Capítulo 7

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"Estava escuro e eu estava acabada

Até que você beijou meus lábios e me salvou

Minhas mãos eram fortes, mas os joelhos eram muito fracos

Para estar em seus braços sem cair aos seus pés "  - Set fire to the Rain


Stephen


Elas nem imaginavam quem eu era. Adorava perceber como as funcionárias eram respeitosas com os clientes, mas um pouco de informação não faria mal a nenhuma das duas. Elas sequer sabiam que eu era o chefe, pelo amor de Deus. Muita falta de interesse por parte delas.

- Senhor, me chamou?

- Sim, Dylan. Queria comunicar que Eva Barnes ficará no lugar da Alicia Adams, como responsável pela equipe de limpeza.

Vi seu olhar mudar repentinamente e o que eu percebi não me agradou nenhum pouco. Odiava inveja em meio aos funcionários, só atrapalhava o crescimento das pessoas e prejudicava seu desempenho nas funções.

- Algo o incomoda?

- Não, senhor. É apenas que ela não possui experiência para o cargo, eu tinha outra pessoa mais qualificada em mente.

Minha antipatia só estava aumentando. O modo como esse cara olhava para as pessoas e se julgava superior jamais seria considerado normal. Nem em pessoas da alta sociedade eu costumava ver tanta soberba como eu conseguia enxergar nele e aquilo me deixava enraivecido de uma forma fora do normal.

- Quem tem que avaliar as pessoas aqui sou eu Dylan. E não admitirei que a trate mal apenas por achar que ela não merece o posto. Estou muito ciente que ela não tem experiência, por incrível e mais honesto que possa parecer, foi a mesma quem me afirmou tal fato. Então só posso supor que o caráter dela é melhor do que o de muita gente por aqui. Se não tem mais nada útil a dizer, sugiro que se retire. Um ótimo trabalho.

Vi quando ele cerrou as mãos, com a raiva borbulhando sob a pele. Eu não era idiota. Faria questão de acompanhar o trabalho dele muito de perto, qualquer coisa remotamente suspeita não me faria ter muita pena dele, já que não a merecia.

Pessoas assim sempre tentavam esconder seus próprios erros menosprezando as outras, mal sabia ele que eu tinha experiência em identificá-las a quilômetros de distância e que a partir de hoje ele não seria mais o único a realizar o seu trabalho. Colocaria alguém para ir desempenhando sua tarefa e logo que a pessoa se acostumasse, o mandaria embora. Alguns funcionários simplesmente não tinham nada o que acrescentar à empresa.

Arrumei minhas coisas na sala e saí, encerrando mais cedo meu expediente. Estava sem paciência e sabia que quando eu mexia com os negócios assim, as coisas não progrediam como eu queria.

Assim que coloquei os pés para fora do hotel, percebi que a neve estava dando uma trégua e que as pessoas tinham aproveitado essa chance para caminharem um pouco no clima fresco. Algumas me olhavam de forma descarada, outras apenas disfarçavam. Já havia me acostumado com esses olhares, algumas vezes eu até os retribuía, mas hoje eu simplesmente não estava afim de nenhuma conquista. Só queria ir para casa e deitar no sofá, vendo alguma coisa idiota na televisão. Ou até mesmo não fazer nada. Só existir.

O que eu fazia muito ultimamente. Perdi umas boas horas de vida, apenas pensando, sem realizar nenhuma tarefa. Eu precisava disso, precisava seguir em frente.

Te darei o Mundo - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora