Capítulo 126.

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João: Maninho.- João diz rindo, mas não com sua risada normal, e sim com sua risada de quem bebeu mais do que devia.
Eduardo: Você bebeu?
João: Talvez...- Ele diz tentando se levantar, mas perde o equilibro e cai de novo.
Eduardo: Quantas garrafas?
João: 1...4...8...14... talvez 17... quem sabe umas 20.- Ele diz rindo ainda mais.
Eduardo: Como você ainda está vivo?!- Vou até ele e tento ajuda-lo a levantar, mas como sempre, ele dispensa minha ajuda e me empurra.
João: Não preciso da sua ajuda! Eu estou ótimo!- Ele finalmente consegue se levantar, mas se apóia em um dos muros da rua.
Eduardo: Você pode até beber bastante, mas nunca bebê tanto assim sem que algo tenha acontecido.
João: E se aconteceu alguma coisa? E se eu só queria me divertir? E se eu fiz outra merda e decidi beber pra esquecer? O que você tem a ver com isso?- Ele pergunta.
Eduardo: A terceira opção é a mais provável. Vem.- Vou até ele, pego seu braço e coloco em volta do meu ombro.
João: Não quero sua ajuda caralho!- Ele tenta me empurrar, mas está tão bêbado que não tem força suficiente para conseguir me empurrar.
Eduardo: Eu sou seu irmão! Você pode me odiar, mas eu não vou deixar você aqui, sozinho, nesse estado! É capaz de você arrumar treta com alguém e essa pessoa te matar... ou você matar a pessoa!- Começamos a andar e ele continuou apoiado no meu ombro.
João: Melhor ainda! O que eu mais quero agora é ficar em uma cela, sozinho, longe de tudo. Vai ser melhor pra todos.- Ele diz e eu olho para ele, totalmente surpreso. Ele querendo ser preso?! PUTA MERDA! ELE FEZ A PIOR MERDA DA VIDA DELE.
Eduardo: Que merda você fez agora João?!
João: Nada que te interesse! Agora me deixe aqui e vaza!- Ele me empurra, e dessa vez, consegue me afastar dele.
Eduardo: Porra João! Estou tentando te ajudar! Da pra você deixar o orgulho de lado uma vez na vida?!- Digo e ele tenta falar algo, mas desmaia.

Olho para ele caído no chão e seguro a risada. Uma pessoa normal e esperta deixaria ele aqui mesmo para aprender uma lição, mas eu vou fazer isso? Claro que não. Por que? Por que eu sou um trouxa!

Vou até o João, coloco seu braço em volta do meu pescoço e levanto ele do chão. Ele pesa bem mais do que eu pensei.

Com muito esforço, consigo levar ele até em casa. Ao chegar, entro, tomando o maior cuidado do mundo para não chamar a atenção de ninguém da casa. Se meu pai ver o João nesse estado, tanto eu quanto ele vamos estar ferrados. Eu, por ter saido a essa hora, e o João, por ter bebido.

Ainda carregando o João, ando lentamente em direção às escadas. No caminho, acabo deixando o João cair e ele bate a cabeça na quina do sofá. Começo a rir em voz baixa e levanto o João do chão de novo. Olho para ele e percebo que sua testa está sangrando. Ignoro seu machucado na testa e continuo carregando ele até a escada.

Já no primeiro degrau da escada, ouço um passo e logo em seguida, sinto a sensação de ter alguém atrás de mim.

Fodeu!

Me viro lentamente e dou de cara com um pai de braços cruzados e uma cara nada amigável.
Ricardo: Eduardo, posso saber o que está acontecendo?
Eduardo: Pai... então... não é o que você está pensando!- Digo, claramente nervoso.
Ricardo: Claro que é! É o mesmo de sempre! O João bebe e você o ajuda! Eu avisei pro João o que aconteceria se ele bebesse desse jeito novamente enquanto morasse na minha casa!- Ele diz com os olhos pegando fogo.
Eduardo: Não é isso pai!- Tento me acalmar e não parecer nervoso.
Ricardo: Então o que é Eduardo?! Por que ele está assim?!- Meu pai pergunta e eu tento pensar em uma mentira.
Eduardo: Eu... eu estava no meu quarto e... e ouvi um barulho! Então eu fui atrás do barulho e achei o João caído aqui no chão da sala. Ele deve ter tropeçado em algo, caído, batido a cabeça e desmaiou, até por que estava tudo apagado, então não dava para enxergar nada.
Ricardo: O que me garante de que ele não estava bêbado?!
Eduardo: O que te garante... então... éh... ele não saiu de casa! A gente estava no quarto jogando vídeo game!
Ricardo: Você acabou de falar que achou ele caído na sala!
Eduardo: Eu achei! É que... é que a gente estava jogando no quarto, então ele ficou com sede e desceu para beber água. Foi quando ele caiu, eu ouvi o barulho, vim atrás e achei ele aqui.
Ricardo: E por que ele está tão arrumado?
Eduardo: Por que... por que... por que ele gosta de estar arrumado.- Digo e sorrio, rezando para o meu pai acreditar.

