Capítulo 54

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"O quê? Eu não acredito que ele está a fazer isso comigo. Tudo por causa da porcaria de um telefonema? Ele não podia ser tão baixo até esse nível ou será que podia?"

Esses pensamentos estavam a matar-me. Uma parte de mim queria dar as costas e ir embora, enquanto a outra queria abrir aquela porta e mandá-lo engolir a porcaria desse anel de noivado.

Larguei a maçaneta e decidi dar ouvidos a parte de mim que dizia que era melhor ir, porque isso não valia a pena.

Enquanto caminhava em passos lentos naquele corredor as lágrimas insistiam em cair, estúpidos hormônios.

— Keid já disse para parar, isso dói, ai. - Oiço a voz irritante dela outra vez e mais lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Eu já sabia que eles se estavam a divertir imenso, era desnecessário que eles me fizessem ouvir aquilo. Eles que apodreçam e ardam no fogo do inferno. Que Lúcifer os carregue com ele. Esses ímpios, cains, filhos de Nabucodonosor.

Passei reto pela sala sem olhar para a cara de ninguém. Quando cheguei no quarto fechei a porta devagar para não chamar a atenção de ninguém. Fui pra o quarto de banho lavar o rosto que estava sujo com as lágrimas. Troquei de roupa e coloquei um pijama azul e branco com desenhos de unicórnios, deitei na cama e tentei me acalmar o máximo, mas esses estúpidos hormônios não deixavam.

Eu estava debaixo das cobertas a tremer e a chorar, aposto que os meus olhos já estejam inflamados e com o cabelo completamente despenteado eu devo parecer um zombie. Não sei há quanto tempo estava naquele estado, mas pela hora parecia que já era muito. Eu simplesmente não conseguia dormir e aquele silêncio matava-me, mas não matava-me mais que o facto de ele nao estar no quarto.

Acho que já eram 3 horas da manhã quando ele entrou no quarto. Seu cheiro a álcool fez-me levantar da cama e correr para o quarto de banho.

Ajoelhei-me perante a sanita e comecei a vomitar. Enquanto vomitava senti o meu cabelo ser puxado para trás como se estivesse a ser amarrado num rabo de cavalo.

— Não me toca! - Grito e o afasto de mim.
— Qual é o teu problema? - Ele pergunta sem paciência. — Eu só que quero te ajudar. - Ele observa-me levantar e começar a lavar o rosto.
— Eu não preciso da tua ajuda. - Digo assim que termino de lavar o rosto e o encaro. — Vai tomar banho que você está bêbado. - Começo a andar em direção a porta e ele me impede.
— Eu não estou bêbado, eu bebi sim, mas eu não estou bêbado. Eu entendo que você esteja grávida, mas eu não vou aturar o teu mau humor que você coloca por cima da gravidez, não é assim que as coisas funcionam. Você já é adulta então porta-te como tal. - Ele diz severo e eu puxo o meu braço.
— Se for para ser adulta como você, então eu não quero. - Ele me olha com uma cara de quem diz "o quê que estás a tentar dizer com isso?". — Eu não preciso que te finjas de bom para mim depois de te divertires com aquela mulher que tem nome de ingrediente para sopa. - Digo e vou para o quarto enquanto ele vem atrás de mim.
— O quê que Brígida tem a ver com isso? - Pois, pois. Ele quer me fazer de idiota.
— Para com isso, seu Caim. Pensa que eu não sei que você andou a fazer sexo com ela no escritório?! Pensa que eu não ouvi ela a pedir para parares?! Keid por favor né. - Falo num tom um pouco alto já que ambos estávamos alterados.
— Eu não fiz sexo com ela. Tá maluca?! Quantas vezes eu tenho que te dizer que isto não vai acontecer?! Eu não tenho nada com ela, não terei também. Você acha que eu te pediria em casamento e depois iria dormir com outra? Isso nem faz sentido Mahália! O teu problema é esse, tira conclusões precipitadas das situações, custa alguma coisa perguntar? Parece que sim. Para a tua boa informação eu não dormi com ela. Você é que sabe se acredita ou não, até porque eu não estava sozinho com ela no escritório. E mais uma coisa, a próxima vez que tentar me ofender use palavras a sério, não me senti nenhum bocado ofendido quando você me chamou de Caim. - Ele diz e pega numa almofada.

MaháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora