Chapter 6 - I really do hope so, Maddy Mailer.

95 9 6
                                    


- Que tal se a gente fosse até a minha casa? – Justin sugeriu, guardando a bicicleta de Malory no carro. – Meus pais não se incomodam.

Malory sacudiu a cabeça, recusando, e entrou no jipe. O sol já começara a baixar e sentia-se cansada. Sabia que se a mãe dele estivesse em casa faria um monte de perguntas sobre seus antecedentes musicais. E seria obrigada a manter um fluxo constante de mentiras. Simplesmente não estava com energia para isso. Durante a aula particular, Joey Pataki encarregara-se de acabar com o pouco de força que lhe restara.

- Então vamos até a sua? – Ele perguntou.

- De jeito nenhum! – E até ela assustou-se com o som ardido, áspero, da própria voz. Fantástico, pensou, arrependida. Essa resposta não levantou a mínima suspeita.

Justin ficou meio espantado.

- Bom, tudo bem – falou devagar.

Malory deu um sorriso apagado.

- Que tal uma pizza? – O tom foi casual. – A gente pode ir no Alonzo. Fica bem na esquina da Avenida Highland.

- Claro. – Naquela altura, Malory estava pronta a concordar com tudo.

- Ótimo. – Justin sorriu. – Não fica muito longe daqui.

Enquanto seguiam até a pizzaria, Malory foi espiando pela janela aberta. O sol era uma bola de fogo no horizonte e a brisa fresca despenteava-lhe o cabelo. Permitiu-se um sorriso. Então era assim que uma pessoa normal se sentia? Indo junto com um rapaz comer uma pizza numa bela tarde de sábado?

- Então como foi seu encontro? – Ele perguntou, depois de alguns instantes.

Malory riu.

- Muito bom. Na verdade, Joey é um menino muito esperto. O único problema é que não consegue ficar sentado tempo suficiente para se concentrar em nada.

Justin balançou a cabeça.

- Sei... Acho que entendo o problema dele.

- É mesmo? - Malory virou-se no banco e deu-lhe uma olhada rápida. Justin dirigia no trânsito intenso com uma expressão pensativa, concentrada. - Engraçado, mas você me parece do tipo que consegue ficar horas a fio sentado quieto.

- Só quando estou desenhando. - A voz era longínqua. Depois, virando-se para ela, sorriu e disse: - Ou em companhia de alguém interessante.

Malory desviou rapidamente o olhar para a janela. Sua mente era um redemoinho de ideias. Uma hora, conversar com Justin lhe parecia a coisa mais fácil do mundo. Logo em seguida, ficava toda confusa, não conseguia nem mesmo formar uma frase coerente. Sobretudo quando ele a olhava com aqueles seus grandes olhos castanhos.

- E você mora onde?

Ai, é agora.

- Ah, num prédio, não muito longe daqui - Malory respondeu, querendo encerrar o assunto. - Sua casa é fantástica, sabia? - continuou, na esperança de falar de outra coisa, qualquer coisa, que não fosse sua própria vida.

Ele deu uma risada curta.

- Acha mesmo?

- Sério. É como se ela sempre tivesse estado ali.

- Por todos os séculos e séculos - concordou ele, melancólico. Depois encolheu os ombros. - Acho que já enjoei um pouco. Passei minha vida toda nela. Mas, de todo modo, obrigado.- Ele parou num sinal fechado e olhou para ela. - Agora me conte sobre os lugares onde morou e me deixe viver a experiência por tabelinha - disse ele, com um sorriso aberto.

The Secret of MaloryOnde histórias criam vida. Descubra agora