Capítulo 102- Custe o que custar!

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Karla narrando

Policial: Garotas, vocês devem voltar agora!- O policial continua insistindo.
Carolayne: NÃO!- Carolayne grita.
Karla: A Anna ainda não voltou! Não vamos sair daqui sem ela!- Eu e Carolayne cruzamos os braços e ficamos com cara de crianças de 6 anos emburradas.
Policial: Iremos acha-la, mas vocês tem que ir!
Carolayne: Não e não! Não saímos daqui sem a Anna!
Policial: Me desculpem, mas vão ter que voltar por bem ou por mal. Iremos achar ela! Ela sumiu a pouco tempo, então não deve estar longe, agora, por gentileza, entrem naquele carro e voltem para suas casas ou vou ser obrigado a às levarem a força!- O policial diz com um tom de voz mais autoritário.
Karla: Mas...
Policial: Garotas, por favor, voltem para o carro!- O policial ordena.

Carolayne e eu ficamos de cara feia, mas obedecemos e andamos lentamente até o carro, com a esperança de que no caminho até o carro a Anna acabe surgindo do além, brotando do chão ou qualquer outra coisa que faça ela aparecer.

Nossa esperança vai por água abaixo quando entramos no carro e ela não aparece. O policial que está no banco do motorista pisa no acelerador e sai do lugar.

Eu e Carolayne nos olhamos e então vejo que seus olhos estão começando a lacrimejar, assim como os meus. Cada uma fica de um lado do carro apreciando a paisagem do local por onde estamos passando pela janela do carro.

Luto para impedir que uma lágrima escorra, mas percebo que perdi a luta quando a terceira lágrima escorre do meu olho direito.

Não era pra eu estar assim, eu sei! Eu e a Anna não nos suportavamos! Ela sabotou meus produto de banho na aula de educação física, jogou suco no meu cabelo na frente de todo o colégio, já me xingou de tudo que você possa imaginar e mais algumas coisas, mas, de alguma forma, não tela por perto e saber que ela pode estar sofrendo enquanto estou aqui, livre, não fazendo nada para ajuda-la me dói.

Eu estava acabada. Ninguém chegava perto de mim, era conhecida como " A puta do colégio", apanhava da Maria sem motivo, estava sozinha, e o pior, era mal tratada pela própria mãe, mas aí a Anna me achou, com os pulsos ensanguentados e simplesmente resolveu me ajudar, mesmo me odiando profundamente. Se não fosse por ela, hoje eu poderia ainda estar sofrendo bullying pelo colégio todo, sendo obrigada a aturar tudo o que minha mãe fazia comigo calada, ou até pior, eu poderia ter desistido! Eu poderia não ter aguentado tudo e simplesmente ter desistido de tudo!

Quando eu estava sozinha, sem ninguém, ela e o Matt estavam lá. Nunca conseguirei agradece-los o suficiente.

Sinto um aperto no meu coração e mais lágrimas caem. Sinto uma mão no meu ombro e quando me viro, vejo Carolayne. Não me preocupo em limpar nenhuma lágrima, pois, assim como eu, Carolayne está aos prantos.
Carolayne: Ela vai ficar bem! Eu sei que vai! A Anna é forte! Ela vai voltar! Nós vamos conseguir trazer ela de volta, custe o que custar! Aquela louca vai voltar e continuar nos atazanando por um bom tempo!- Carolayne diz e tenta sorrir, mas sua tentativa não dá muito certo.
Karla: Eu quero acreditar nisso! Eu quero muito, mas você viu como ela estava! Ela estava machucada, cheia de marcas! Estavam machucando ela e talvez algo pior!- Digo.
Carolayne: Eu sei, mas agora não podemos pensar no pior.- Carolayne diz e eu seco uma lágrima do meu rosto.

Voltamos a olhar a paisagem do caminho pela janela enquanto o silêncio voltava a tomar conta do carro.

...

O policial estaciona e logo em seguida, desce do carro. Carolayne e eu fazemos o mesmo e seguimos o policial até a delegacia.

Passei o caminho todo pensando em uma forma de contar isso para o pessoal de uma forma que não vá deixar todos acabados, mas então percebi que não há nenhuma forma de evitar isso.

Quando me dou conta, já estamos na porta da delegacia. Carolayne e eu nos olhamos, respiramos fundo e então entramos. Assim que Julia, Manu, Matt, João, Brayan, Eduardo, Pedro, Mariana, Elena, Thiago, Micael, Isabella, Rodrigo, Paula e Flávio percebem nossa presença, correm até nós.

