Capítulo 1

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                       Oh Vida!
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Só podia ser maldição, não é possível que tudo o que eu tenha conquistado na minha vida tenha acabado. Eu tinha tudo nas mãos, uma melhor amiga, um namorado, um emprego e um apartamento. Seria macumba? Olho gordo? Eu não consigo acreditar.

Eu namorava o Nick a quatro anos, estávamos pensando em nos casar e até mesmo ter um filho, mas da noite para o dia eu descubro que ele estava tendo um caso com a minha melhor amiga, Alice.

Como eu fiquei?

Imagine você chegar cansada do trabalho e mesmo assim ficar com o seu namorado no pensamento o dia inteiro, aí você resolve fazer uma surpresa para ele e quando chega na casa dele a única coisa que você vê é sua melhor amiga rebolando e gemendo loucamente em cima dele.

Admito que tentei matá-los, mas resolvi deixá-los vivos para que se culpem pelo resto da vida e sejam felizes. Resolvi seguir em frente com meu ego altamente ferido, tudo o que eu precisava naquele dia era cair na cama e apagar. Assim que acordei pela manhã eu ainda estava extremamente mal, mas pelo menos tinha meu emprego, por enquanto.

Eu trabalhava em uma empresa de material de construção, não era nada muito grande mas pelo menos eu conseguia me manter. Meu apartamento não era lá grandes coisas também mas pelo menos eu tinha um lar. Contudo, eu estava em mais um dia de trabalho quando inesperadamente meu chefe me chamou na sala dele.

O lance era esse: meu chefe tinha uma queda por mim mas eu nunca fui capaz de ter nada com ele, até porque eu estava com o filho da puta do Nick e era incapaz de traí-lo. O Sr. Howard, meu chefe, era um verdadeiro Deus Grego, e em pensar que eu o deixei passar por causa de Nick me deixa possessa de raiva. Em pensar que eu nesse momento poderia estar escorregando meus dedos pelos gomos de sua barriga e me deliciando em sua boca.

Argh! Não gosto nem de pensar!

Mas então ele tentou uma última vez, mas tudo estava tão recente e por eu ainda estar digerindo tudo eu não consegui ir pra cama com o Sr. Howard, e por injusta consequência disso eu fui demitida. Pois é, né. E como se já não estivesse tão ruim, assim que eu cheguei em casa, um aviso de dispensa estava colado em minha porta.

Aí vocês se perguntam: como isso aconteceu se você trabalhava?

Sim, eu trabalhava, mas além de traíra Nick era sangue-suga.

Aquele filho da puta.

Eu não consigo acreditar em como eu pude ser tão cega a ponto de dar praticamente todo o meu salário para ele! Enquanto eu me matava de trabalhar naquela empresa ele gastava todo o meu dinheiro com aquela vagabunda, e ainda ia na minha casa com a maior cara de amiguinha fiel. Eu contava tudo para ela, e ela apenas se aproveitava disso para ficar ainda mais com Nick.

Resumo: eu dava todo o meu dinheiro pra ele e sempre adiava o pagamento do apartamento.

E agora eu estou aqui, sentada no sofá com o aviso em mãos. Tenho apenas três dias para arrumar um emprego. Até que o Sr. Charles foi bonzinho, ele podia ter me posto para fora no mesmo dia.

Mas é como a minha vó sempre dizia: Nada é tão ruim que não possa piorar.

E a essa altura do campeonato eu não duvido de mais nada, de mais nada mesmo! Eu estava tão fodida que nem me importaria se o Sr. Charles viesse aqui e me mandasse pra rua na mesma hora. Ou se um ladrão entrasse aqui e roubasse o pouco que eu tinha, e ainda de brinde levasse meu corpo para jogar dentro de uma lata de lixo qualquer.

Oh Deus. Por quê és tão cruel com vossa filha? Não poderia dar-lhe um pouco de alegria? Nem que seja só um pouquinho?

Não. Ele não pode.

Merda... como vou arrumar um emprego em três dias? -resmunguei para mim mesma enquanto colocava a cabeça entre as mãos.

Respirei fundo.

Não vou me dar por vencida. Mais do que nunca agora eu preciso ser forte. A dispensa não está totalmente vazia e eu ainda tenho o dinheiro da minha demissão.

Levantei e caminhei até a cozinha. Abri os velhos armários de madeira e observei o que havia lá. Fui até a geladeira e o armário da dispensa fazendo a mesma verificação.

— É, da pra manter. -dei de ombros.

Ainda que eu quisesse eu não poderia dar o dinheiro da demissão, eu até tentei, mas creio que ele seja muito pouco para pagar cinco meses de aluguel.

Filho da puta! -gritei jogando um copo na parede.

De plástico claro, não posso me dar ao luxo de ficar quebrando copos de vidro.

A verdade era que eu estava me culpando imensamente por ter me envolvido com Nick, me culpando por amá-lo tão cegamente, e toda vez que penso naqueles dois o arrependimento me bate por não ter matado eles. Mas eu poderia ser presa, então eu resolvi deixá-los.

Eu deveria ter contratado um matador de aluguel!

Ah é sua jumenta, o cara é matador de aluguel quem sabe o que pode fazer depois, ele pode achar o dinheiro pouco e até te matar também. -disse meu subconsciente.

— É, tem razão. -eu disse em voz alta.

Uma particularidade minha: eu falava muito sozinha.

Mas se pensam que vou ficar me lamentando porque um filho da puta me traiu e me roubou estão muito enganados. Amanhã mesmo vou pular bem cedo e procurar um emprego, nem que seja de garçonete -embora o meu currículo não seja apropriado para isso- mas eu vou tentar. Loja de roupas, sapatos, lavadora de pratos qualquer coisa, vou dar a volta por cima ainda e quando isso acontecer eu vou rolar no chão de tanto rir.

— Vamos ver quem é Charlie fracassada agora. -eu disse sorrindo com o pensamento longe.

Deixei o aviso de dispensa encima da mesinha de centro e caminhei até meu quarto, deixei os calçados ao lado da porta e me despi, tomei um banho quase relaxante. As preocupações me rondavam e pra falar a verdade eu estava morrendo de medo de perder o meu larzinho. Mas sei que isso não irá acontecer.

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