Capítulo 13 - Você acha mesmo que meu filho namoraria com você?

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ustavo permaneceu olhando para Marcela sem saber o que dizer.

– Não sei do que a senhora está falando.

– Não se faça de bobo, rapaz.

Ela deu alguns passos à frente se aproximando dele:

– Desde o dia em que te vi na cama de hospital todo derretido pro lado do meu filho eu percebi que a sua intenção com ele não era apenas amizade.

Não haveria como negar já que ela havia presenciado os dois na cama. Por isso Gustavo ficava cada vez mais apreensivo sem saber que rumo tomaria aquela conversa.

– Não é bem assim, dona Marcela.

– Não é bem assim? E como é então? Vai negar que você é gay?

Gustavo desviou os olhos da mulher intimidadora como se olhar para o chão o desse mais coragem para responder:

– Sim. Eu sou.

– E como se não bastasse o desgosto que você dá para sua mãe, ainda quer levar meu filho pra esse caminho?

Certamente Marcela pensava que Marta já sabia da opção sexual do garoto. A audácia dela já estava deixando-o irritado.

– Eu não estou levando ninguém pra lugar nenhum! A senhora entrou na minha casa sem um adulto presente pra me insultar?

– Eu entraria quantas vezes fosse preciso quando se trata do meu filho. Você pode estar seguindo por esse caminho sujo, mas não vou deixar que leve meu filho com você.

Ouvir aquilo foi demais para Gustavo. Afinal a casa era sua, ninguém deveria entrar nela para ofendê-lo.

– Olha aqui dona Marcela, saiba que ninguém influencia ninguém a virar homossexual. Se seu filho gosta ou se sente algo por mim pode ter a certeza que é pelo que é e sempre foi.

– Você acha mesmo que meu filho namoraria com você garoto? Meu filho sempre gostou de garotas. – Marcela dizia com um certo orgulho – Lindas garotas. Certamente naquele dia algo você fez para induzi-lo aquilo. Tenho certeza que sua mãe...

– Não envolve minha mãe nisso! Com ela eu me entendo.

Marcela sorriu enquanto ajeitava a bolsa no ombro:

– Tem medo que eu fale com sua mãe sobre isso?

Gustavo virou as costas por ver que ela percebeu que sua condição sexual ainda era um segredo. Fingiu arrumar um copo na mesa.

– É isso, não é? Sua mãe ainda não sabe. Coitada. Imagina a decepção da pobre advogada quando souber o que o filho dela é.

– Para. – Ele pedia com os olhos marejados.

– Imagina o sofrimento dela quando se sentir desolada por achar que a culpa é dela do filhinho querido gostar de meninos.

As palavras de Marcela acertavam-no como punhaladas em seu coração, punhaladas dolorosas que faziam vir à tona toda a angústia de ser algo que podia não agradar a sua mãe. Realmente se pôs a imaginar o sofrimento dela; sua tão carinhosa e prestativa mãe.

– Eu já pedi pra você parar! – Pediu novamente, dessa vez com as lágrimas já expostas em seu rosto.

– A coitada vai achar que não educou direito o único filho que teve. Como ela vai ficar quando imaginar que nunca terá netos?

Sem aguentar mais o deboche, Gustavo se virou bruscamente colocando-se de frente para ela e gritou:

– Sai daqui! Vai embora da minha casa!

Vingança DesvairadaOnde histórias criam vida. Descubra agora