Rodrigo me abraça e sussurra no meu ouvido um " Que bom que está bem". Flávio e Paula abraçam Carolayne como se não a vissem a anos e a mesma tenta retribuir o abraço, mas sua tristeza é tanta que ela não consegue retribuir o abraço com tanto carinho quanto está recebendo.
João: Cadê a Anna?- João pergunta, claramente desesperado.
Policial: Ela...- O policial começa, mas eu o corto.
Karla: Não, eu e Carolayne contamos.- Digo e todos nos olham preocupados.
João: O QUE ACONTECEU COM A ANNA?!- João pergunta um pouco alterado.
Carolayne: Acho melhor todos se sentarem e se acalmarem.- Carolayne diz.
Pedro: FALA LOGO CRIATURA!- Pedro grita.
Carolayne: Ok. Quando chegamos, os policiais imediatamente invadiram o local e começou um tiroteio. De repente, várias garotas começaram a sair da velha prisão onde estávamos. Uma delas falaram que uma garota, com exatamente as mesmas características da Anna soltou ela e mais uma garota. Todas as garotas que saíram confirmaram dizendo que essa mesma garota, que no caso é a Anna, também havia lhes soltado. A Anna soltou todas aquelas garotas! Ela pensou primeiramente nelas e depois em si mesma! Ela preferiu salvar aquelas garotas antes de se salvar!- Carolayne diz e começa a chorar.
Matt: A Anna está...- Matt começa, com os olhos lacrimejando, mas eu o corto.
Karla: Não... eu acho que não. Melhor eu continuar. Depois que todas as garotas fugiram, a Anna finalmente apareceu. Ela falou com um policial e depois veio falar com nós. Conversamos um pouco e depois eu falei para irmos para o carro. Ela disse para irmos primeiro, por que ela ainda queria falar com um dos policiais. Antes que eu e Carolayne respondessemos algo, ela saiu andando. Desde então, ela sumiu! Ela simplesmente desapareceu! Ficamos esperando ela por mais de uma hora, mas nada! Um dos policiais nos obrigou a voltar e prometeu que iriam procura-lá.- Digo e luto o máximo possível para impedir que uma lágrima caia.
Manu: Mas... ela está bem?- Manu pergunta e eu nego com a cabeça.
Karla: Ela estava machucada. Seu braço estava totalmente ensanguentado e tinha várias marcas roxas pelo corpo.- Respondo.

Elena e Isabella começam a chorar e Micael e Thiago as abraçam, com expressões tristes no rosto. Os olhos de Julia se enchem de lágrimas e Brayan a abraça, claramente triste. Manu, Mariana, Pedro e Eduardo sentam no chão, parecendo não acreditarem que isso tudo está mesmo acontecendo. Rodrigo me abraçou mais forte, e por mais que a Anna infernize a vida dele, consego ver em seus olhos que ele também está triste. Flávio e Paula não apresentam nenhuma expressão triste, provavelmente pelo fato de não serem muito chegados a Anna. Matt está encostado na parede e seu olhar transmite tristeza e ódio ao mesmo tempo. Seus punhos estão levemente fechados, pois ele não tem forças para fecha-los com força.

O João, bem, não consigo ver muito bem a expressão dele. Ele está afastado de todos, encostado na parede, de cabeça baixa e seus punhos estão severamente fechados.
Carolayne: Agora teremos que ter fé e esperar que a polícia a encontre o mais rápido possível.- Carolayne diz depois de longos minutos de silêncio.

Todos já pararam de chorar, pois não há mais lágrimas para cair, mas todos permanecem com a expressão triste no rosto.
João: Não...- João diz e todos olham para ele. Ele ainda está de cabeça baixa e seus punhos estão fechados com mais força do que a minutos atrás.
Thiago: O que?- Thiago pergunta, confuso, assim como todos nós.
João: NÃO! EU NÃO VOU FICAR AQUI PARADO DE BRAÇOS CRUZADOS ENQUANTO A ANNA PODE ESTAR EM QUALQUER LUGAR COM QUALQUER PESSOA! NÃO VOU FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS ENQUANTO ELA PODE ESTAR SOFRENDO! EU NÃO SEI VOCÊS, MAS NÃO VOU FICAR PARADO ENQUANTO EU NÃO A VE-LA PESSOALMEMTE, VIVA OU NÃO!- João grita de cabeça erguida, deixando todos boquiabertos.

Logo em seguida, João sai da delegacia, empurrando todos que estão em seu caminho.

João narrando

NÃO! NÃO É POSSÍVEL!

Mas que droga! Por que a Anna tem que se importar tanto com as pessoas?!

Ela poderia estar aqui, agora, com todos nós! Ela poderia estar coberta de abraços! Ela poderia estar aqui, colocando um sorriso no rosto de cada um de nós!

Sim! Eu sei que ela me odeia e eu não me importo! Posso viver com ela me odiando, desde que ela esteja bem e feliz!

Eu não vou parar! Não vou descansar enquanto eu não achar aquela garota! Sozinho ou não, eu vou acha-la, custe o que custar!





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