Com a ajuda dele entrei na banheira e fiquei sentada entre as pernas dele.
Pela primeira vez eu estava com ele desprovida de qualquer roupa e nada aconteceu. Nenhum toque incomum, nenhum olhar perverso, nada, simplesmente nada.
— Feche os olhos. - Ele ordenou.
Depois de fechar os olhos senti ele massagear o meu couro cabeludo como se estivesse a lavá-lo. Massageou por mais tempo até enxaguar o meu cabelo.
Eu estava deitada sobre o seu peito enquanto ele apoiava a cabeça na banheira.
— Seus batimentos estão irregulares, passasse alguma coisa? - Pergunto ao notar.
— Não... - Ele apenas diz, sem abrir os olhos.
— Não me vai dizer? - Insisto.
— Odeio perguntas, só cala a boca e relaxa. - Ele soa meio rude, mas parece tentar controlar-se.
Acabamos de tomar banho e fomos para o quarto.

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Mahália
De TodoEles eram três e eu apenas uma. Poderia eu repartir o meu coração e dividi-lo em três partes iguais? Ou poderia eu tirar um pedaço enorme e escolher a quem deveria dar? Era um triângulo, um triângulo equilátero, enquanto eu não sabia o que fazer...