11-Let me go

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6 semanas depois...

—Dan.. Dante filho fica quieto nós já vamos— tentava colocar a camisa no menino, era uma blusa preta como a do irmão, Alfonso achava a cor muito pesada para uma criança, mas não questionou a escolha de Clair, estava cansado olheiras fundas cercando seus olhos

—Alfonso, querido— chamou Ruth acordando ele do transe— você vai até o hospital?

—Sim, os meninos precisam passar pelo acompanhamento psicológico segundo a Meg, sabe como ela tem sido uma grande amiga, sempre me falando das coisas no hospital e me orientando com essa parte médica dos meninos.

—Se encontrar ela diga que mandei um beijo e que agradeço tudo o que ela tem feito por nós.

—Pode deixar— falou sem dar muita importância.

Ruth olhou o filho preocupada, ele estava tão mal que ela se sentia impotente de não ser mais capaz de ajudá-lo, queria que ele ainda fosse um menino, quando ele era criança tudo passava com apenas um beijo carinhoso e um abraço de conforto, queria que o carinho de mãe bastasse para curar as feridas dele, mas nada poderia fazer.

Alfonso saiu meia hora mais tarde se dirigindo para o hospital com os filhos sentados nas cadeirinhas do banco de trás, ele se lembrou de ter conversado com Anahí sobre comprar uma minivan era mais espaçosa e confortável para uma família grande como a deles, a lembrança o machucou ao se lembrar de que não chegaria em casa e discutiria sobre trocar o carro com ela ou sobre qualquer outro assunto banal.Quando parou de frente ao hospital pegou o cartão com o nome da terapeuta infantil do hospital:

"Dra. Júlia Duffer

Terapeuta Infantil e Familiar

Children's National Medical Center

Sala 349- 5º Andar- Ramal: 3423"

Não se lembrava da esposa falar de qualquer Júlia trabalhando no hospital, talvez não se conhecessem ou ela fosse nova no mesmo, Saiu do carro pegando os filhos no colo sem muito esforço, se identificou na recepção e subiu pelo elevador, Lorenzo estava inquieto em seu colo, já tinha ido algumas vezes ali ver a mãe, ele ficou procurando com os olhos esperando ouvir o riso da mãe correndo para pega-lo no colo, mas não encontrou, então se virou e apoiou o rosto no ombro do pai meio quietinho.

Quando chegaram a recepção do andar da terapia, Alfonso aguarda ser chamado com os filhos em uma salinha com alguns brinquedos infantis tentou distrair os meninos, Enzo se emburrou e sentou em um sofá próximo sem qualquer ânimo, Dante ficou bravo com a tentativa de distração e pegou um brinquedo atacando no chão.

Da porta uma moça de cabelos escuros médios e olhos azuis analisava a cena anotando tudo em uma prancheta, ela observava o homem bonito, mas a linda aliança de ouro em sua mão esquerda era um alerta de problemas e o olhar triste era o de instabilidade emocional, tudo o que a jovem Júlia Duffer não precisava em sua vida. Espantando os pensamentos ela adentrou a sala.

—Sr. Herrera— chamou ele se levantou, ela viu como ele era mais bonito ainda de pé, exalava masculinidade— sou Júlia Duffer, vou ser a terapeuta da sua família, sinto muito pelos últimos acontecimentos.

—Obrigada, eu diria muito prazer em outro momento, mas sinto lhe informar que não me agrada nem um pouco passar por essa situação, eu gostaria de não estar aqui.

—Eu entendo completamente— tentou passar conforto, desviou o olhar dele para os dois meninos que ali se encontravam— vocês dois devem ser o Dante e o Lorenzo— sorriu docemente para os meninos.

Dante prontamente correu para o pai pedindo colo e Lorenzo se ocultou atrás da perna do mesmo, se sentiam desconfortáveis com aquela estranha de olhar esquisito, o sorriso sumiu da face de Júlia que suspirou. Seria uma longa jornada.

Depois de uma hora com Júlia os meninos não mudaram em nada e ela tentava a todo custo convencer Alfonso de que era questão de tempo eles se abrirem, ela tentava explicar a situação da mãe aos dois com expressões infantis como sono profundo e dodói, mas os meninos não abriram a boca enquanto ela falava, e saíram da consulta mais mal-humorados do que quando chegaram.

Alfonso conversou com ela desabafou um pouco sobre a situação, como eles estavam em casa e os problemas que a ausência da esposa o provocava e como os filhos vinham agindo de maneira violenta, a carência de Lorenzo, e a insônia de Dante que sempre acordava chorando coisa que ele não fazia a muito tempo.

Júlia se comoveu com ele, mas tentava ser o mais profissional possível, sabia que era anti-ético se envolver emocionalmente com um paciente e que isso poderia lhe custar o emprego e o diploma de psicologia, afinal que tipo de pessoa é capacitada para orientar as pessoas emocionalmente se nem conseguia controlar suas reações a um paciente.

Alfonso dirigiu para casa mais calmo ao contrário dos filhos que sentiam-se como se ele tivesse imposto a presença de uma intrusa a vida deles depois de retirarem sua mãe dali. Quando Alfonso chegou em casa tentou distrair os filhos novamente, mas os dois sentaram-se quietos juntos no sofá e adormeceram sem dar uma palavra sequer, para preocupação de Alfonso.

Ele refletiu sobre a conversa com a terapeuta, tentando buscar soluções para os filhos e finalmente decidiu que apesar de não gostar da idéia seria inevitável não levar os filhos até o hospital para verem a mãe, mesmo que isso fosse acabar com seu emocional completamente.

Precisa de novo da sua paz

HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora