"A vida, é uma peça de teatro onde não se permite ensaios" – Charlie Chaplin.
Ele corria e gritava nas ruas escuras e vazias daquela cidade, nunca sentira tanto pavor, nunca tinha sentido algo igual. Ele ouvia ruídos, um uivado e sentia uma respiração quente e ofegante em sua nuca, August se encontrava muito atemorizado. A noite chuvosa só dificultava sua visão, as ruas estreitas do bairro e o medo o deixara em pânico. Ele pensava que iria morrer, mesmo não vendo nada, o medo tinha tirado-lhe a sanidade. Chegando em casa tomou um banho demorado, e após refletir sobre o que viu minutos antes, ligou e contou para sua amiga o ocorrido e o medo que sentira.
– Tem certeza que não se confundiu? Que não era um cão ou algo assim? – Disse Anne, sua amiga.
– Se fosse um cão não estaria com tanto medo, aquela "coisa" com certeza não era desse mundo. – Retrucou.
– Nem as torres gêmeas são maiores que você (risada) – Brincou ela.
– (risada) Verdade, ah sei lá, só sei que estou apavorado.
– Gus, estava escuro, chovendo, com certeza não passou de algo da sua cabeça e o uivado era apenas um cachorro qualquer.
– Pode ser... Vou dormir, boa noite, beijos.
– Boa noite, durma bem, até amanhã.
Desligou o celular, colocou para carregar e foi dormir, mas algo nele estava mudado, algo de diferente estava por vir.
No dia seguinte ele acordou com um barulho, sua janela estava aberta e ele estranhou. Assustado, ele saltou da cama, pegou um chinelo como se fosse uma arma (como se o calçado fosse protegê-lo de alguém), e procurou pela casa por algo que nem ele sabia quem ou o que era, mas não encontrou ninguém.
Foi ao banheiro e jogou uma água no rosto para se acalmar, se olhou no espelho: ele tinha seu abdômen semidefinido, era alto, magro, com larga caixa torácica, moreno, cabelo bagunçado e olhos escuros e profundos que o trouxe as terríveis lembranças do dia anterior. Após deixar Claryce em casa, ele voltou andando para sua. Estava frio, chovendo muito forte e ele sentia uma sensação estranha, quando sentiu um toque nas costas, pensou ser um ladrão, mas se virou e não viu nada. Mais à frente, ele ouviu um rangido, um uivado, algo sombrio e assustador, fugiu para sua casa, ouvia uma ofegante respiração, mas não via nada. O terror voltou ao seu corpo que se arrepiou todo enquanto ele lembrava. Ele terminou de se arrumar e saiu para a faculdade. Ele estudava na Cidade Universitária de New York, cursava História da Arte juntamente com Carol, uma bailarina que era sua amiga desde a antiga escola. Alguns de seus amigos de faculdade vieram da mesma escola que ele, Timmy, Carol, Jocy e Jonathan. Apesar de fazerem cursos diferentes, eles optaram por estudarem na mesma faculdade.
***
Ele não conseguia se focar na aula, a todo momento vinha em sua mente o ocorrido, os ruídos, o uivado, o calor da respiração que ele sentira em sua nuca.
– August? August, poderia nos dará resposta desse exercício? – Disse seu professor. Rapidamente todos viraram para August com cara de desaprovação.
– Oi? Eu?
– August, preste mais a atenção nas aulas. Continuando...
O professor voltou a explicar e todos voltaram a dar atenção a ele, Carol, que estava sentada ao lado esquerdo de August, perguntou?
– Está tudo bem com você Gus?
– Tudo sim, só estou com a mente longe.
– Vamos almoçar fora hoje? É aniversário do Jhonny, queria fazer alguma coisa para ele, nem que fosse simples.
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A Cor d'Alma (Título e Capa provisórios)
Rastgele"Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo. " (Leonardo da Vinci) August G. Rushmore, um estudante de Artes cênicas da Cidade Universitária de Nova York (CUNY), no Brooklyn. Tem uma vida comum, trabalho, amigos, estudo, até que um dia algo...