Você não deveria estar aqui.

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Passava rapidamente entre as arvores, escutando o álbum Born To Die: The Paradise. O sol ainda não tinha nascido e não vi nenhuma pessoa. Bom, eu também morava no meio do nada. Todas as manhãs eu corria, um exercício que o meu pai, antigamente me obrigava a fazer. Mas agora eu gosto, pois nas corridas eu esclareço os meus pensamentos.

Estava chegando perto da cidade, quando entrei a esquerda em uma trilha que conhecia bem. Faço essa trilha por anos, quando comecei a ver alguns túmulos, diminui mais o meu ritmo e tirei o meu fone esquerdo. Deixava a minha respiração normalizar, e sair procurando dois túmulos entres tantos. Os matos já grande cobria metade deles, e algumas plantas cresciam por cima das lápides. Tinham abandonado esse cemitério a alguns anos, os corpos enterrados aqui só eram visitados por familiares, mas com o passar do tempo até eles se esqueceram. Quando encontrei os túmulos que queria, me ajoelhei na frente de duas lápides e arranquei o mato que insistiam em cair.

"Samantha Louise James."

"Lena Adam James."

Amadas amigas e filhas. Sempre em nossos corações.
1997-2010

Era o túmulo de duas irmãs gêmeas que morreram quanto tinham treze anos. Elas eram as minhas melhores amigas. Ambas morreram em um acidente de carro, e os pais dela saíram da cidade e nunca mais os vi. Pelo menos uma vez na semana eu venho aqui entre as minhas corridas e limpo os túmulos delas.

—Você não deveria estar aqui — a voz de um homem soou a minha frente.

—Você também não — respondi sem medo, ainda tirando os matinhos que existiam lá.

—Menina corajosa — o homem continuou.

—Homem tolo — olhei para cima finalmente, e o encarei.

Ele tinha cabelos louros, olhos azuis e era bastante alto. Nunca o tinha visto aqui, provavelmente algum parente distante de alguém morto. Voltei a limpar os túmulos e procurei algumas flores por aqueles matos para colocar, e quando achei deixei uma em cada.

—Quem são? — o homem perguntou ao ficar atrás de mim.

—Minhas amigas — respondi grosseiramente — O que você faz por aqui essa hora?

—Vim dá uma passadinha na cidade, tenho uns conhecidos aqui — ele deu de ombros — E gosto de cemitérios.

—Ok. Tenha um bom dia — sorri forçadamente.

—Não vai me perguntar por que gosto de cemitérios?

—Não me interessa — respondi e ele sorriu — Mas provavelmente deve ser por essa sua alma pesada.

—Você é engraçada — ele riu baixo — A propósito, me chamo Tim Whif.

—Nome estranho, para um cara estranho — falei forçando um sorriso — Adeus Tim Wolf.

—É Whif.

—Não ligo — falei e pus meu fone.

Percorri de volta todo caminho até parar na frente da minha casa, peguei o meu celular e vi que iria dá seis e vinte. Ao entrar vi a figura da Rebekah na sala com um copo na mão. Tirei os meus fones e prendi o meu cabelo, ela olhou para mim e sorriu.

—O Elijah ainda te obriga a fazer aquele treinamento militar? — rir baixo enquanto caminhava para cozinha, pegar um copo d'agua.

—Não tia — sorri e voltei para a sala bebendo — Mas eu gosto, depois de um tempo não paro mais. O que me surpreendeu foi ver você acordada, antes mesmo do meu pai.

The Daughter *Elijah Mikaelson*Onde histórias criam vida. Descubra agora