12-Enseñame, a estar sin ti, a caminar, a respirar.

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Escutem a música: Enseñame- Juliana Velasquez

Y si cuentas hasta diez

Para volvernos a ver

Seria un tiempo eterno para mi

Alfonso despertou com uma mãozinha pequena na boca e um par de olhos cada vez mais azuis lhe encarando, Dante tinha os olhinhos cheios de lágrimas observando o pai, Alfonso se assustou afinal ele nunca tinha levantado sozinho desde que o acidente aconteceu.

—Dante, o que foi? Você se machucou?

Yo que jure no volver

A tus brazos no correr

Pero son el refugio que yo elegí.

O menino encarou o pai com um olhar de quem nem ligava, ele simplesmente virou na direção lateral da cama e só então Alfonso notou Lorenzo no chão tentando a todo custo subir na cama, então ele se questionou como Dante conseguiu fazer a mesma coisa, esqueceu disso rápido e ajudou o outro filho a subir na cama, os dois deitaram um em cada lado de Alfonso se apoiando em seus ombros e segurando a mão um do outro, Alfonso se lembrou que costumava ver essa quase a mesma cena quando eles eram pequenos, as vezes ele chegava do trabalho e encontrava Anahí amamentando os dois ao mesmo tempo, eles seguravam a mão um do outro enquanto se fartavam nos seios da mãe que sempre tinha uma expressão de paz no rosto quando os amamentava, parecia ter uma conexão com os dois.

Enseñame, a estar sin ti

A caminar, a respirar

Decir tu nombre sin que se me queme la garganta

Os meninos adormeceram, ele aos poucos se levantou com cuidado de não despertar os dois, tomou um banho e se vestiu fazendo o mínimo de barulho possível, foi até o quarto dos filhos escolheu roupas para eles deixou separadas e foi fazer o café, ficou surpreso ao ver que já tinha e dar de cara com Joana a empregada de sua mãe pondo a mesa, não reclamou nem falou nada tomou café rápido e preparou duas mamadeiras para os filhos tomarem, quando chegou no quarto os despertou.

Tu. Dejame ir Quiero intentar ponernos un final

Sin ventanas abiertas

Darme hoy la media vuelta Uhhh... Enseñame

—Vamos filho vem— beijou o rostinho de Dante e repetiu o ato com Lorenzo.

Levou os dois para o quarto deles e deu banho em ambos cuidadosamente, sentia falta da baderna que seria em uma outra manhã qualquer, meses atrás, seria tão mais fácil ter a esposa ali, engoliu as lágrimas, não podia ser fraco diante dos filhos, precisava passar no escritório antes de ir para o hospital, depois de dar banho nos filhos ele deu as mamadeiras e eles mamaram, não falavam a uma semana e Alfonso não conseguia que eles dissessem uma palavra sequer, tudo era através de gestos desde pedir um comida até para ir ao banheiro.

Arrumados e alimentados, ele foi com os filhos até a empresa, quando chegou lá foi obrigado a ouvir falsos "eu sinto muito" e alguns sinceros olhares silenciosos, porque ele sabia que não eram necessárias palavras, um olhar expressava muito.

No mas pasos de revez

Ni pensar en tus tal vez

La vida pasa, tu pasaras tambien

Quando saiu do prédio onde trabalhava, se dirigiu para hospital os meninos quietos, sem qualquer noção do que acontecia, quando chegaram os dois ficaram mais quietos ainda, eu me identifiquei, o caminho pelo corredor nunca pareceu tão longo, quando a enfermeira abriu a porta do quarto quase o fez se arrepender de deixar que seus filhos vissem aquela imagem triste.

En mis sueños te he vuelto a ver

Y me reclama hasta mi piel queriendo sentir tus manos otra vez

Anahí estava deitada em uma cama, a pele e cabelos antes brilhosos agora estavam pálidos e sem vida, um tubo estava preso a sua boca a ajudando a respirar, vários fios que monitoram batimentos, saturação, pressão estavam presos a ela por eletrodos e um oxímetro preso ao dedo, os dois se agitaram em meu colo ao verem a mãe, Alfonso cuidadosamente se dirigiu até ela com os dois em meu colo, coloquei eles sentados na cama dela.

Enseñame, a estar sin ti

A caminar, a respirar

Decir tu nombre sin que se me queme la garganta

Lágrimas vieram aos olhos ao ver os dois mexerem em seus ombros para chamá-la e notar a frustração tomar seus rostos ao não obterem uma respostas, Lorenzo o olhava e repetia "mamãe" e ele se sentia um nada, pois nem capaz de protegê-la ele foi, ele queria ser Deus por um dia apenas para não fazer com que seus filhos passassem por aquilo, para voltar no tempo e escolher outro destino de lua de mel, ou escolher outra data de casamento, ou simplesmente mudar a rota.

Tu. Dejame ir Quiero intentar ponernos un final

Sin ventanas abiertas

Darme hoy la media vuelta Uhhh... Enseñame

Ele faria qualquer coisa, para não passar por aquilo, Dante cansado de chamar a mãe apenas se deitou ajeitando os cabelos de Anahí, Lorenzo passava a mão no rosto da mãe agora calado, cuidadoso, como se sentisse a fragilidade da situação, naquele momento um flash passou pela cabeça de Alfonso, ele estava em um hospital, estava feliz, tinha Anahí o encarando com um enorme sorriso no rosto emocionado, com dois embrulhos pequenos nos braços, o flash se foi tão rápido quanto veio, como se já fizessem décadas e não poucos anos.

Enseñame, a estar sin ti

A caminar, a respirar

Decir tu nombre sin que se me queme la garganta

Tu. Dejame ir Quiero intentar

Ele não aguentou a espera do fim do horário de visita, pegou os filhos que haviam adormecidos junto a mãe e saiu, aquela imagem era pesada demais para ele. Dirigiu pela cidade sem destino e quando deu por si estava parado na estrada 745 de frente a proteção lateral já estava consertada, mas as marcas de pneus ainda estavam no asfalto mesmo meses depois, o inverno havia impedido que o fizessem, a estrada estava deserta, ele se aproximou ficando de joelhos passando as mãos nas marcas de pneus, as lágrimas que rolavam pelo seu rosto expressavam o seu ódio pelo motorista imprudente que lhe arrancou a felicidade, que tirou tudo o que ele tinha.

Ohh ohh

(Enseñame)

Ehh ehh

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⏰ Última atualização: May 13, 2017 ⏰

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