Capítulo 12

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NOVA YORK

Ralph Jones fitava a mulher à sua frente, chorando.

- Vai, Susan, me fale. Comece agora ou vou levá-la para um depoimento formal.

- Ralph...

- Eu sabia que tinha alguma coisa errada com sua súbita transferência a Nova York! E ainda trouxe um sem teto junto. Foi tudo muito estranho. Claro que eu não questionei muito, pois tínhamos acabado de nos divorciar e você mesma me disse que eu não tinha mais nada a ver com sua vida. Só que agora a questão não é só a sua vida!

- Tem razão. Mas me deixe explicar.

- Sou todo ouvidos.

*flashback*

8 anos antes

Penitenciária Estadual do Estado do Nevada

O preso era levado algemado pelos corredores. A partir daquele dia, só faltava a ele 45 dias. Depois, seria executado.

Foi levado para sua cela, individual. E trancado lá dentro.

Desde então, ele ficava sempre em silêncio. Respeitava os horários, os carcereiros, as refeições, os outros prisioneiros, nunca mais foi para a solitária. Os policiais já sabiam por quê: a morte o rondava. Não adiantaria nada criar confusão.

Mas eles nem imaginavam que o prisioneiro não tinha se conformado.

Muito pelo contrário, o desejo de vingança aflorava em sua alma, matando seus sentimentos e mantendo em mente apenas um desejo: sair dali.

Ele pensava em silêncio durante todas as horas do dia, por vezes nem dormia, passava as atividades da prisão automaticamente, para resolver seu problema.

10 dias depois, quando lhe restavam 35 dias, ele finalmente descobriu o que fazer.

Via a policial todos os dias. Ela era uma das mais severas e competentes da cadeia. Mas também uma das mais infelizes. Estava sempre entristecida. Teve uma ideia e resolveu investir.

Naquele dia mesmo, se recusou a ir para o almoço.

Ela foi até sua cela.

- Qual é? - perguntou - Entre na fila para comer.

Ele permaneceu em silêncio.

- Você quer que eu entre aí e te tire à força?

- Você pode tentar. - disse ele, insolente.

Ela entrou na mesma hora e o pegou pelo colarinho. Michael se surpreendeu com a força dela.

A policial o ergueu, fazendo-o se levantar da cama, e o jogou em direção à cela

- Você é surdo?! PARA A FILA, AGORA! - Ela ordenou.

Ele deu uma risadinha. Outros presos iam para a fila para o refeitório e começaram a fazer gracinhas.

- Qual é a graça?! - ela perguntou, irritada - Esqueceram que há uma solitária para cada um de vocês aqui? Calem a boca e se mexam!

E foi assim, por três dias seguidos em todas as refeições ou momentos que ele tinha que sair da cela. No quarto dia, foi para a solitária.

Ficou em silêncio, no escuro. Só tinha uma pequena janela, bem alta, que mal iluminava o cubículo. Jogavam comida - ou melhor, ração - por baixo de uma pequena fresta da porta.

Saiu no dia seguinte, liberado diretamente para o pátio, onde os presos ficavam "livres" para conversar ou fazer alguma atividade.

Ouvia as conversas dos presos, planos de fuga mirabolantes, conversas sobre mulheres, sobre as aventuras do crime, sobre os filhos, sobre as famílias.

Just Another Girl IIOnde histórias criam vida. Descubra agora