Colega de Quarto

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Com o início das aulas Baekhyun e eu nem temos tempo de falar muito, mas quando nos falamos ele sempre dá um jeito de usar uma voz toda manhosa “Channie, não consigo pegar aquele livro, é muito alto.”, “Channie, não quero almoçar sozinho.” “Channie...”, teve até uma vez que ele me pediu pra lhe alcançar a toalha que ele tinha esquecido, óbvio que eu saí do quarto de fininho e fiz de conta que não estava ali o tempo todo. Enfim, e no tempo em que não estávamos conversando ou estudando, ele estava bebendo – o que é com muita frequência – me pergunto o porquê ele beber tanto. Vai acabar morrendo antes dos 35.

Ninguém tocou no assunto sobre o que ocorreu – apesar de que, acho que somente eu me importo –, mas acho que até é bom dessa forma. Mesmo assim, às vezes não consigo evitar pensar naquela cena, querendo que fosse eu a beijá-lo, e sempre acabo me aliviando no banheiro mais tarde.

Não sei em que momento essa atração começou, não é uma paixão nem nada, mas não consigo evitar o pensamento de querer possuí-lo ou ter ciúmes cada vez que o vejo se atracando com aquele loiro – que mais tarde descobri se chamar Kris, estudante (pegador) que cursa direito – pelos corredores e pátios da universidade.

Já estávamos na quarta semana de aula. Na maior parte do tempo se não estava estudando, estava com Sehun. Fazemos quase todas as cadeiras com os mesmos professores, e no fim da semana – às vezes no meio dela – quase sempre acabamos por passar em um barzinho e conversar por horas ou vamos para o dormitório fingimos que fazemos os trabalhos em grupo.

Com o tempo descobri seu interesse por garotos – não lembro como chegamos ao assunto, mas não, não foi pensando em se pegar –, ele nunca teve um relacionamento sério, gosta de experimentar tudo que a vida tem a oferecer.

Contei-lhe também que já tive minhas experiências no colegial, mas que normalmente ficava com mulheres. Acabei contando também sobre o meu colega de quarto – o que o fez rir da minha cara, não sei porque –, mas não quis tocar muito no assunto.

Assim foram passando os dias, cada vez mais vou tirando da minha cabeça que vai ser impossível ficar aqui. Mas mesmo com isso tudo, ainda sinto saudade das minhas tardes com  o Kai, não é que esse tempo com o Sehun seja ruim, mas a falta de alguém que me entenda com um único olhar às vezes é grande demais.

Assim como havia prometido, falo com Kai todos os dias, às vezes por simples mensagens, quando temos um pouco mais de tempo via webcam. Não é só os estudos da faculdade que complicam a comunicação, mas também às 9 horas de fuso horário, quando estou voltando para o dormitório à noite para ele já são quase duas da manhã.

Mas não é essa complicações que vão atrapalhar os últimos onze anos de amizade.

{•••}

— Então cara, ‘tá sabendo que hoje vai ter uma baita festa, né? Dizem que é a maior que os Betas já deram. – dizia Sehun, enquanto o professor explicava algo sobre... sistema nervoso... acho.

— Aham. Mas eu não vou.

— Como não vai? Vai ser ótimo! faz um bom tempo que a gente não sai, você tem que se distrair. Não ‘tá pensando no teu colega de quarto de novo, né?

— Não tem nada a ver, eu só não vou porquê... Tenho um  trabalho pra fazer. – mentira, eu não queria ir a mais uma festa (falo como se tivesse ido a mais de uma) e ver o Baek dançando de uma forma tão sensual sem que eu possa tocar, ou sem que alguém veja que eu fico secando o baixinho descaradamente.

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