As Cronicas do Príncipe Rá - Uma Historia do Universo de Hades

Capitulo 9

Kaas Iomhi

O Sol estava a pico quando os cavaleiros do Kaas Iomhi alcançaram a caravana de fuga dos Kaas do Monastério. Mesmo a distância de algumas milhas, os olhos de Iomhi e de Akarzuli se chocaram num misto de ódio e decepção da parte do mestre de Mehkdrill. O sentimento era uma mistura de luto pelo que um dia o Monastério foi, e ódio pelo que se tornou. Talvez hoje apenas ele e Mehkdrill sejam os únicos não corrompidos que se livraram do mal epidêmico.

Os Cavaleiros atrás de Iomhi carregavam uma lona de retalhos gigantesca embebida em Magnesita e óleos extraídos das plantas. Cada ponta do retalho gigantesco se erguia com o furor do vento no trote, e em seu meio apenas o vazio que aguardava ser preenchido pelos inimigos montados em bestas. Aos poucos começaram a se aproximar, enquanto os homens que marchavam a pé demorariam um tempo a chegar, os cavaleiros e o grande tecido, ganhariam tempo com essa sublime distração.

Akarzuli estava montado em um cavalo, que Iomhi reconheceu imediatamente. Se tratava de Quesset o fiel equino negro de Mehkdrill, sendo obrigado talvez até mesmo por magia a servir aquele maldito Kaas das trevas. O Kaas de Mehkdrill furioso continuou na vanguarda da investida sem recuar um passo se quer. Enquanto se aproximava da estrada que a caravana seguia, observou os montadores de lagartos virando seus animais para resistir ao primeiro embate. Não avançaram, apenas montaram as lanças longas para espetar os cavalos do primeiro embate e em seguida puxar as espadas para lutar com afinco contra a próxima leva. O que eles não sabiam é que Iomhi não ia para o primeiro embate de frente. Ele iria flanqueá-los com os cavaleiros que puxam a lona gigante de retalhos e lançar a tal lona sobre todos os que pudessem.

Com estratégia feita, o furor da batalha se aproximava e desta vez Iomhi sentia o coração bater com gosto de vitória e vingança. Lembrou-se do que arquitetou com Melek, e que com certeza faria diferença nessa investida corajosa. Com seus fiéis companheiros atrás de si avançando com o tecido, ouviu os gritos de exaustão que saiam dos pulmões de ambos os lados. Uma forma de extravasar o nervoso e a ansiedade do momento entrave do combate. Iomhi desviou nesse instante para o lado e auxiliou um dos cavaleiros a ladear o inimigo. A caravana parou de andar e ficou perplexa com a atitude. Akarzuli com certeza pensara "Mas esconder a vista com um tecido negro não é o suficiente para nos parar". O tecido planou sobre todos como uma onda do mar sobre um banhista perdido. Todos da caravana ficaram atônitos e sem reação com aquela estranha atitude. O tecido foi caindo sobre eles, que ergueram as laminas para rasgar e sair de baixo dele. Foi nesse instante que Melek com um enorme grupo de Arqueiros surgiu correndo a uma distância considerável, munidos de flechas flamejantes. Eles mal respiraram e fizeram posição lançando centenas de flechas para o alto, formando uma perfeita parábola que finalizava sobre o exército de Kaas mergulhado sob o tecido de retalhos. As chamas se ascenderam de tal forma que era difícil acreditar que alguém sairia vivo daquele inferno. Iomhi e os Cavaleiros que o ajudaram nessa primeira investida retornaram e se reagruparam com os cavaleiros que ficaram mais para trás. Não era hora de esperar e sim de avançar. Todos por ordem de Iomhi – Que apenas passou na frente deles empolgado com a batalha – Seguiram rumo ao confronto na estrada que leva para o reino de Toth. Os cavaleiros avançaram sem piedade contra os confusos montadores de lagartos gigantes, que em vão tentavam se desvencilhar das chamas. O fogo estava enlouquecendo os lagartos que já não os obedeciam, dando oportunidade para os cavaleiros de Rá derrotarem seus rivais com muito mais facilidade.

Sitiados nas chamas, com suas carroças de suprimentos em chamas, Akarzuli sentiu que a batalha estava perdida, ao avistar centenas de guerreiros se aproximando em marcha acelerada. Ele não iria desistir, não agora. Decidido a vencer, palavras de sua boca começaram a ser proferidas recitando um diabólico rito de invocação.