Capela e Cemitério Saint Paul - Nova York
Richard circulava pelo cemitério, sozinho. Não que ele realmente quisesse fazer isso, mas ele não aguentava mais ficar dentro daquela capela, de mãos dadas à sua mãe, vendo sua prima-avó chorar copiosamente e ver a tia bivó receber os cumprimentos de todas aquelas pessoas. Já vira o tio bisavô deitado no caixão, já sabia que ele estava em paz, só lamentava por não ter conseguido se despedir dele. E por não ter dado tempo de contar que conseguira empinar uma pipa (coisa que o próprio tio-bivô lhe ensinara) na fazenda de seu amigo Elias, no interior da Inglaterra.
Estava começando a se irritar com as pessoas que questionavam porque ele não estava chorando, pois todos pareciam ter muitas lágrimas para derrubar por seu tio bivô. Richard não queria chorar e ponto, mas todos lhe perguntavam porque ele estava somente sério. Intimamente, ele sabia que seu tio bivô não estava incomodado por isso. Então pediu permissão à sua mãe para dar uma volta e respirar. Ela pediu para não se afastar muito.
Saiu da capela, mas como não tinha muita opção de passeio, começou a circular entre os túmulos. Não gostava de cemitérios, e não tinha nada a ver com medo - se bem que era dia, o sol estava de rachar e provavelmente não seria perseguido por nenhum cadáver - mas sim com o desrespeito por pisar em cima das pessoas. Elas nada sentiam, mas ele não se sentia confortável - se é que alguém pode se sentir confortável em um cemitério.
Observava com curiosidade os túmulos e as lápides, representando aquelas pessoas já mortas, sete palmos abaixo dele. Tinha gente bem mais velha do que ele e até mais nova, mães, pais, avós, avôs, famílias inteiras, até mesmo bebês. Já estava começando a ficar cansado quando foi para debaixo de algumas árvores. Suava e estava começando a afrouxar a gravata quando um homem saiu de trás da árvore.
Assustado, Richard recuou um passo.
- Calma, garoto. - o homem sorriu - Não sou um fantasma.
- Tudo bem - Richard respirou fundo
O homem o observava com atenção, o deixando incomodado.
- Qual é o seu nome? - perguntou o homem
- Não sei se deveria lhe dizer - respondeu Richard sem ser ríspido, apenas direto. - Preciso voltar.
Algo naquele homem não o agradava. E, além do mais, sua mãe não iria gostar de saber que andava conversando com estranhos.
- Não precisa ter medo. Você está com alguém sendo velado lá dentro? - o homem apontou para a capela.
- Infelizmente, sim.
- Quem?
Richard olhou para o homem. Era mais ou menos da idade da sua mãe. Alto, moreno claro. Os olhos verdes eram frios e tinha... Richard nem sabia definir direito. Uma espécie de marca na testa.
- Meu tio-bivô. - declarou Richard, simplesmente.
- Sinto muito por isso - disse o homem - Mas você ainda não me disse seu nome.
- Você pode me contar o seu, primeiro - desafiou Richard
- Tudo bem - o homem sorriu, novamente. Estendeu a mão - Meu nome é Elias.
- Elias é o nome do meu melhor amigo - Richard apertou a mão dele, surpreso - Meu nome é Richard.
- Muito prazer, Richard...?
- Andersen. Richard Andersen.
As sombrancelhas do homem se ergueram.
- Andersen? Como é o nome da sua mãe?
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Just Another Girl II
Hayran KurguOito anos após a morte de Sofia Andersen, Brandon Flowers ainda tentava voltar a viver de maneira normal, embora a perda estivesse gravada em seu coração como uma profunda cicatriz. No entanto, ele não fazia ideia dos efeitos que uma surpreendente l...