Alfonso acordou uma semana mais tarde estava em uma cama cheio de aparelhos ligados ao seu corpo, um bip irritante invadiu seus ouvidos e ele aos poucos se lembrou do que aconteceu, sua reação foi se levantar e começar a arrancar aquelas coisas do seu corpo, onde estava Anahí, ainda sentindo dores e o efeito da anestesia estava.—A...Any— chamava, quando desprendeu um aparelho do seu peito ouviu o bip parar e um som irritante pior ainda seguiu continuamente, logo ele ouviu um movimento agitado do lado de fora do quarto, então uma enfermeira invadiu o quarto.
—Senhor Herrera eu preciso que o senhor se acalme, o senhor passou por uma cirurgia seu corpo ainda está se recuperando do trauma que o senhor sofreu.
—A...Any— chamou.
—Se o senhor se acalmar vou lhe explicar o que aconteceu.
—Any— suspirou deixando se ser empurrado contra a cama.
—Um motorista bêbado bateu no carro do senhor e da sua esposa quando estavam na estrada, vocês foram trazidos imediatamente para cá, o seu caso foi mais simples, porém sua esposa teve traumatismo craniano e teve o pulmão lacerado por um grande pedaço de vidro, ela ficou com muita pouca oxigenação, chegou aqui em estado crítico conseguimos controlar a hemorragia e fizemos uma craniotomia para ver os danos cerebrais que ela sofreu, ela agora está estável, mas o estado é crítico e o corpo dela sofreu muito, infelizmente já chegou ao hospital em coma, não podemos fazer mais nada a não ser esperar. Mas temos esperanças já que ela tem atividade cerebral.
—Ve.. lá, quero vê-lá.
—Agora não é possível, o senhor passou por duas cirurgias na última semana, uma toracotomia para ver suas costelas e uma na coluna por que o senhor sofreu um desvio, que foi corrigido a tempo então não vai ser problema, suas duas pernas estão imobilizados portanto não têm levantar. Venho administrar seus analgésico logo.— Alfonso não demorou a voltar a dormir, a dor emocional e física o derrubaram.
Horas Depois
Alfonso acordou novamente, dessa vez muito consciente de sua situação, mas assim que viu seus pais e sua irmã o olhando não conseguiu segurar e desabou a chorar, Clair correu para abraçá-lo, a dor era tanta que ele se perguntava por que Deus não o deixou em coma no lugar dela, porque não o levou embora, preferia morrer a ver sua esposa naquele estado, Dan e Lorenzo, como faria com os dois, Lorenzo era muito colado nele, mas Dante? O menino era muito doce e emocional, de uma fragilidade que até preocupava. Cada lágrima que derrubava era de dor, medo, angústia e desespero.
—Vai dar tudo certo Alfonso— Clair sussurrou.
—Eu tenho medo— conseguiu dizer— preciso vê-la.
—Vamos resolver isso— disse Ruth tocando os cabelos do filho.
—Eu fui agora a pouco na recepção conversar com o Enrique, ela está estável, mas tem um hematoma subdural que os médicos disseram ser a principal causa do coma dela, estão dando morfina para aliviar a dor dela, a craniotomia ajudou mas não resolveu, agora só resta esperar, declararam ela em estágio 7 da Escala de Glasgow, coma intermediário.
—Eu não ligo para escalas ou estatísticas eu só quero ela bem, viva e comigo.
—Você vai ficar bem, tem que ficar— Clair apertou o abraço— seus filhos dependem disso, de você estar lá para eles.
—Não vou conseguir Clair, não sem ela comigo, ela sempre sabia o que fazer, não importava o momento.
—Mas agora ela precisa que você saiba o que fazer, que você cuide dos meninos, Dante chorou durante a semana toda até dormir, teve febre emocional nos últimos três dias e comeu muito pouco, até o Lorenzo está meio derrubado, os dois não desgrudam por nada— informou Clair.
—A terapeuta do hospital veio falar conosco depois que trouxemos os meninos aqui na quarta-feira, quando souberam que era filhos do casal que se acidentou nos transferiram para ela— disse o pai de Alfonso.
—Ela pediu para termos bastante atenção, que eles podiam ficar muito emotivos, o que já está acontecendo de fato, mas agora eles precisam do pai, precisam de você Alfonso.
—Tudo bem, fale com o médico, eu preciso voltar para casa, mas não abro mão de ver a Anahí.
—Está certo— disse Ruth se levantando beijando a testa do filho e saindo do quarto a procura do médico.
Alfonso finalmente conseguiu autorização do médico para visitar Anahí, com tanto que usasse uma cadeira de rodas até lá, quando chegaram ao UTI Alfonso sentiu lágrimas nos olhos ao ver aquela cena, se destroçou por dentro, ali no leito Anahí se encontrava cheia de tubos, na boca no nariz, o corpo cheio de fios, tinham monitores que controlavam seus batimentos cardíacos, sua pressão arterial e a dosagem de morfina que recebia, além do barulho insistente que eles faziam no quarto. Ele se aproximou aos poucos da cama, tinha apenas 10 minutos.
—Amor— pegou a mão dela desolado, estava fria sem vida, se não fosse pelos monitores ele diria que estava morta— eu daria tudo para estar no seu lugar, a única coisa que eu quero é você se recupere porque eu não consigo viver sem você e pensar em um mundo no qual você não existe me mata por dentro porque eu preciso de você o Dante o Lorenzo precisam de você como é que eu vou viver sem...— perdeu o fôlego ao imaginar seus pensamentos se concretizando— sem você do meu lado? Any o mundo sem você não seria ele, seu sorriso, sua alegria, sua felicidade— sorriu ao lembrar da risada dela— tudo em você contagia eu não consigo imaginar minha nada sem você isso me dói só de pensar, eu só queria que você acordasse, ou melhor, eu só queria voltar no tempo e mudar todos os nossos planos, eu queria ter entrado 10 minutos mais tarde naquele carro, queria ter escolhido outro destino de lua-de-mel, eu queria ter escolhido outra data de casamento, porque agora te olhando sinto que tudo isso é culpa minha eu acho melhor você levantar dessa cama eu acho melhor você criar forças porque sem você eu não sou nada.— Se ergueu para beijar a testa dela— não existe amanhã sem você Anahí Herrera.
Deu meia volta na cadeira de toda saindo do quarto desolado, Alfonso nunca se sentiu tão inútil em sua existência, a mulher da sua vida, a pessoa com quem construiu uma família, a mulher que ele mais amava no mundo tinha sido arrancada de seus braços e ele não podia fazer nada além de rezar e rogar a Deus que lhe desse uma segunda chance.
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Honra
Romance"Eu vos declaro marido e mulher" Alfonso Herrera mal podia esperar para ter sua mulher nos braços durantes os próximos dois meses em sua lua de mel... Mas tudo oque podia se lembrar daquela trágica noite foi do som dos pneus rasgando o asfalto e...