Capítulo 6

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POV. Anastasia

Já havia escurecido e a comida havia acabado, tudo que tinha dei a Ian para que por hoje ele não sentisse fome, eu estava faminta, passamos​ perto de uma mina de água e aproveitei para me hidratar, bebo o máximo que aguentei e assim enchi minha barriga, enchi uma garrafa com a água e corri para a fila do abrigo com Ian, ela já estava enorme mas ficaria ali até o último minuto de esperança.
Já estávamos na fila a duas horas e Ian estava sentado no chão:
- Annie eu tô cansado.
- Eu também amor mas vamos ficar aqui sem desistir.
Assim que finalizei a frase um homem gritou:
- As vagas acabaram por hoje, as nove horas vamos dar um sopão, quem quiser fique por aqui.
Eu teria que dormir na rua de novo mas pelo menos não ia faltar o que comer por hoje.
Fiquei com Ian até a hora do sopão e a senhora serviu um vantajoso prato para mim e para Ian, sentamos num banquinho e começamos a comer, estava deliciosa:
- Isso tá muito gotoso.
- Sim Ian tá muito bom.
Terminamos de comer e agora consigo descansar, sigo com ele a um coreto e sento enrolada na coberta e ele deita e enrolo outra coberta:
- Durma meu bebê.
Acaricio seus cabelos cor de mogno até que sua respiração ficasse pesada, tento me manter acordada para que ninguém roubasse as poucas coisas que tínhamos mas fui vencida pelo cansaço e logo meus olhos pesaram.
                       ***
- Olha papai, eles tão vivos! - a voz de uma criança ecoa.
- Sim meu amor estão! - uma voz grave e gentil responde.
- Amor temos que ajudar, eu sei que não temos tanto mas eles não podem ficar assim. - a voz angelical da mulher traz paz.
Luto contra o cansaço e abro meus olhos, vejo os três ali olhando para mim e para Ian, eram pessoas lindas:
- Oi moça. - ele diz. - Como se chama?
- Anastasia.
- Anastasia nos queremos ajudar vocês, Henry viu vocês de longe e pediu para a gente fazer algo.
- Você tem casa Anastasia? - uma lágrima desce.
- Meu pai expulsou a gente dela.
- É seu filho?
- Meu irmão.
- Que monstro. - a moça fala. - Anastasia me chamo Leila e meu marido Jack! Nós não temos dinheiro, situação boa, mas Jack tem um lugar bem pequeno onde a mãe dele morava mas ela faleceu a alguns anos e lá ficou sem utilidade, tem um quarto, um banheiro e uma cozinha, se quiser vocês podem ficar lá pelo tempo que precisarem. - olho desconfiada.
Porque alguem que nunca me viu me ajudaria? Isso deve ser outra rasteira...
- Não posso aceitar, eu nem...
- Anastasia nós não somos bicho papão, pode acreditar... Quando eu vi você assim que Henry apontou eu disse a Leila que precisava ajudar vocês... Você me lembra tanto minha doce Irina, eu não posso deixar vocês na rua até que você consiga se virar.
- Quem é Irina?
- A irmã dele um dia eu te conto sobre ela, vamos Ana aceite!
- Tá bom... Ian, acorde amor.
Meu irmãozinho abre os olhos e coça, assim que vê as pessoas ele me agarra pelo pescoço e encara eles:
- Quem são eles? - ele tenta perguntar baixo mas eles ouvem e sorriem.
- São anjos que o papai do céu mandou.
- Papai do céu é bom, não é igual aquele que bebe.
- Sim meu anjo, eles são muito diferentes, agora levanta que vamos com eles a um lugar, nós precisamos de banho.
- Vamos andando, não é tão longe daqui.
- Tá.
Andamos por cerca de vinte minutos e chegamos a um prédio bem humilde, entramos nele e descemos ao subsolo, o homem, Jack destrancou a porta e o lugar tinha cheiro de mofo mas era melhor que a rua:
- Anastasia precisa de limpeza, mas vocês podem se virar aqui! Nós moramos aqui também no terceiro andar na casa 301.
- Eu nem sei como agradecer tanta bondade, até hoje só fomos humilhados e aí vem vocês... Muito obrigada!
- Moça! - o menino loiro de olhos azuis e a cara do pai me chama.
- Sim querido.
- Eu posso brincar com ele quando der? - ele me olha pedinte.

