Capítulo 7

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Capela e Cemitério Saint Paul - Nova York

Richard circulava pelo cemitério, sozinho. Não que ele realmente quisesse fazer isso, mas ele não aguentava mais ficar dentro daquela capela, de mãos dadas à sua mãe, vendo sua prima-avó chorar copiosamente e ver a tia bivó receber os cumprimentos de todas aquelas pessoas. Já vira o tio bisavô deitado no caixão, já sabia que ele estava em paz, só lamentava por não ter conseguido se despedir dele. E por não ter dado tempo de contar que conseguira empinar uma pipa (coisa que o próprio tio-bivô lhe ensinara) na fazenda de seu amigo Elias, no interior da Inglaterra.

Estava começando a se irritar com as pessoas que questionavam porque ele não estava chorando, pois todos pareciam ter muitas lágrimas para derrubar por seu tio bivô. Richard não queria chorar e ponto, mas todos lhe perguntavam porque ele estava somente sério. Intimamente, ele sabia que seu tio bivô não estava incomodado por isso. Então pediu permissão à sua mãe para dar uma volta e respirar. Ela pediu para não se afastar muito.

Saiu da capela, mas como não tinha muita opção de passeio, começou a circular entre os túmulos. Não gostava de cemitérios, e não tinha nada a ver com medo - se bem que era dia, o sol estava de rachar e provavelmente não seria perseguido por nenhum cadáver - mas sim com o desrespeito por pisar em cima das pessoas. Elas nada sentiam, mas ele não se sentia confortável - se é que alguém pode se sentir confortável em um cemitério.

Observava com curiosidade os túmulos e as lápides, representando aquelas pessoas já mortas, sete palmos abaixo dele. Tinha gente bem mais velha do que ele e até mais nova, mães, pais, avós, avôs, famílias inteiras, até mesmo bebês. Já estava começando a ficar cansado quando foi para debaixo de algumas árvores. Suava e estava começando a afrouxar a gravata quando um homem saiu de trás da árvore.

Assustado, Richard recuou um passo.

- Calma, garoto. - o homem sorriu - Não sou um fantasma.

- Tudo bem - Richard respirou fundo

O homem o observava com atenção, o deixando incomodado.

- Qual é o seu nome? - perguntou o homem

- Não sei se deveria lhe dizer - respondeu Richard sem ser ríspido, apenas direto. - Preciso voltar.

Algo naquele homem não o agradava. E, além do mais, sua mãe não iria gostar de saber que andava conversando com estranhos.

- Não precisa ter medo. Você está com alguém sendo velado lá dentro? - o homem apontou para a capela.

- Infelizmente, sim.

- Quem?

Richard olhou para o homem. Era mais ou menos da idade da sua mãe. Alto, moreno claro. Os olhos verdes eram frios e tinha... Richard nem sabia definir direito. Uma espécie de marca na testa.

- Meu tio-bivô. - declarou Richard, simplesmente.

- Sinto muito por isso - disse o homem - Mas você ainda não me disse seu nome.

- Você pode me contar o seu, primeiro - desafiou Richard

- Tudo bem - o homem sorriu, novamente. Estendeu a mão - Meu nome é Elias.

- Elias é o nome do meu melhor amigo - Richard apertou a mão dele, surpreso - Meu nome é Richard.

- Muito prazer, Richard...?

- Andersen. Richard Andersen.

As sombrancelhas do homem se ergueram.

- Andersen? Como é o nome da sua mãe?

Just Another Girl IIOnde histórias criam vida. Descubra agora