Capitulo 11 - vocês são da policia?

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manhã estava abafada. Março já tinha chegado anunciando o fim próximo do verão e a chegada tão esperada do outono pelos moradores do litoral já exaustos de tanto calor. Mesmo assim o céu estava tão limpo e azulado irradiando todo o calor que podia proporcionar naquela época do ano.

Um homem bem vestido com terno e gravata parecia não se importar com tanto calor. Talvez não estivesse muito tempo longe de um ar condicionado. Ele andou até um carro e entregou algo a alguém sem notar que de longe uma ruiva fotografava-o discretamente.

Angélica tirava as fotos com calma e precisão, como alguém que já estava bastante acostumada em espionar alguém. Conseguiu uma foto com boa focalização e proximidade de zoom quando o homem entregou um pacote de cor parda e volumoso para uma mulher dentro do carro.

– Conseguiu alguma coisa?

Marta apareceu atrás dela ajeitando os óculos escuros e usando roupas típicas que costumava vestir quando estava em horário de trabalho: saia lápis e uma blusa de seda com decote degagê.

Angélica guardou a câmera dentro da bolsa de couro que carregava no ombro. Se virou para Marta respondendo:

– Parece que essas fotos vão contar muito a favor do nosso cliente.

– Que ótimo. Me atrasei um pouco, tive que resolver umas coisas na firma.

– Não perdeu muita coisa Marta. – Disse torcendo os lábios desapontada

– Ainda temos que ir naquele endereço fazer algumas perguntas.

– Tem certeza? – Angélica parecia preocupada. – Aquela favela é perigosa. Além de que foi lá que mantiveram o cativeiro.

– Precisamos de testemunhas Angélica, ou nosso cliente acusado de um sequestro que não cometeu pode se dar muito mal.

Marta falava firme e preocupada. Odiava quando perdia um caso e alguém inocente pagava por alguma incompetência ou algum deslize que ela cometia.

Sua assistente consentiu ao ver a determinação da advogada e foi até a porta do carro:

– Então vamos. Tô ansiosa pra me refrescar no ar condicionado do seu carro.

Marta sorriu e destravou as portas apertando no botão do chaveiro. Quando chegaram ao endereço da possível testemunha viram que o lugar era bastante simples.

Realmente um pouco perigoso para advogada e assistente em busca de informações sobre um sequestro que tinha sido mantido ali, no bairro em que se encontravam agora.

Andaram até um portão de ferro enferrujado mal fixado no muro de tijolo que não possuía reboco, assim como toda a parede da casa. Bateram palmas e uma senhora negra com um bebê no colo apareceu na porta.

– Olá, meu nome é Marta e essa é a Angélica. Gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre o sequestro de uma turista que aconteceu por esses lados dois meses atrás.

A mulher foi até o portão, abriu-o com uma agilidade espantosa para quem usava apenas uma mão por ter a outra ocupada segurando quem parecia ser seu filho.

– Entrem. – Disse, depois de olhar para todos os lados certificando-se que não havia ninguém na rua observando.

Já na sala a mulher colocou a criança no carrinho. Foi até a cozinha e trouxe uma jarra:

– Querem um copo d'agua?

– Ah sim, obrigada. – Marta estendeu a mão aceitando a água gelada.

Vingança DesvairadaOnde histórias criam vida. Descubra agora