Capítulo 7

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To'th Iatule

Em cerco perimetral ao redor de uma mansão abandonada entremeada em meio a salgueiros e lodo de um pântano próximo a estrada velha, estava Iatule com alguns guerreiros Osíris. Ele aguardava de uma distância segura a rendição de Erik e seus homens advindos de Itimon. O desgraçado havia se trancafiado atrás daqueles muros, e arqueiros emboscavam todos que entrassem em seu raio de alcance daquelas torres. Os muros são facilmente derrubáveis com qualquer equipamento de cerco, coisa que Iatule não tem. O Portão pode ser posto abaixo com um aríete médio, porém ele também está desprovido de tal equipamento. Em número de soldados, ele tem o dobro do Guerreiro de Luz, mas isso não é vantagem se comparado a posição de defesa que ele está. Um avanço desenfreado para escalar os muros e o dobro se torna um terço em questão de minutos. Estrategicamente o Guerreiro de Luz está em melhores condições que ele, porém isso precisa mudar e logo. Invocar criaturas das trevas pode chamar a atenção de Rá para o plano maior e estragar de qualquer forma o objetivo desta missão. Ninguém pode saber o que eles pretendem fazer, e ao invocar tais feras, após o uso elas não são enviadas de volta para seus lugares no limbo da escuridão. Elas ficam vagando e causando a destruição por onde passam. Obviamente não fariam muito mal, mas chamaria a atenção. Isso sem contar que o tal Guerreiro pode muito bem causar alarde por seu desaparecimento. Se sentirem sua falta pode ser problemático. Iatule fica nesse impasse sem saber exatamente que passo tomar. Sua indecisão o faz perder reputação perante os soldados e o comandante Osíris. Hesitar em campo é fraqueza na concepção de tais soldados. Um Kaas treinados nas artes da guerra, da meditação e da magia ser humilhado perante soldados de Osíris é um insulto ao Monastério e a seu Kaas Akarzuli. Isso não pode e não ficara assim. O dia ainda está alto e sua desvantagem continua evidente. Precisa se reorganizar e conversar com o comandante.

Se alinhando frente a uma das fogueiras que foram acesas para assar o carne para o jantar, o comandante Osíris e ele se reúnem.

- Estou formulando um plano para capturar o Guerreiro de Luz a um tempo, mas até agora todos que começo sempre acabam sendo jogados por terra quando me deparo com as vantagens dessa mansão infeliz. – Diz sincero Iatule.

- Isso por que não é um bom guerreiro. – Sorri o Osíris.

- Não gosto desse comentário. – Adverte Iatule fitando o comandante que não se sente ameaçado.

- Kaas você e suas filosofias servem para dar aulas a pupilos e filósofos, não a guerreiros e senhores. Não vejo utilidade alguma para sua classe comandar e delegar funções em campo. – Expressou sua opinião com desdém.

- Ouça com atenção, sua falta de respeito está anotada comandante. Kaas Akarzuli saberá disso. – Declarou Iatule.

- Estou aqui como apoio a missão fracassada de vocês. Me reporto ao Faraó de Osíris, não ao seu Kaas de merda! – Cuspiu ao dizer merda e continuou – Se mandar que meus Osíris saiam daqui agora, eles não hesitaram um só segundo. Então acho que deveria se colocar no seu lugar, como um servo humilde que é. – Humilhou o Osíris enquanto todos os Osíris soldados ao redor fingiam não ouvir a conversa, mas ouviam atentamente.

- Vejo que não respeita e não teme, tanto a mim quanto a meu líder. – Iatule perdeu a paciência mas manteve a aparência de calmo enquanto por dentro estava explodindo – Quero que saiba que você desrespeitou um Kaas conhecedor dos ritos de invocação profanos. Desrespeitou um guerreiro treinado em artes que seus heróis de lendas ainda aprendiam. Sou professor de heróis e vilões, lendas e mitos. Ensino o conhecimento da guerra advindo de milhares de vozes vitoriosas que narraram seus feitos, e passaram seus conhecimentos. O que sabe sobre a sobrevivência? O que sabe sobre o poder que corre em suas veias? O que sabe sobre a magia que rege esse mundo? – Iatule gritava estas palavras com fúria – O subterfugio de ter seus soldados a meu favor é para que os planos maiores não sofram alterações, mas já que insiste em me desrespeitar e não tem o mínimo de proteção contra as magias profanas... – Iatule o olha fixo.

As Cronicas do Príncipe Rá - Uma Historia do Universo de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora