Capítulo 122.- "Você não é meu pai!"

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Tá, eu sei que é estranho logo eu estar falando esse tipo de coisa para o João e eu estou começando a me arrepender.
João: Tá, espera, estou tentando processar sua palestra...- João diz. Idiota sendo idiota.
Matt: Só não mágoa a Anna!- Saio do quarto antes que eu perca a paciência com ele.

No caminho até a porta, encontro Eduardo, mas o ignoro. Saio da casa deles e volto para a casa da Anna. Toco a companhia e o Thiago abre a porta, mas antes que ele possa dizer algo, entro na casa e vou até o quarto da Anna.

Abro a porta e encontra a Anna na cama, com a Shiva no colo.
Anna: Agora posso saber aonde você foi?- Ela me olha com um olhar desconfiado.
Matt: Eu fui na casa do Eduardo falar com ele.
Anna: Sobre o que?
Matt: Sobre alguma coisas.
Anna: Que coisas?
Matt: Quer assistir The Walking Dead?- Pergunto mudando de assunto, na esperança de fazê-lá mudar de assunto também.
Anna: Quero!- Ela diz animada e pega o controle.

Anna narrando

Obriguei o Matt a assistir séries comigo até as 23:00, até que a Sophia liga pela terceira vez mandando ele ir para casa. Dessa vez eu deixo ele ir. Acompanho ele até a porta e assim que ele sai, me viro e encontro Elena, Thiago, Isabella e Micael de braços cruzados me encarando. Agora eu não escapo.
Anna: Eita! Olha a hora! Melhor eu ir dormir! Durmam com os anjos!- Tento escapar, mas Micael bloqueia minha passagem.
Anna: Eu estou ferrada, né?- Pergunto e Elena assente.

Desisto de tentar escapar e vou até a sala acompanhada pelos quatro. Sento no sofá e os quatro ficam em pé na minha frente.
Anna: Quem vai começar com o sermão?- Pergunto.
Elena: Anna, eu não sei como você ainda não foi expulsa! Todo mês somos chamados no mínimo 5 vezes na diretoria por conta da sua rebeldia!
Anna: A culpa não é minha se os professores não aguentam uma aluna que não abaixa a cabeça pra eles!
Elena: Não são só os professores! Você está sempre arrumando briga com aquelas cinco garotas também!
Anna: Se eu não abaixo a cabeça nem para os professores vá lá para aquelas cinco galinhas atropeladas!
Thiago: Mas você não pode...- Thiago começa, mas eu o corto.
Anna: Você fica na sua por que você não tem nenhum direito sobre mim! Não venha me dizer o que eu posso ou não fazer!- Levanto do sofá e fico frente a frente com o Thiago. Automaticamente, já começo a ficar irritada.
Thiago: Você gostando ou não eu sou seu pai e tenho total direito sobre você!- Ele diz com uma voz um pouco mais alterada.
Anna: Meu pai?! MEU PAI?! VOCÊ NÃO É E NUNCA FOI UM PAI! VOCÊ NUNCA CUIDOU DE MIM OU DA ISABELLA! A ÚNICA PESSOA AQUI QUE TEM ALGUM DIREITO SOBRE MIM É A ELENA POR QUE ELA SIM PASSOU A VIDA TRABALHANDO DURO E DEIXANDO DE SE DIVERTIR PRA CUIDAR DE DUAS CRIANÇAS ENQUANTO O PAI FICAVA POR AÍ SE DIVERTINDO E VIVENDO SUA VIDA DE MILIONÁRIO!- Grito, totalmente alterada.
Thiago: EU SEI A MERDA QUE EU FIZ! NÃO PRECISA JOGAR NA MINHA CARA TODAS AS VEZES QUE NOS FALAMOS!
Anna: SIM! EU PRECISO E VAI SE ACOSTUMANDO POR QUE VAI SER ASSIM ENQUANTO EU ESTIVER VIVA! NA HORA DE TRANSAR COM A MINHA MÃE FOI UMA MARAVILHA, MAS DEPOIS NÃO FOI HOMEM O SUFICIENTE PRA ARCAR COM AS CONSEQUÊNCIAS! VIVIA NOS BARES ENQUANTO MINHA MÃE DAVA DURO PRA CUIDAR DE MIM E DA ISABELLA! VOCÊ ACHAVA QUE ELA ERA SUA ESCRAVA E AINDA POR CIMA ERA UM COVARDE! BATIA NA MINHA MÃE POR QUE ELA QUERIA UM POUCO DE DESCANSO! BATIA NELA POR QUE ELA QUERIA QUE VOCÊ FICASSE ALGUMAS HORAS COMIGO E COM A ISABELLA PARA ELA PODER DESCANSAR UM POUCO! MINHA MÃE MORREU E VOCÊ SIMPLESMENTE SUMIU, DEIXANDO EU E ISABELLA COM A ELENA! AGORA VOCÊ VOLTA QUERENDO SE FAZER DE PAPAI BONZINHO?! A ISABELLA PODE SER TROUXA E TE PERDOAR, MAS EU NÃO VOU! NUNCA IREI! VOCÊ NÃO MERECE PERDÃO!- Cuspo as palavras na cara dele e antes que alguém diga algo, saio de casa com os olhos cheios de lágrimas, mas não lágrimas de tristeza, e sim de raiva.

