Capitão Rá'as Erik
Enquanto escalava a montanha de Elendil se lembrou da despedida com Raabe e Mehkdrill. Ele queria ter raiva do Príncipe por ter ganhado o coração de sua filha postiça, mas não conseguia. Ele tinha uma honestidade e fidelidade no olhar, que derrubava qualquer tentativa de acusação. Já fazia dois dias que tinha deixado Torso, e seu esquadrão estava desconfiado de que viriam problemas a seguir. Os suprimentos eram mais que suficientes, mas aquela montanha era penosa demais. Não ficaram fatigados, mas famintos e sedentos com frequência.
Gore permanecia discutindo com Wesk sobre a chance de chuva enquanto faziam a escalada. O céu estava nublado, mas de acordo com Wesk, as nuvens estavam apenas cobrindo o sol, sem de fato estarem carregadas com chuva. Troot por outro lado, estava mais próximo de Erik, então fazia seu papel de arqueiro, observando a longa distância qualquer sinal de perigo. Uhumash por ser mais rápido permanecia de batedor, a frente. Escalava mais rápido que todos. Eram algumas escaladas e caminhadas íngremes, numa sequência cansativa. Erik até mesmo se perguntava por que raios o Príncipe subiu aquela montanha, mas logo seus pensamentos eram arrastados para o curioso surgimento de um Seth após tantos anos. Isso com certeza não era um bom sinal. O mundo estava em silencio por muito tempo. E o silencio precede a tormenta.
Alcançaram o topo da montanha e encontraram os rastros de sangue ressequido não muito longe do pico. Fumast tocou o sangue e o lambeu, em seguida disse:
- Sangue de Raabe. Estamos no caminho certo.
Fumast guiou o esquadrão descendo a montanha do outro lado, acompanhando os rastros de sangue. Encontraram caveiras e muitos sangue no chão. O cheiro de decomposição estava muito forte, e os abutres ainda se deliciavam com os restos dos guerreiros de Luz.
- Fumast e Troot façam a varredura do perímetro. Uhumash e Gore acompanhem os arqueiros de longe para protege-los. Wesk comigo. – Delegou Erik.
Fumast seguiu a norte e Troot a sul. Gore e Uhumash acompanharam atentos. Wesk ficou fazendo a varredura ao redor de Erik enquanto ele analisou os corpos. Estavam devorados por predadores locais, não tinham nada que se preocupar ali. A tal caverna estava a uns cinco metros dos corpos. Avançou com Wesk até a entrada e viu no chão dois símbolos mágicos com formatos de estrela. Pegou um pergaminho e reproduziu o desenho da melhor forma possível. Ascendeu chamas em sua mão para iluminar a caverna e adentrou. O aroma de dentro daquela caverna era surpreendentemente agradável. Tinha cheiro de flores do campo, e uma fogueira no centro a muito apagada mostrava que alguém realmente vivia ali. Lâmpadas ainda com óleo nas paredes foram acesas por Wesk e logo se revelou uma moradia escondida. No canto uma cama de lã, no centro a fogueira com forquilha para assar carne. Algumas panelas de metal jaziam ao lado da fogueira. No outro canto uma cômoda com várias gavetas e ao lado dela uma escrivaninha com pena e tinteiro sobre ela. Obviamente alguém sábio vivia ali. Erik abriu as gavetas e encontrou poções das mais variadas cores, catalogadas com nomes estranhos. E na gaveta de baixo pergaminhos e livros, escritos em línguas estranhas para ele. Entretanto entre os manuscritos encontrados um deles lhe deixou curioso. Era uma carta sem remetente cujo o conteúdo dizia:
"Eu sei o que você fez. Nunca mais fale comigo, nem sonhe comigo. Seu canalha!"
Logo abaixo escrito com sangue havia:
"Ela não viveu o suficiente para falar alguma coisa. Agora permaneça escondido"
Uma conspiração se encontrava com o indivíduo que ali morava. Talvez não fosse um Seth afinal. Mas que usa das Trevas ele sim usa.
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As Cronicas do Príncipe Rá - Uma Historia do Universo de Hades
FantasyQuando uma jovem Guerreira de Luz é encontrada pelo Príncipe Exilado Mehkdrill ferida por magia das trevas, tudo indica que um mal a muito esquecido nas Guerra dos Deuses parece retornar. Porém isso é apenas o começo de uma grande conspiração nos qu...