Chapter 14 - I need to talk to him for the last time.

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Apreensiva, com os olhos turvos de lágrimas, Malory tentava enfiar sua chave na fechadura amassada, mas, antes que pudesse girá-la, a porta abriu-se de chofre.

Do outro lado havia um homem que não era seu pai. Nem ninguém que tivesse visto antes. Era um sujeito com um terno barato, mal cortado, de cabelos escuros grisalhos e olhos castanhos cansados. Reprimindo um grito de surpresa, tentou espiar por sobre o ombro dele, para dentro da sala. Não seria melhor tentar fugir?

- Malory? - chamou a voz da mãe.

- Mamãe?

- Tudo bem, Mal. Nós estamos aqui.

Malory passou rente ao homem de terno e entrou. Havia um outro indivíduo na sala, outro homem de terno, sentado na poltrona. Era Jeffrey Laurence. O FBI, disse Malory consigo mesma, sentindo o medo invadi-Ia. Sabia que havia um único motivo para a presença deles ali: levá-los embora. Malory abanou a cabeça.

Ninguém disse uma palavra. Os pais estavam sentados no sofá. O braço do pai em volta do ombro da mãe e ela torcendo sem parar a aliança no dedo, balançando-se ligeiramente para frente e para trás. Mike e Tommy estavam deitados no velho tapete da sala, inquietos e tristes.

- O que está havendo? - Malory perguntou, em meio ao silêncio pesado.

Jeffrey Laurence levantou-se.

- Malory. - Estendeu a mão. - Lembra de mim? Eu sou o Jeffrey.

Atordoada, ela o cumprimentou.

- Estávamos justamente falando da nova casa de vocês, Malory - disse ele, em tom agradável, fazendo um gesto para a cadeira de espaldar reto.

Malory afundou-se nela.

- Entendo - falou sem inflexão na voz. - Eu pensei que o senhor nem soubesse onde nós estávamos - acrescentou, em tom sarcástico.

- Claro que sabíamos, Malory; fomos nós que trouxemos vocês para cá.

- Então por que esperaram esse tempo todo para nos contar que a minha avó morreu? - rosnou ela, incapaz de conter a amargura e a raiva que cresciam dentro dela.

- Malory! - balbuciou a mãe. - Por favor...

- Vocês estavam muito na mira, na época - Jeffrey interveio, todo suave. - Passamos a informação o mais rápido possível.

- É, eu sei o quanto estávamos na mira - Malory retrucou, zangada. - Deu pra perceber direitinho em Lincoln Hills.

- Malory, por favor - o pai falou com firmeza. - Não precisa ser mal-educada. Essas pessoas estão tentando nos ajudar. Estão tentando salvar nossas vidas.

Jeffrey não lhe respondeu. Não havia mais nada a dizer. Se estavam tentando salvar a vida dos Hunter, faziam um péssimo trabalho, pensou Malory. Tinham cuidado muito mal do caso, essa é que era a verdade. Caso contrário, os Hunter já estariam seguros há muito tempo. Fazia quanto tempo que moravam em Los Angeles? Uma semana? Como é que a Máfia podia tê-los encontrado assim tão rápido?

Jeffrey pigarreou.

- Estamos de olho em sua família já faz um bom tempo, Malory. Desde que vocês chegaram a Los Angeles.

De repente, alguém bateu na porta. O homem de cabelo grisalho, que estava perto da porta, enfiou a mão dentro do paletó, obviamente para pegar uma arma. Depois houve mais uma batida, em seguida mais três, em rápida sucessão. O homem relaxou e abriu.

Malory quase deu um pulo. Era a mulher de abrigo. E trazia na mão uma folha de papel. A custo, Malory sufocou sua surpresa. Era um dos desenhos de Justin, o esboço que fizera dela ao piano, naquele sábado.

The Secret of MaloryOnde histórias criam vida. Descubra agora