Sento na calçada e deixo as lágrimas escorrerem. Abaixo a cabeça e abraço meus joelhos. Fico assim por alguns segundos, até que sinto uma mão no meu ombro. Levanto a cabeça e olho para o lado.
João: Quer me contar o que aconteceu?- João pergunta enquanto se senta ao meu lado.
Anna: Nada, não aconteceu nada.- Minto e limpo as lágrimas que ainda estavam escorrendo.
João: Anna, eu te conheço. Você não fica assim por nada.
Anna: Eu não quero falar João!- Digo, já um pouco mais grossa do que eu queria.
João: Anna...
Anna: Eu não quero falar!- Repito e levanto da calçada. João se levanta e fica parado na minha frente.

Me viro para ir embora, mas João me puxa para um abraço. No começo tento recusar, mas depois de um tempo me entrego ao abraço.
João: O que aconteceu?- João pergunta novamente.
Anna: É o Thiago. Toda vez que eu olho pra ele eu sinto raiva. Toda vez que eu olho para ele me lembro de quando eu era bebê e assistia enquanto ele batia na minha mãe. Lembro de ver minha mãe chorando todos os dias. Eu sei que eu era uma simples bebê e não deveria me lembrar dessas coisas, mas desde quando ele voltou, eu comecei a lembrar. Não consigo olhar pra ele sem ver o bêbado covarde que ele era. Não consigo ver ele como um pai.- Desabafo.
João: E não deveria. Ele não é e nunca foi um pai. Ele não merece seu perdão. Sem falar que foi ele quem perdeu quando não pode ver você crescer e se tornar essa garota linda que você é hoje.- Ele continua me abraçando.

Um sorriso escapa do meu rosto e eu me sinto muito melhor.
Anna: Melhor eu voltar.- Digo e saio do abraço.
João: Quer que eu entre com você?- Ele pergunta e eu penso em recusar, mas penso melhor.
Anna: Quero.- Repondo e ele sorri.

Abro o portão e entro. Vou até a porta da frente e respiro fundo. Sinto algo tocar minha mão e quando eu olho, vejo que o João está segurando minha mão. Olho para ele e o mesmo da um meio sorri.

Abro a porta e entro na casa acompanhada pelo João. Elena, Isabella, Micael e Thiago ainda estão na sala. Todos eles me olham e ficam surpresos ao ver eu e o João de mãos dadas.
Thiago: Filha...- Thiago começa, mas eu o corto.
Anna: Filha o caralho! Eu não sou sua filha e você nunca será meu pai!- Repondo e subo as escadas correndo, puxando o João.

João narrando.

Anna me puxa até o seu quarto. Entramos no mesmo e ela tranca a porta.

Anna se senta na cama e pega a Shiva no colo.
João: Então... como ela está?- Pergunto tentando quebrar o silêncio.
Anna: Ela se adaptou bem rápido ao meu quarto, apesar de comer um pote de ração a cada 4 horas.- Ela sorri enquanto acaricia a Shiva.
João: Você leva jeito com animais.- Digo e continuo em pé ao lado da porta.
Anna: Pode sentar aqui, não precisa ficar aí. Eu não sou de vidro.- Ela ri e eu vou até a cama.

Me sento ao seu lado. Ela coloca a Shiva na cama dela que fica ao lado do cama da Anna e volta para a cama.
João: Ainda está mal?
Anna: Só com um pouco de raiva.
João: Só nunca deixe ele nem homem nenhum mandar em você.- Sorrio. O silêncio toma conta do quarto, até que Anna decide quebra-lo.
Anna: João...
João: Diga.
Anna: Obrigado.- Ela sorri.
João: De nada.- Sorrio.

Me aproximo da Anna e deito na cama. Puxo ela e a mesma deita ao meu lado, apoiando sua cabeça do no peito.

Ficamos assim por um bom tempo e sinceramente? Foi uma das sensações mais maravilhosas que eu já senti na vida. Fico acariciando seus cabelos enquanto olho para o teto do quarto.

Poucos minutos depois, olho para Anna e vejo que a mesma já está dormindo. Levanto da cama tomando cuidado para não acorda-lá. Tiro seus sapatos e a cubro com um cobertor.

Apago a luz do quarto e saio do mesmo, tomando cuidado para não acorda-lá.

3 dias depois...

Nesse momento estou na sala de aula encarando a Anna que está do outro lado da sala, rindo e conversando com o Matheus. Estamos na aula de Ciências, mas como sempre, o professor está explicando a lição e ninguém está prestando atenção em absolutamente nada que ele diz.
Brayan: Quer um balde?- Brayan aparece do meu lado, me dando um puta susto.
João: Que? Pra que?
Brayan: Pra você não alagar a sala de tanto babar pela Anna.- Ele ri e eu dou um soco em seu braço.
João: Vai se foder Brayan!- Rio.
Brayan: Tá, mas e aí? Decidiu o que vai fazer?
João: Decidi.- Volto a encarar a Anna.
Brayan: E o que você vai fazer?- Brayan pergunta, claramente animado.
João: Vou chamar ela pra sair amanhã.
Brayan: Só isso? É sério cara? Baba tanto pela garota pra no final só chamar ela pra sair?- Brayan diz e sua animação vai por água abaixo.
João: Posso continuar?- Pergunto.
Brayan: Pode.- Brayan responde. Sorrio e olho para ele.
João: Eu vou chamar ela pra sair e pedir ela em namoro.

Uma Adolescente Muito Louca Onde histórias criam vida. Descubra agora