Chapter 2 - A girl, music, piano and a story.

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Um avisinho inicial. Mudei o nome da história para "The Secret of Malory" porque eu creio que tem mais haver com a história e o foco em sí é sobre esse "segredo" que ela guarda, e não só no "relacionamento" dela com o Justin.

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O período de almoço no primeiro dia de aula numa nova es­cola era sempre o pior.

Depois de ficar dez minutos na fila dos pratos quentes, Ma­lory teve a chance de dar ela mesma uma olhada de perto no ma­carrão cinzento com queijo empelotado e nas salsichas gorduro­sas. Decidiu optar por uma maçã e um pacote de salgadinhos. De agora em diante, traria o almoço. Olhando em volta, viu que a maioria fizera isso, ou então comprara alguma coisa na rotisseria ali perto, na mesma rua da escola.

A aula de inglês lhe parecera interminável. A professora embar­cara numa lengalenga sem fim sobre A revolução dos bichos, muitas vezes usando as mesmíssimas frases e palavras da professora Lemana, que ensinava inglês no colégio de Lincoln Hills. Eles devem ter todos o mesmo manual, Malory concluiu.

Durante a aula, seus pensamentos vagavam a todo instante de volta para Justin. Era obviamente um garoto muito benquisto, pelo menos entre as meninas. Bom, também, quem não notaria aqueles olhos? Malory sorriu. Ele era diferente, muito diferente, de todos os garotos que conhecera. Para começo de conversa, era inteligente e gentil. E sensível. Quase parecia saber o que ela esta­va pensando. Não era um babaca. Nem metido a besta. Era difícil achar uma categoria para ele.

Um artista, Malory decidiu. Um espírito criativo.

Mas aí seu sorriso murchou. Fizera um papelão no corredor. Soltou um suspiro. O que ele pensaria dela? Com certeza não gran­de coisa. Não tinha causado exatamente uma primeira impressão fantástica.

Deu uma olhada em volta do refeitório. As mesas estavam todas tomadas, com gente conversando, berrando, rindo, na maior farra. Todo mundo parecia à vontade, fazendo com que Malory se sentisse definitivamente ainda mais por fora. Erin, Emily e a rui­va sentaram-se com outras meninas e meninos vestidos de modo semelhante numa mesa que pelo visto devia ser o epicentro do restaurante. E a ruiva era o grande foco da mesa, obviamente a lí­der do grupo. Essa deve ser a Shella, Malory pensou.

Em vez de abrir caminho até uma mesa cheia de jovens desinteressados em conversar com ela, Malory atravessou o refeitó­rio e foi para o pátio. A um lado, havia um banco solitário rodeado de moitas de madressilva.

Perfeito, pensou, abraçando o destino do almoço solitário. Bom, Los Angeles tem duas coisas ótimas. Primeiro, não é preciso usar casacão e, segundo, dá para almoçar ao ar livre, sem ter de lidar com o refeitório.

Enquanto mastigava devagar a maçã, os pensamentos de Ma­lory vagaram de volta a sua última casa, em Lincoln Hills.

A sra. Solit provavelmente ainda estaria se perguntando on­de é que ela se metera. Malory piscou forte, sentindo de repente um nó na garganta. O rostinho rechonchudo da professora de mú­sica, com seus olhos azuis bondosos e o cabelo loiro todo crespo, era uma imagem que nunca mais veria na vida real.

Uma voz atrás dela dispersou esses pensamentos.

- Vejo que também é fã da dieta macrobiótica.

Malory virou-se e viu Justin espiando por sobre as moitas de madressilva.

- Ah, oi - ela desviou a vista, tentando não parecer tão agi­tada em vê-lo.

- Importa-se se eu lhe fizer companhia? - ele perguntou e, sem esperar resposta, afastou a vegetação e sentou-se a seu lado.

- Você continua aparecendo por trás das pessoas - ela mur­murou com a maçã grudada no rosto, na esperança de ocultar seu rubor.

The Secret of MaloryOnde histórias criam vida. Descubra agora