- Eu posso brincar com ele quando der? - ele me olha pedinte

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- Claro.
- Vamos deixar vocês se organizarem, até mais Ana!
- Até Leila, obrigada por tudo.
Eles saem e olho para Ian, e o puxo para um abraço e em pensamento agradeço a Deus por não ter esquecido de nós, ainda faltava o dinheiro mas pelo menos um teto a gente já tinha por um tempo.
Depois de dar um banho em Ian e o agasalhar para aquecer do frio também tomo meu banho e me visto, batidas na porta chamam minha atenção, só pode ser Leila e Jack e quando abro é Leila:
- Ana voltei só pra trazer um pouco de almoço para vocês, não é nada demais mas pelo menos não ficarão com fome, tem um pacote de rosquinha para vocês e trouxe essa garrafa de café.
- Leila eu nem sei como te pagar.
- Ana a gente só faz o bem para receber o bem de volta! Tenha fé, tudo vai se acertar, se precisar deixar Ian comigo para olhar emprego não exite em pedir.
- Tudo bem!
- Infelizmente Jack está desempregado também e nem sempre poderemos dar o de comer a vocês, as vezes comemos na casa dá minha mãe, mas quando eu puder eu ajudo, a gente só não tá na merda porque esse apartamento é nosso e meus pais nos ajudam pois sabem que Jack é muito honesto.
- Não se preocupe Leila, vocês já foram bondosos demais.
- Sabe Ana o Jack é um homem incrível e isso nos mantém unidos, ele e Irina eram mais que irmãos, ele a protegia de tudo mas ela foi assassinada pelo ex-namorado, Jack ficou louco de raiva e quis matar o cara mas eu não deixei, quando ele te viu ele lembrou de Irina, vocês se parecem bastante e logo ele quis ajudar.
- Eu sinto muito por ela e estou muito agradecida por tudo isso.
- Ana que eu mal te pergunte mas porque estavam na rua? Porque seu pai foi tão cruel?
- Minha mãe nos abandonou a pouco mais de um ano e quando ele chegou em casa e me viu disse que eu parecia com ela... Ele me bateu - instintivamente levo a mão no rosto. - e depois empurrou Ian... Eu não tinha opção e então sai da casa dele.
- Meu Deus que crueldade.
- Mas nada que ele faça me fere mais, eu me preocupo com Ian... - olho carinhosamente para ele.
- Seu irmão é um anjo Ana eu torço muito por vocês.
                    *****
Os dias estavam passando rapidamente e eu não havia arrumado emprego, hoje não tivemos o que comer:
- Annie minha 'rabiga' dói. - ele leva a mão na barriguinha.
- Calma amor eu vou sair, você promete para mim que vai ficar aqui e não vai sair para lugar nenhum.
- Pometo.
- Eu vou achar algo para comer.
Dou um beijo nele e coloco uma touca e um sobretudo, eu não tinha opção, eu iria entrar em algum mercado e roubar algo para Ian, eu não posso deixar ele com fome, as coisas estavam muito difíceis e eu tinha duas opções no momento, a primeira era vender drogas e ganhar um dinheiro rápido e correr o risco de ser presa e Ian ser levado para adoção, a segunda e não menos pior era me prostituir, eu não tenho experiência em sexo e não sei se sirvo para ser uma puta mas eu não posso deixar meu pobre menino morrer de fome.
Entro num mercadinho e o senhor parece bondoso demais para ser roubado, eu não posso fazer isso, sigo até o caixa:
- Oi o senhor é dono daqui?
- Sou sim.
- Não precisa de funcionária? Meu irmãozinho​ e eu estamos num sufoco e eu preciso de algo, faxineira, qualquer coisa...
- Eu já tenho funcionários mas não posso deixar que uma criança morra de fome, pegue algo menina e leve para se alimentarem.
- Eu prometo que um dia pagarei ao senhor.
- Tenho certeza que sim.
Pego um pouco de coisa e ele complementa com macarrão instantâneo.
- Deus te ajude menina! Se eu soubesse de alguma vaga...
- O senhor já está ajudando a matar a fome de uma criança, Deus lhe pague em dobro.
- Obrigado, vai com Deus.
Saio dali e corro para casa e encontro Ian agarrado a um travesseiro.
- Obrigada por me obedecer amor, eu consegui algo para comer, você quer um macarrão instantâneo?
- Quero muito.
- Então espere aí.
Preparo o macarrão que fica pronto rapidamente e entrego um prato a ele, Ian come como se fosse a melhor coisa do mundo, mas aquilo logo iria acabar, nos dias que rodei aqui eu vi um clube noturno, eu não queria esse caminho mas eu iria vender minha virgindade a alguém e romper todos os meus sonhos de me entregar ao meu grande amor, perder minha inocência...

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