Eu contarei

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Luhan POV

Eu sempre quis fazer amor na praia, não queria fazer sexo, queria que fosse toda aquela loucura, mas que fosse especial de alguma forma. Ninguém precisava saber disso, ninguém precisava saber que não sou o que demonstro.

Sehun estava deitado ao meu lado, ele havia pegado no sono, eu não. Eu precisava admirá-lo dormindo. Suas costas brilhando com a luz opaca da lua.

Ninguém além de Baekhyun conhece a minha vida antes daqui, quando cheguei a Londres é como se tivesse apagado todo o meu passado, ninguém me conhecia, não poderiam me julgar, eu era só um cara de 21 anos que tinha conseguido uma bolsa na melhor faculdade de Londres. Mas a verdade é que minha vida antes disso foi um inferno.

Eu conheço o Bae a quatro longos anos, nós trabalhávamos juntos a noite, naquelas ruas imundas de Seul. Eu fui para Coréia com a minha mãe quando era bem pequeno, e quando eu tinha 16 anos ela faleceu. Foi à coisa mais horrível que poderia ter acontecido, eu não poderia parar de estudar para trabalhar, minha mãe jamais aceitaria isso se estivesse viva, mas o salário de trabalho de meio período não era o suficiente. Foi assim que fui parar nas ruas. Quando cheguei aqui eu fiquei com muitos caras, não só porque eu gosto de ficar fazendo aquilo – eu gosto claro – mas era a minha maneira de me livrar daquele passado, eu queria dormir com pessoas que eu estivesse afim, eu queria sentir prazer também, eu queria esquecer que fui tratado como uma boneca um dia.

Dois anos depois que eu já trabalhava naquele lugar, o Baek chegou, quase na mesma situação que eu havia passado um dia, mas ele ainda tinha um irmão pra cuidar. Nós começamos a nos ajudar, eu, por estar dois anos a frente, o ajudava com os estudos e ficávamos no mesmo ponto a noite.

Depois de longos três anos, conseguimos bolsas integrais e viemos para Londres, isso já faz um pouco mais de um ano. Ele deixou dinheiro para que seu irmão não passasse necessidades e disse que logo voltaria, mas depois de alguns meses aqui eles perderam o contato, Baekhyun ficou desolado, mas ele jura, que o dia que terminar a faculdade ele vai voltar para procurar seu irmão.

Nós fazemos design de interiores, só faltam mais três anos para a faculdade terminar, e eu sempre disse que voltaria com ele e montaríamos e nosso próprio escritório.

Mas agora eu me encontro na praia, acariciando as costas daquele que é o único que pode me fazer mudar de ideia. O único que eu quero mostrar meus sentimentos, mas eu sei que não posso, ele não aceitaria. Ele não me amaria. E eu não posso dizer o quanto me apaixonei por ele nessas poucas semanas que passamos juntos. Foi como aquela coisa clichê que filmes idiotas chamam de amor à primeira vista. Primeiro o desejo de tê-lo me consumiu, e agora, algo que eu nem sei explicar, me diz que jamais poderia ficar sem ele.

— Sehun, temos que voltar para o carro. Podem nos pegar aqui. – dizia próximo ao seu ouvido dando vários beijinhos na área.

— Só mais um pouquinho.

— Amor, vai amanhecer em poucas horas, e nós temos que nos vestir antes que alguém apareça.

Ele se virou para mim com um sorrisinho de canto e um olhar que eu não conseguia decifrar.

Não consegui evitar deixar minha cabeça cair pro lado ao perguntar:

— O que foi?

— Você me chamou de amor.

— Não.

— Chamou sim. – ele começou a beijar meu pescoço e subir em cima de mim, o que era torturante pois ainda estávamos nus e não poderíamos fazer mais nada por hoje.

— Que seja, vamos levanta.

Nos vestimos, recolhemos tudo e voltamos para o carro. Eu tinha uma caminhote Toyota bem antiga, comprei logo que cheguei aqui, em uma feira de usados.

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