Ele me encara por alguns segundos, mas depois descruza os braços.
Ricardo: Isso não é hora de jogar vídeo game! Deixe ele no quarto dele e volte para o seu quarto! Se eu souber que um dos dois estão jogando, ficam sem vídeo game por 1 mês!- Ele diz e sai da sala.

Solto um longo suspiro de alívio e comemoro mentalmente pelo fato do meu pai ter acreditado em tudo que eu falei.

Subo as escadas e vou em direção ao quarto do João. Pela primeira vez, a porta não está trancada, então entro no quarto com o João.

Fecho a porta e jogo o João na cama. Reviro o quarto atrás de alguma caixinha de primeiro socorros, mas como não acho, então sou obrigado a ir até meu quarto, pegar a minha caixa e voltar para o quarto do João.

Passo um algodão com um pouco de álcool para limpar o corte e depois coloco um bandeide.

Guardo a caixa no meu quarto e volto para o quarto do João novamente. Dessa vez, encontro ele sentado na cama.
Eduardo: Acordou?- Entro no quarto e fecho a porta.
João: Não, ainda estou dormindo, animal!- Ele responde e eu dou uma leve risada. Já levei tanta patada do João que, agora, até eu acho graça as vezes.
João: O que aconteceu? E por que estou com um corte na cabeça?
Eduardo: Você fez merda, bebeu e eu salvei sua vida. O mesmo de sempre.

João, que estava com uma expressão normal para quem desmaiou e acordou com dor de cabeça, substitui essa expressão por uma triste. Ele abaixa a cabeça e tira do bolso um caixinha preta... a mesma caixa que eu vi com ele antes de ele sair de casa.
João: Sai daqui...- Ele pede em voz baixa, mas alta suficiente para que eu possa ouvir.
Eduardo: O que aconteceu?- Ignoro totalmente seu pedido.
João: Sai daqui Eduardo! Não estou com paciência para as suas curiosidades!- Ele diz, dessa vez com uma voz um pouco mais alta.
Eduardo: Eu não saio daqui sem saber o que aconteceu! Eu sou o seu irmão! Tenho o direito de saber o que aconteceu para você beber tanto!- Cruzo os braços. João levanta a cabeça e me encara.

PELA PRIMEIRA VEZ DEPOIS DA KATHERINA, VEJO QUE O JOÃO ESTÁ COM OS OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS!

Isso me faz perceber que o assunto é realmente sério, o que me deixa ainda mais preocupado.
João: Sabe do que você tem direito, Eduardo?! Você tem o direito de cuidar da sua própria vida, do mesmo jeito que eu tenho o direito de cuidar da minha! Agora ou você sai daqui por bem, ou vai sair por mal!- Ele levanta da cama e vem até mim, parando na minha frente. Acho que já tenho uma idéia do que aconteceu.
Eduardo: É a Anna, não é? Você ia pedir ela em namoro, mas fez alguma coisa e ela não quer mais olhar na sua cara, não é?- Pergunto, mas logo me arrependo.

Uma lágrima escapa de um dos olhos do João, mas antes que eu possa falar alguma coisa, o olhar triste do João se transforma em um olhar de ódio. No mesmo instante, percebo que estou ferrado, e isso é ainda mais comprovado quando o João me pega pela gola da camisa e me empurra na parede com força, me fazendo bater tanto a cabeça quanto as costas na parede. Tento me soltar, mas como já devem imaginar, não consigo.

Obs: Capítulo sem título por que não consegui pensar em um título no mínimo agradável para esse capítulo.

Bjs!♡☆☆




Uma Adolescente Muito Louca Onde histórias criam vida. Descubra agora