Capítulo 14- "The killer's Song - Carolina Marques"

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A

o amanhecer o dia, no final da escada que levava a sala, Gustavo não deixou de notar um sorriso no canto dos lábios de sua mãe. Ele conhecia aquele sorriso disfarçado. Era sempre quando ela tinha algo para lhe surpreender. Terminou de descer os dois degraus, andou até a cozinha que não ficava muito longe da sala e sentou na mesa servindo-se de café enquanto perguntava:

– Que que foi em mãe? O que a senhora está escondendo aí atrás?

– Feche os olhos. – Ordenou ela sorrindo.

Ele riu orgulhoso de si mesmo por suspeitar e acertar que ela tinha algo para lhe mostrar. Fechou os olhos e quando abriu uma caixa pequena de formato quadrado embalada para presente estava diante de seu rosto.

– Mãe o que é isso? Não é meu aniversário nem nada.

– Presente não se dá só quando a pessoa faz aniversário, também quando ela precisa.

Ansioso ele desamarrou o laço cinza que fechava o saco plástico de cor azul brilhante e alegrou-se imensamente quando percebeu que se tratava de um celular.

– Mãe! Não acredito! Nossa! – Pulou em seu pescoço lhe abraçando. – Eu realmente precisava de um celular.

– Pois é, depois do que aconteceu achei que você devia ter um meio de comunicação pra me ligar caso algo aconteça.

O celular era um modelo V3 da Motorola que tinha sido lançado um ano antes.

– Muito obrigado mãe, nossa! E já vem com um chip. – Reparou, sorridente e já inserindo o chip no celular para cadastrar em seu cpf.

A maior alegria para Marta era ver seu filho assim, feliz e satisfeito. Deu-lhe um beijo e um abraço e mandou que se apressasse para que ela lhe desse uma carona até o colégio.

– Tava te esperando, trouxe a foto três por quatro?

Wanderson ao ver Gustavo se aproximando do portão da escola tratou de se aproximar e perguntar. Seu tom era eufórico e ansioso.

– Claro que eu trouxe. – Respondeu convencido por não ter esquecido.

– Ta, até a saída a gente se fala. Tchau Gugu. – Pegou a foto e saiu apressado.

Andou até o refeitório e colocou-se à frente de um garoto de cabelos curtos e arrepiados com blusa de gola polo que usava enfiada por dentro da calça jeans.

– O que você quer? O sinal já vai tocar. – O menino apenas levantou os olhos por trás do livro para perguntar.

– Lembra do favor que eu ia te pedir? Então preciso que você faça dois documentos de identidade pra mim, aqui está a foto e os dados.

O menino fechou o livro com ar de poucos amigos, pegou o envelope na mão de Wanderson e abriu analisando o conteúdo. Lendo o que havia no papel escrito a caneta disse:

– Se alguma coisa acontecer, você nem me conhece. Isso e crime de falsa identidade e todos nós podemos pegar de um a cinco anos de cadeia.

– A qual é Edu, somos menores de idade ainda. No mínimo pagamos multa, sei lá.

– Podemos ser internados, pagar multa, prestar serviços públicos...

– Ta Eduardo, já entendi. Você entende dessas coisas. Mas vai me dizer que não precisa de dinheiro? – Wanderson tentava convencê-lo com essa pergunta enquanto empurrava discretamente uma nota de cinquenta reais para baixo do livro que ele acabara de fechar.

Vingança DesvairadaOnde histórias criam vida. Descubra agora