Chapter 8 - A thing and a person you don't know and can never know.

87 11 16
                                    

Em casa, Malory disse aos pais que precisava ir à biblioteca.

Até conseguir sair, já estava escuro. Deixou o prédio correndo e viu Justin estacionado do outro lado da rua, esperando por ela. Sabia que não seria capaz de esconder o brilho dos olhos. Mas não se importou. A verdade é que estava emocionada. Pela primeira vez na vida, Malory Hunter ia ter um encontro. As circunstâncias eram menos que perfeitas. Tivera de mentir aos pais, afinal de contas, mas de certa maneira isso aumentava ainda mais o frisson.

- Tudo bem com seus pais? - ele perguntou, assim que ela entrou no carro.

- Mais ou menos. - Ela sorriu. - Eu não lhes dei chance para dizer não.

Ele lhe respondeu com um sorriso malandro, engatou a marcha e pôs o carro em movimento.

- Assim é que se faz, Maddy.

Malory encostou-se no assento e suspirou feliz.

- Que ótimo que seu humor melhorou.

- Eu acho que eu estava sentindo saudade da minha casa antiga. - De certa forma, era isso mesmo; estava sentindo saudade da velha casa, da casa que ficara em Nova York. Sentia saudades dela há onze anos. E sentira de novo aquele dia, na escola, ainda que, claro, não fosse esse o motivo de tamanha perturbação. Mas ao dizer que sentia saudades também não estava mentindo, com certeza. Ela tomara a decisão de sempre que possível dizer a verdade a Justin, ainda que incompleta.

Ele hesitou.

- Deve ser difícil mudar toda hora.

- E é - ela admitiu, baixinho. Por favor, não faça mais nenhuma pergunta a respeito do meu passado, implorou silenciosa. Por favor. Antes que ele tivesse a chance de abrir a boca de novo, ela disse: - Quer dizer então que sua mãe sempre deixa você sair à noite nos dias de semana? Muito legal, considerando-se que ela é professora. Ela é ótima, na verdade. A aula dela é a minha favorita, por enquanto. - As palavras pareciam jorrar-lhe da boca.

Justin deu de ombros.

- Quando ela soube que eu ia sair com você, ficou maluca.

- Como assim? - Malory perguntou, de testa franzida.

- Ela estava lhe fazendo os maiores elogios, hoje no jantar. Estamos com visita, um amigo dela, de Nova York. Professor do Conservatório Juilliard. Minha mãe estava contando para ele que nunca viu ninguém da sua idade com tanto talento.

Malory enrubesceu. A professora Lerner estava falando bem dela para alguém que ensinava no Juilliard? Incrível. Ela mesma nunca tinha visto sua habilidade musical como talento; era apenas uma parte integrante de seu ser, tão natural quanto respirar ou andar. Mas as palavras a lisonjearam, mesmo assim.

- Claro que viu - falou, limpando a garganta. - Ela já viu você desenhando.

Ele riu, como se não acreditasse nela.

- Isso é diferente, Maddy.

Ela lhe deu uma olhada rápida.

- Diferente como?

- Bom... qualquer pessoa pode desenhar. Eu suponho que eu simplesmente desenhe mais que os outros, só isso.

- Pára com isso, Justin. - Ela sorriu. - Eu não conheço ninguém que saiba desenhar como você. E, seja como for, acontece a mesma coisa comigo e o piano. Eu simplesmente pratico mais que os outros.

- Agora é você que está sendo modesta. Minha mãe me disse que você nem tem piano em casa. Admita: você tem um dom.

- Bom, e você também - ela retrucou.

The Secret of MaloryOnde histórias criam vida. Descubra agora